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Nutricionista e nutrólogo. Quais suas funções? O que os difere?

A Semântica, parte da Gramática Histórica e da Gramática Normativa, pode-nos deixar alguma dúvida, e isso precisa de esclarecimento.

O que faz um nutricionista? O que o diferencia do nutrólogo?

As duas profissões estão em evidência no mundo moderno, em que dietas e funções alimentares que envolvem a nutrição humana preocupam a todos. A nutrição é fator fundamental nos cuidados com o organismo, ou na absorção dos nutrientes necessários a seu adequado funcionamento. Nem toda alimentação proporciona boa nutrição, nem todo ser humano está bem nutrido. Esses profissionais são inteiramente capazes de explicar, explicitar e detalhar esses princípios.

Convivendo com uma nutricionista, perguntei-lhe, por curiosidade, a diferença entre o nutricionista e o nutrólogo, e ela demorou a dizer alguma coisa, um pouco pensativa, e sem convencer o consulente.

Pareceu, nas suas entrelinhas, que um profissional não comunga a função do outro. Mas é sabido que as suas profissões se complementam. O fato de disputarem ou não o mercado de trabalho, se é que existe, não é item deste comentário.

A análise busca o significado dos dois vocábulos.

Numa análise xucra, como base no sufixo ‘ista’, o nutricionista cuida da quantidade de calorias que o ser humano pode e/ou deve ingerir diariamente, o valor dos alimentos, a qualidade etc. Assentado nesse patamar, sabe dizer os tipos de nutrientes que vão fazer parte do cardápio diário, por exemplo, para que os funcionários de uma empresa tenham a alimentação adequada.

No mesmo nível da análise, com base no sufixo ‘logo’, o nutrólogo é o estudioso do valor dos alimentos. Sabe ele dizer que alimento e quantidade um ser humano, pelo seu biotipo (biótipo), deve ingerir, diagnosticando benefícios ou males da alimentação.

Haveria comparação melhor?

O nutrólogo determinaria a seu paciente o alimento com menos colesterol etc. para que, certamente, aumente o colesterol bom e diminua o ruim.

Teria sentido dizer que nutricionista e nutrólogo estão, simetricamente, separados assim como estão psicanalista e psicólogo? Freud responderá? Ficaremos satisfeitos?

Ambos os profissionais estão envolvidos com a nutrição, que poderia ser definida: ‘conjunto de funções orgânicas de introdução, utilização e transformação de substâncias plásticas e energéticas (alimentos, gases respiratórios) por um organismo’, dicionário Larousse Escolar de Língua Portuguesa.

O mesmo dicionário diz: nutrição, ‘estudo dessas funções no ser humano, que constitui a carreira de nutricionista’. E agora? A nutrição é parte da atuação do nutricionista e do nutrólogo, ou menos deste e mais daquele?

Eis a questão.

Nutricionista: 1. ‘aquele que se dedica ao estudo da alimentação’. 2. ‘pessoa encarregada de adaptar o regime alimentar às necessidades específicas de um indivíduo’. Há outros itens que o definem. O nutricionista, também, é comparado ao dietista.

Nutrólogo: ‘médico especialista em nutrologia’. Somente, isso; nada mais. A visão semântica do dia a dia não entenderia que o nutrólogo é médico. A definição é altamente sucinta; adiante, porém, esclarece que nutrologia é o ramo da Medicina que se ocupa da nutrição.

O aspecto semântico, mais uma vez, precisa ser destacado: nutrir vem do Latim ‘nutrire’, com o mesmo significado que usamos hoje. O vocábulo nutrologia recebe os seguintes elementos: nutr(ire)+logo+ia. Lembra este comentarista que faltou mencionar a presença, no meio do caminho, da vogal de ligação ‘o‘: nutrologia (nutr+o+logo+ia).

Em outro momento, nosso ‘mestre’ (o léxico) diz taxativo que nutricionista é aquele que se ocupa do nutricionismo. E que nutricionismo é ‘estudo e investigação sistemática dos problemas da nutrição’.

Para um leigo, as definições se complicam. Pela internet, o Conselho dessa área médica que abrange a ambos dá definições claras e boas sobre a função de cada profissional. E diz que o nutrólogo pode receitar medicamentos, e o nutricionista, não. Nutrólogo, também chamado nutrologista, é o especialista médico que estuda, pesquisa e avalia benefícios e malefícios causados pela ingestão de nutrientes.

Agora, sim, um ponto está esclarecido.

Assim, vemos que pode existir deficiência alimentar, como a avitaminose, de que o nutrólogo sabe cuidar, ou o excesso.

Na necessidade urgente, alguém com deficiência alimentar procuraria o nutricionista ou o nutrólogo? Que profissão seria mais condizente com o aspecto alimentar de um povo?

Não vai ser preciso ir muito longe. Ambos são profissionais importantes, mas a tendência é dizer que o nutricionista teria visão prática da alimentação, e o nutrólogo seguiria o caminho científico da importante função de deixar uma pessoa, até um povo, bem alimentado.

Fiquemos por aqui.

Paralelo: o soldado norte-coreano desertor, que abandonou o veículo na fronteira, quase atingido por tiros dos companheiros, entrando na Coreia do Sul, e agora se encontra refugiado e sob cuidados médicos, segundo a reportagem, tem problemas pulmonares (tuberculose) e vermes intestinais, que esses entraves não seriam tão-somente emocionais, relativos ao estresse da função como soldado, ademais norte-coreano. Como seria o parecer em relação ao estado alimentar desse soldado: de um lado, o do nutricionista, e de outro, o do nutrólogo? Ambos vão estar juntos? Em outros momentos, numa nação como o Brasil, se detectada a deficiência alimentar, esses profissionais trabalhariam juntos?

Parece que o pobre soldado desertor, naquela nação, não foi cuidado por nutricionista, muito menos por nutrólogo.

Fica a questão aos cuidados da OMS.

Pausa: 1. Um jovem falava sobre o ato de se manter relação sexual com alguém, e escreveu ‘tranzar’. Apesar do bom som, essa grafia não existe. Estão no mesmo patamar: trânsito e transado. O s do elemento ‘trans’ tem a pronúncia do fonema ‘cê’, como em ‘transcrever’, em todas as palavras em que ‘trans’ não é seguido de vogal. Transcurso, transplante, transformação, translúcido etc. A relação é extensa. E passa a ter a pronúncia do fonema ‘zê’ nas palavras em que depois de ‘trans’ se segue uma vogal: transa, transação, transe, transar, transandino (situado após os Andes), transatlântico, trânsito, transitivo, transudar. Atenção: em transubstancial o s, que vale para um e outro elemento, respeita a pronúncia normal de substancial. A grafia apontada pelo jovem foi um lapso: a correta é transar. O idioma é que nos prega peças inoxidáveis. Deixe ‘ele com nós’. Deixemo-lo conosco até que aprendamos tudo que ele quer, talvez, daqui a cem anos, quando tudo estará mudado! 2. Pessoa letrada disse que fulano ‘duou’ seu bens a uma entidade filantrópica. Pronúncia é pronúncia. Certamente, quereria dizer ‘doou’, de doar. O iletrado, com razão, disse que quereria ‘adoar’ seu bens à esposa antes de ele falecer. ‘Adoar’ é o mesmo que doar. 3. Mal-estar, não ‘mau estar’ ou ‘mal estar’. Existe ‘bem-estar’.

Abraços, meu amigo. Quando nos vamos encontrar novamente?

 

 

João Carlos de Oliveira

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