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Futuro do subjuntivo: Se ele ‘fazer’? (fizer). Pretérito imperfeito do subjuntivo: Se ele ‘fazesse’? (fizesse)

A conjugação de verbo irregular pode causar incerteza, e usuários há que nem ao menos internalizaram a forma correta de muitos verbos no modo subjuntivo, cujos tempos – presente, futuro e pretérito imperfeito -, que são derivados, têm levado ‘boa sova’.

O conjunto dos tempos simples, nos três modos verbais – indicativo, subjuntivo e imperativo -, soma o total de 11 (onze) modalidades, a partir do infinitivo impessoal, excluídos o infinitivo pessoal, o gerúndio e o particípio.

Tomemos o verbo fazer, irregular, citado na introdução deste comentário. O presente do indicativo é primitivo – faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem. A forma verbal da primeira pessoa, no singular (faço), excluída a desinência verbal número-pessoal (‘o’, que indica ‘eu’), é o radical gerador do presente do subjuntivo – que eu faça, faças, faça, façamos, façais, façam. O verbo refazer, composto de fazer, segue a mesma regra – refaça, refaças etc.

Essa ‘trajetória’, se conhecida, evitará que o usuário diga “Ela quer que eu faço um contrato”. Arranha nosso ouvido quando diz “Ela quer que eu vou também”. Por dedução, se o contexto exige ‘faça’, o bom ouvido diria ‘vá’. Essa linguagem ruim não é incomum.

O pretérito perfeito (do indicativo) é usado em abundância: eu fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram. Nesse momento, a flexão da terceira pessoa do plural (fizeram) se torna básica para outros tempos: excluída a desinência modo-temporal (e número-pessoal) RAM, tem-se o radical para o pretérito mais-que-perfeito (acrescido de outra desinência modo-temporal RA): eu fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram. Tenha cautela: a terceira pessoa do plural (eles), tanto no verbo irregular como no regular,  – no pretérito perfeito e mais-que-perfeito do indicativo -, é sempre igual: fizeram, amaram. Essa mesma dificuldade acontece com verbos regulares na primeira pessoa do plural no presente e pretérito perfeito do indicativo: eu amo… nós amamos; eu amei… nós amamos. O contexto fará a diferenciação de cada caso. O Português de Portugal usa o acento agudo como diacrítico, que no Brasil não é usado, para individualizá-los: nós amamos (presente), nós amámos (pretérito perfeito). Aprendi essa diferença depois de anos lecionando Português, como também passei a distinguir ‘atual’ (nossa grafia) e ‘actual’ (a grafia portuguesa). Não se trata de ‘nós vimos’, no presente, e ‘nós viemos’, de vir, no passado perfeito.

O pretérito imperfeito do indicativo é derivado do próprio verbo, o infinitivo impessoal, anexada a desinência verbal ‘ia‘: eu fazia, tu fazias etc. Puxando o cavaco para a fogueira, lembremos ‘nha’ para ‘vir’: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham. Mas essa grafia requer distinção; não se deve usar ‘vinher’ no lugar de ‘vier’.

Os futuros do presente e do pretérito são derivados também do infinitivo impessoal juntadas as respectivas desinências (ei, presente, e ia, passado): eu farei, farás, fará etc.; eu faria, farias, faria, faríamos etc. Lembrete: o verbo e seu composto cuja grafia tenha ‘ze’ (fazer, refazer; dizer, redizer), nesses tempos, perdem-na, motivo pelo qual não se usa ‘fazerei, redizerei’, como pode acontecer.

Flexionamos os tempos simples do indicativo: eu faço (presente), eu fiz (pretérito perfeito), eu fazia (pretérito imperfeito), eu fizera (pretérito mais-que-perfeito), eu farei (futuro do presente), eu faria (futuro do pretérito).

Voltemos ao modo subjuntivo: presente – que eu faça (derivado da forma ‘faço’). O futuro do subjuntivo é formado do radical ‘fize’ (menos RAM) da pessoa ‘eles’ do pretérito perfeito do indicativo com o acréscimo da desinência modo-temporal R e suas flexões: se eu fizer, fizeres (…), se eles fizerem. ‘Se’, conjunção subordinativa adverbial condicional, é usada pelo fato de o enunciado exprimir dúvida, incerteza… Caso o contexto indique ‘tempo’, passa-se a usar ‘quando’, conjunção subordinativa adverbial temporal: quando eu fizer… Se o usuário optar por ‘Quando eu fazer‘, sua redação fará tremer o muro, da visão ‘trumpista’, a ser erguido entre os EUA e o México.

Que tempo não foi flexionado? O pretérito imperfeito do subjuntivo, que, infalivelmente, para o verbo regular como para o irregular, fica obrigado a usar a desinência modo-temporal SSE, acrescida da respectiva desinência número-pessoal: se eu fizesse, se tu fizesses… se nós fizéssemos, fizésseis, fizessem. SS e SC: Você teria dúvida em diferenciar ‘descêsseis‘ de ‘dezesseis‘, comparados com ‘dissésseis‘? ‘Desceram’ (menos RAM) gera ‘se vós descêsseis‘ (descer). ‘Disseram‘ (menos RAM) dá ‘se vós dissésseis‘ (dizer), em ambos os casos usada a desinência SSE. E ‘dez’ mais ‘seis’, juntos, com o acréscimo da vogal de ligação E, formam ‘dezesseis‘ (o numeral 16).

Oportuno lembrar-lhe que ‘pretérito perfeito‘ tem o sinônimo ‘passado perfeito‘. O uso de uma forma ou outra depende de cada estilo.

Gostou da ‘aula’? Quando eu a fizer melhor, se eu a fizer melhor, se eu a fizesse melhor… Se você vier aqui amanhã… ‘Se’ é conectivo poético: vale a pena a leitura do poema ‘Se’, do poeta inglês Rudyard Kipling, e de ‘Se eu morresse amanhã’, do nosso Álvares de Azevedo.

Se pude ajudá-lo, muito obrigado.

João Carlos de Oliveira

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