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Sobre (o) que você vai escrever hoje? Pergunta alguém. Sobre ‘eu’. Respondo

Sobre mim, minha pessoa, não. Sobre o ‘eu’, pronome pessoal reto da primeira pessoa do singular, que tem amplo aspecto de uso. Pode ainda ser o ‘eu’ poético, o sujeito que pensa, diz e vê no dia a dia.

Esse pronome, como aprendemos, vem do termo latino Ego, que hoje tem várias conotações em uso no Português brasileiro, haja vista ser usada a expressão ‘o superego’.

O eu no primeiro dicionário que consulto, este de 1956, é isto: pronome pessoal da primeira pessoa, dos dois gêneros e do singular: eu penso. Substantivo masculino, aquilo que constitui a individualidade, a pessoa que fala: um outro eu. O ser humano considerado como consciente; a consciência: o nosso eu.

Esse dicionário nos traz um alerta: existe Heu. Assim, definido: interjeição lamentativa, do Latim Heu. S. m., o canto fúnebre, lamentação.

Expressão curiosa, já que usamos ‘eu’ de forma espantosa, o que a torna uma interjeição. Note que já ouvimos alguém dizer: Eu, hein, Rosa. Sai de mim!

Quem sabe algum escritor tenha escrito algo parecido no seu texto: Heu, Nosso Pai Eterno! Meus pais morreram no desastre!

No segundo, de 2004, ‘eu’ é: pronome pessoal, do Latim ego; forma da primeira pessoa do singular (caso reto), empregada como sujeito. S. m., o sujeito que fala, pensa ou sente, por oposição à sua exterioridade. Na Psicanálise, é sinônimo de EGO (traduzido no mesmo dicionário como ‘instância do aparelho psíquico, distinta do ID e do SUPEREGO, que permite ao indivíduo defender-se da realidade, das pulsões e dos imperativos do SUPEREGO).

Ainda: Eu, símbolo químico do európio.

No terceiro, de 2000. há isto: do Latim ego, pronome pessoal da primeira pessoa do singular. Emprega-se como sujeito ou predicativo. S. m., a entidade ou a individualidade da pessoa que fala; a individualidade metafísica da pessoa. Egoísmo, estima ou apreço do que nos é pessoal.

Mais: eu, prefixo grego que exprime a ideia de bem, bom e belo: eubiótica, eucalipto, eufonia, evangelho. Sufixo eu: exprime a naturalidade da pessoa: europeu, hebreu, plebeu; éu: exprime a ideia de diminutivo (ilhéu, mastaréu).

Por que três dicionários consultados? Para não haver dúvidas, além do fato de que cada um traz um conceito; a unanimidade ou a mesmice não é boa, e poderia ser cópia ou plágio (?).

Esses conceitos são bons, alertam-nos e orientam para que fiquemos informados.

No momento, por questão de espaço, deixemos de lado as definições de ID e SUPEREGO, termos da Psicanálise, por serem divisões do eu, também podem ser consultados pelo visitante, que tem seus conhecimentos.

O pronome eu precedido de preposição passa a ser um pronome oblíquo, que não deve ser usado como sujeito da frase, embora possamos ver redações com o modelo ‘Pediu pra mim ir com ele’.

Veja isto:

Com ‘eu’: comigo. Ele vai comigo.

Para eu: Para mim. Ele ofereceu um livro para mim.

Este livro é para mim. Se houver verbo a seguir, a redação é: Este livro é para eu ler.

Pelo fato de eu ir com ele, a mãe ficou com ciúmes.

Não se diz ‘Ele falou de eu’, mas ele falou de mim, sobre mim.

Está na hora de eu ir também com vocês (não de mim ir com vocês).

É comum a redação entre eu e ele, mas se não devemos usar ‘de eu, para eu, com eu’, também ‘entre eu’ não pode. Condenam muito quando o analfabeto usa ‘Ela falou de eu na reunião’, mas vemos na linguagem culta em abundância o clássico ‘Houve uma desavença entre eu e minha esposa’, erro grave de redação.

Houve uma desavença entre mim e minha esposa. Nada existe entre mim e ela. Não podemos levar em conta o que há de diferença entre você e mim. (Jamais, use entre você e eu.)

Existem outros lapsos, que não precisamos citar e devem ser evitados.

Só podemos usar ‘entre eu’ se houver um verbo a seguir, justamente para determinar, mostrar, provar que ‘eu’ funciona como sujeito do enunciado: Entre eu ir ou ficar, prefiro dormir (brinca o convidado a um passeio).

Os bons autores de Gramáticas Normativas trazem muitas dicas como usar ‘eu’ e ‘mim’ de forma correta. Entre eu, sem haver verbo, não pode. Entre mim (sem verbo). Entre eu (com verbo).

Vamos fechar o de hoje?

Sabemos que existe a obra famosa EU,  do poeta bissexto Augusto dos Anjos, alagoano. Li-a há muitos anos e entendi pouco. Difícil, embora retrate o nível e a visão do poeta, com vocabulário dificílimo. Vi-o pessoa pessimista, e há poemas de nível cadavérico.

O eu em outros idiomas é muito versátil.

Yo hablo un poco de Español (Eu falo um pouco de Espanhol).

I speak little English (Eu falo um pouco de Inglês).

Je suis poète (Eu sou um poeta), em Francês.

Io non parlo Italiano (Eu não falo Italiano), em Italiano.

A observação é que o Google nos ensina como escrever certas frases.

 

Fica assim por hoje.

Abraços.

João Carlos de Oliveira

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