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Estes ‘plurais’ estão corretos – folders, folder’s, fôlders ou fôlderes? O que está em Inglês? E em Português?

Um instante, caro visitante, lembremos alguns vocábulos cujos plurais podem oferecer dúvida. É preciso, rigorosamente, ser observada a terminação da palavra, respeitada a exceção.

Qual o plural de ‘álcool’? Numa turma do terceiro-ano do segundo grau, há alguns anos, nenhum aluno o fez corretamente. Ao fazer a correção, explicando: palavra terminada em AL, EL, OL e UL perde o L e ganha IS – animal, animais; papel, papéis; anzol, anzóis; azul, azuis; paul (pa-ul é brejo, e não o nome Paulo em Inglês) faz pa-uis. A terminada em IL, se classificada em oxítona – pueril, infantil, funil, barril, perde o L e ganha, apenas, S: pueris, infantis, funis, barris; a paroxítona – fértil, difícil, fácil, projétil – perde IL e ganha EIS: férteis, difíceis, fáceis, projéteis. Já encontrei a grafia ‘difícieis‘, que é injustificável. Então, leitor, ‘álcool’ faz ‘álcoois’, o que muita gente não conhece. Já encontrei quem questionasse: Essa forma é correta? Por que todo mundo usa ‘álcools‘? Estranho! Se assim fosse, teríamos ‘os anzols, os paiols’ etc.

Outras palavras: mel faz méis, ou meles (esta forma é exceção), assim como ‘o mal’ não pode fazer ‘os mais’. Pense nisso. Faça ‘os males’. Cônsul, cônsules. Em nenhuma hipótese, use ‘cônsuis’, porque fere a Ortoépia, que trata da boa pronúncia no campo da Fonética. Fixemos estes exemplos: os álcoois (pronuncie com cuidado – ál-co-ois), os meles, os males, os cônsules.

Qual o plural de ‘caráter’? A linguagem técnica da Informática, que não é o mesmo que o internetês, usa muito, o que é correto, ‘carateres’. Devemos usar ‘os nossos caracteres são negroides’ (pronúncia aberta em oi, pois o acento agudo na antiga grafia ‘ói’ de palavra paroxítona – humanoide, trapezoide – foi abolido). Temos a família etimológica caracterizar, caracterizado; por isso, caráter, no plural, passa a ser caracteres (´).

Palavras terminadas em ÃO também merecem destaque: fazem o plural de três modos: em ãos – mãos, irmãos, órfãos, órgãos, sótãos, cristãos,  CIDADÃOS; em ães – alemães, pães, cães, capitães, guardiães; em ões (forma mais comum) – limões, balcões, bonitões, feirões, corações, pilões. Há, às vezes, dupla grafia: anão – anões ou anãos; verão – verões ou verãos. Observe estas frases em que o elemento ‘ão’ está flexionado no plural (exceto a forma verbal ‘são’): Todos os Joões Teodoro desta família nasceram em fevereiro. Os meninos desta casa são muito sãos. Os sãos-joões são mais festivos no Nordeste. Os joões-de-barro são aves canoras.

Não seria preciso, agora, usar todo o tratado da flexão de número dos substantivos, mas ainda é viável lembrar casos como a palavra ‘hífen’: hifens (no plural, o acento agudo cai), que faz também hífenes; cânon, cânones; abdômen, abdomens (compare com a grafia homens) ou abdômenes (ainda existe abdome, abdomes). Lembrete: o real (nosso dinheiro antigo, de 1947, para se diferenciar do plural do adjetivo ‘real’, optou por ‘réis’ – dois mil réis (no popular, dois minréis), hoje, temos Real, que faz Reais (prefiro a grafia em maiúscula).

Agora, sim – todos os vocábulos terminados em R fazem o plural com o acréscimo de ES: repórter, repórteres; revólver, revólveres (não confunda este com o verbo re-vol-ver); éter, éteres; açúcar, açúcares; éster, ésteres. Note que uma palavra com duas sílabas no singular (é-ter), no plural (é-te-res), passa a ter três; a de três (a-çú-car), quatro (a-çú-ca-res). Isso é importante para a grafia e a pronúncia corretas.

A lista de vocábulos terminados em R é longa (ditador, ditadores) e não cabe citá-la. Nosso debate está em torno de vocábulos exóticos, ou estrangeirismos, que se incorporaram ao Português: na grafia aportuguesada, devemos usar ‘bâner, hâmster, fôlder, contêiner’ etc., por isso, os plurais devem ser ‘bâneres, hâmsteres, fôlderes, contêineres’.

Se escrevermos ‘folder, folders’, estaríamos usando a grafia inglesa; se usarmos ‘fôlders’, não temos nem a inglesa (que não usa o acento circunflexo) nem a portuguesa – o plural não pode ser em RS); se usarmos ‘folder’s’, não se trata de plural – como alguns pensam; trata-se do caso dativo, isto é, ‘of folder’ (do fôlder) em Inglês. O hábito de usarem DVD’S como plural não tem fundamento gramatical. Usemos CDs, DVDs, PMs etc.

Logo, seguindo a terminação do vocábulo em R, com em ‘ar, ares; lugar, lugares’ etc., devemos usar as grafias ‘os bâneres, os fôlderes, os contêineres, os zíperes, os hambúrgueres’. Não há outro caminho – seguimos a regra gramatical gráfica e foneticamente, pois os vocábulos foram incorporados ao nosso idioma.

Para terminar, e obrigado por ter chegado ao fim do texto, fico pensando por que alguém pronuncia ‘restorante’. O Francês diria ‘restorrã’, e nós, que escrevemos restaurante, assim como temos os termos ‘restaurar, restaurador’, devemos pronunciar ‘res-tau-ran-te’. Uma repórter, divulgando as Olimpíadas, disse que havia ‘206 países diferentes’. Poderiam ser ‘206 nações iguais’?

Volte, que vamos conversar mais.

 

 

 

João Carlos de Oliveira

One Comment

  1. Olá! Realizei um concurso e perguntava os plurais das palavras. A alternativa incorreta era que fôlder não se inscreve fôlderes. Agora fique na dúvida se é correto colocar no plural fôlders ou fôlderes?

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