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Vocábulo terminado em U só pode levar acento agudo se contiver um hiato: ja-ú

Outra forma de se dizer essa regra: somente vocábulo oxítona terminado em U com hiato, seguido ou não de S, pode ser acentuado  graficamente (usado o acento agudo).

O vocábulo deve ter hiato e, no mínimo, duas sílabas, como o exemplo clássico: ba-ú.

Cru, nu, no singular; crus, nus, no plural, jamais podem ser acentuados, por serem monossílabos, assim como grau, graus, mau, maus, nau, naus, pau, paus.

Angu, guru, ragu etc. também não recebem o acento por não terem hiato, apesar de serem palavras oxítonas.

Vocábulos acentuados porque têm hiato.

Acaraú, cidade cearense.

Grajaú (bairro carioca).

Crateús (cidade do Ceará).

Anhangabaú (famoso viaduto na capital paulista).

Pode haver termos regionais conhecidos em cada canto deste País, com sua devida grafia, considerada correta, terminados em U que não levam o acento agudo.

Corumbau, região de praia aqui perto, ao lado de Cumuruxatiba, no Prado, é um exemplo.

Outras palavras oxítonas terminadas em U, seguidas ou não de S, que não devem ser acentuadas (por não haver hiato).

Babau, babaus.

Bacalhau, bacalhaus.

Bacurau, bacuraus.

Berimbau, berimbaus.

Cacau, cacaus.

Calhau, calhaus.

Cambau, cambaus.

Capiau, capiaus. (Atenção: feminino capioa, no singular, e capioas, no plural.)

Catatau, catataus.

Degrau, degraus. Nunca use ‘degrais’, pois a grafia no singular não é ‘degral’.

Garajau, garajaus (espécie de cipó, ou nome de lugar).

Jirau, jiraus.

Luau, luaus.

Macau, um País. Para ser usado o plural Macaus, tomaríamos o nome do lugar figuradamente, os dois Macaus, os vários Macaus, ou havendo algum objeto ou produto assim chamado.

Piau, piaus (o peixe, ou raça de porco).

Se numa região é usada a grafia Marau, palavra pronunciada em duas sílabas (Ma-rau), o termo não leva acento agudo, mas se a pronúncia é diferente, como existe a Bacia de Maraú, no Baixo-Sul Baiano, a palavra leva o acento agudo: Ma-ra-ú, por haver um hiato.

Palavras oxítonas não-acentuadas porque terminam em ditongo decrescente: min-gau, min-gaus.

Outros vocábulos terminados em U não acentuados, por não haver hiato, tanto no singular como no plural: beiju, caju, eixu (exu), Eixu (Exu), enxu ou Enxu, Gandu (cidade baiana), guandu (o popular andu, leguminosa comestível, tipo de ‘feijão’ muito cultivado no NE), peru etc.

Essa relação é extensa, e ainda há dúvidas quanto ao uso do acento gráfico, o agudo, que não pode ser usado para esses casos. Apenas, a pronúncia é forte, em se tratando de palavra oxítona, terminada em U, mas não existe hiato.

O leitor deve conhecer termos regionais de cidades, empresas, órgãos etc., nomes próprios com duas, três ou mais sílabas, que não devem ser acentuados: Aratu, Iaçu, Itamaraju, Paraguaçu, Pindobaçu.

Note a grafia Lagoa de Mundaú, que existe em Estado do Nordeste.

Relacione adjetivos ou substantivos terminados em U, seguidos ou não de S (sem acento gráfico).

Andu, andus, anu, anus, babaçu, babaçus, brucutu, brucutus, guru, gurus, hindu, hindus, mulungu, mulungus, peru, perus, pitu, pitus, tatu, tatus, umbus, umbus.

Mesmo se o nome for em família, Dudu, Xuru, não deve levar o acento, a não ser que tenha sido registrado Dudú, por conveniência, como marca registrada, ou por engano, deve continuar.

Sabemos que a marca de uma bebida é Pitú, assim registrada, que devemos respeitar, e continua; mas se o nome se refere ao crustáceo, simplesmente, deve ser pitu, no singular, e pitus, no plural.

Nomes como cuscuz, obus (arma bélica), pus (líquido pútrido que sai de uma ferida, em linguagem popular), e outros, nada têm a ver com essa regra. Não confunda, portanto, não use as grafias cuscúz e obús.

Os exemplos acima estão no singular; no plural, devem ser escritos com o acréscimo de ES: cuscuzes, obuses, (os) puses, mesmo que pareça estranho, por serem pouco usados no plural. A regra, entretanto, deve ser seguida.

O cuidado é necessário, a fim de não cometermos gafes.

Ficamos por aqui. Basta.

Como adoro o haicai, pequeno poema de uma estrofe com três versos (cinco sílabas poéticas, um pentassílabo; sete sílabas poéticas, um heptassílabo, ou septissílabo; e outro pentassílabo), na forma clássica, lá vai mais um aqui para temperar o momento:

Tenha paciência

que tudo na vida passa

com resiliência.

 

Obrigado. Abraços.

 

 

 

 

João Carlos de Oliveira

João Carlos de Oliveira, professor jubilado, advogado com OAB-BA e OAB-MG, poeta, membro-efetivo da Academia Teixeirense de Letras (ATL), de Teixeira de Freitas, BA. Autor de várias obras de poesia, como O dia que nunca acaba, Colóquio com o Silêncio, e Crônicas do vovô. Em 2024, obteve o primeiro lugar no Concurso Flip Tchê, categoria Poesia, com o texto Tresloucado Poema Abstrato. Tem tido boas colocações na versão interna da ATL, cujo site divulga autores premiados.

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