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Presente do subjuntivo, um tempo verbal derivado

Muitos sabem disso, mas é de suma importância repeti-lo.

Conjugue um verbo na primeira pessoa do singular no presente do indicativo.

A partir da grafia correta, use ‘que’ antes do pronome e mude a desinência da pessoa ‘eu’, que comumente termina em ‘o’, para E ou A.

Verbos da primeira conjugação, da segunda e terceira, o verbo pôr e um dos seus derivados (contrapor).

Amar e cantar, verbos regulares.

Eu amo. Que eu ame… (continue com as outras pessoas verbais).

Eu canto. Que eu cante…

Como saber da mudança da desinência pessoal ‘o’ para a desinência modo-temporal ‘a’ ou ‘e’, nesse tempo?

A regra é da Gramática Normativa, determinando que verbo da primeira conjugação no presente do subjuntivo tem a desinência modo-temporal ‘e’; os das demais conjugações, ‘a’.

A flexão completa dos dois verbos acima no presente do subjuntivo:

Que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.

Que eu cante, que tu cantes, que ele cante, que nós cantemos, que vós canteis, que eles cantem.

Verbos da segunda conjugação: correr, perder.

Eu corro… Que eu corra, que tu corras, que ele corra, que nós corramos, que vós corrais, que eles corram.

Eu perco… Que eu perca, que tu percas, que ele perca, que nós percamos, que vós percais, que eles percam.

Observe bem a forma verbal da terceira pessoa do singular (perca), que vale para ‘ele, ela, você’. Repita para você mesmo(a) que essa forma verbal não é um substantivo.

Que ele (não) perca a vez… (temos o verbo).

Que ele (não) sofra uma grande perda (temos o substantivo).

Isso lembra que a linguagem popular, às vezes, usa ‘perca’, a forma verbal, como substantivo, o que constitui um erro gramatical, incluindo a grafia e a semântica.

A senhora sofreu uma perda na família. Não use ‘uma perca’.

A frase Ela sofreu a perca do primeiro filho é popular, para dizer que houve um aborto natural.

Mas a grafia é perda. Ela sofreu ‘a perda’ do primeiro filho.

Verbos da terceira conjugação: medir, pedir.

Eu meço… Que eu meça, que tu meças, que ele meça, que nós meçamos, que vós meçais, que eles meçam.

Eu peço… Que eu peça, que tu peças, que ele peça, que nós peçamos, que vós peçais, que eles peçam.

Lembremos: verbos da segunda e terceira conjugações têm a mesma desinência modo-temporal no presente do subjuntivo (‘a’).

Por isso, o verbo ir em ‘eu vou’ passa para ‘que eu vá’. Continue: que tu vás, que ele vá, que nós vamos, que vós vades, que eles vão.

Nesses casos, acontecem os homônimos perfeitos: peça, forma verbal, e ‘a peça’, substantivo, com amplo significado.

Vão, um substantivo, com vários significados, e vão, forma verbal para dois tempos: presente do indicativo e presente do subjuntivo, mas o contexto é fundamental para deixar clara a maneira correta de usá-los.

O verbo ‘pôr’ (com acento circunflexo para diferenciá-lo da preposição ‘por’) e seus derivados (apor, contrapor, expor) não constituem a quarta conjugação, como se chegou a dizer até em gramáticas de outrora, mas uma irregularidade da segunda conjugação, porque a base do verbo pôr é ‘ponere’, em Latim, que deu ‘poer’ em Português arcaico, que chegou à grafia de hoje.

Temos um verbo irregular da segunda conjugação, que sofreu metamorfose, por essa razão a desinência modo-temporal (que indica o presente do subjuntivo) é ‘a’. Lembremos, ainda, que esse verbo é da família etimológica de poente, o pôr do Sol, que já se grafou ‘o pôr-do-sol’.

Eu ponho… Que eu ponha, que tu ponhas, que ele ponha, que nós ponhamos, que vós ponhais, que eles ponham.

Eu contraponho… Que eu contraponha, que tu contraponhas, que ele contraponha, que nós contraponhamos, que vós contraponhais, que eles contraponham.

Observe a grafia de contrapor no presente do subjuntivo, ‘comprida’, mas se trata da forma correta de usar, sem hífen, portanto.

São esses os pontos básicos para se conjugar corretamente um verbo no presente do subjuntivo, a fim de que não haja incorreções gramaticais ou grafias errôneas.

Diferencie as desinências pessoais no presente do indicativo das desinências modo-temporais.

Verbo amar: eu am-o, tu ama-s, ele am-a, nós ama-mos, vós ama-is, eles ama-m.

Reveja: o indica a pessoa eu. Compro, vendo, saio, faço, digo. Por isso, é opcional você escrever ‘eu faço’ ou ‘faço’. No caso, ‘eu’ não se torna um sujeito obrigatório na escrita da frase, tornando-o oculto ou elíptico.

Note: s indica a pessoa tu. Compras, vendes, sais, fazes, dizes.

A terceira pessoa do singular, nesse tempo, não tem desinência própria. O que a indica é a ‘falta’ de outra desinência e por que não existe uma ‘igual’ às citadas. Mas atenção: mudando o tempo para outro (pretérito perfeito do indicativo, por exemplo) passa a haver uma desinência pessoal própria: ou, eu, iu (amou, comprou, vendeu, saiu), ou uma grafia especial: fez, disse.

Em ‘ele ama’ o ‘a’ final é a vogal temática do verbo da primeira conjugação.

Nesse momento, o bom senso é fundamental para se chegar à forma correta de grafar o verbo, ou ainda, a eufonia da palavra (a boa pronúncia da escrita).

Cremos que o usuário não vai dizer ‘Eu ponhei os objetos sobre a mesa’. Deve usar ‘eu pus…’, grafando S e não Z. Não existe eles puzeram, mas eu pus, tu puseste, ele pôs, nós pusemos, vós pusestes, eles puseram.

As desinências modo-temporais do presente do subjuntivo devem ser repetidas para que fiquem bem entendidas:

Verbos da primeira conjugação têm E, seguida das desinências pessoais:

Que eu am-E, que tu am-Es, que ele am-E, que nós am-Emos, que vós am-Eis, que eles am-Em.

Os das segunda e terceira conjugações, a desinência modo-temporal A, seguida das pessoais.

Que eu dig-A, que tu dig-As, que ele dig-A, que nós dig-Amos, que vós dig-Ais, que eles dig-Am.

Vamos conjugar verbos sem separar as desinências. Você já sabe quais, inclusive pelo seu conhecimento, e as teria confirmado aqui. Fica fácil notá-las em cada caso:

Que eu cante, que tu cantes, que ele cante, que nós cantemos, que vós canteis, que eles cantem.

Que eu faça, que tu faças, que ele faça, que nós façamos, que vós façais, que eles façam.

Que eu meça, que tu meças, que ele meça, que nós meçamos, que vós meçais, que eles meçam.

Que eu ponha, que tu ponhas, que ele ponha, que nós ponhamos, que vós ponhais, que eles ponham.

 

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João Carlos de Oliveira

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