Dimensão do Vale foi uma revista corajosa para a época, idealizada pelo professor e advogado Nide Alves de Brito. Mais tarde, prefeito da cidade por três mandatos.
Não havia recursos, a propaganda era mínima. Tudo feito na Gráfica Brasil, do amigo Amadeu Bispo, na rua Caxambu, na mesma cidade.
Serviço manual, pesado, letra por letra, que ‘empastelava’, o serviço árduo, para refazer o texto, a composição e sair a contento, o que poderia demorar de dois a três dias.
Textos redigidos a mão, alguns datilografados.
Foram quatro companheiros.
João Carlos de Oliveira, professor, ainda terminando o Curso de Letras, como redator-chefe.
Ainda jovem, aos 24 anos, foi o primeiro colocado no concurso literário organizado pela ACIAPEN, de Nanuque, em 1970. Título da obra premiada: A Cor do Sangue Frio, que veio a lume somente em 1987, na sua primeira obra poética, com o título Uma Janela Aberta para o Infinito.
O mesmo soneto, Glória, também está nessa obra rara, pagina 43, mas antes, por ter caído nas graças do Diretor e Coordenador, vem publicada, então, no número três da Revista, que deixou de existir, no ano seguinte. O plano seria de duas a três edições anuais. Somente, isso. Mas foi um marco.
Agora, no ano em curso, o grande jornalista e professor de Nanuque Ademir Rodrigues Júnior, também o historiador da cidade, descobriu-a e fê-la vir a lume em IA com voz de uma suposta cantora de pronúncia do Português de Portugal, o que nos lembra a fadista Amália Rodrigues, a maior cantora de fados de Portugal em todos os tempos.
Para este professor, editor deste site, hoje, advogado e poeta, membro da Academia Teixeirense de Letras (ATL), o trabalho do grande Ademir é supimpa, uma honra, por isso, divulgado aqui.
João Carlos é o vencedor do Concurso Flip Tchê 2024 na categoria poesia, com o poema Tresloucado poema abstrato. A obra vem aí, e, segundo a organização, vai ser divulgada em todo o território nacional.
Prof. Emílio Boudens, grande mestre, o coordenador dos trabalhos, e, também, se necessário, o revisor, inclusive, da linguagem.
Nide, o diretor, com todas as suas ideias mirabolantes. Atuante e dinâmico.
Antônio Azevedo, autodidata em Espanhol, para ‘hablar y escribir’, autor de grandes crônicas. Merecia toda a nossa atenção, se estava bem, se podíamos continuar. Já sexagenário, grande espírita convicto, cidadão de elevados sentimentos humanos, educado por excelência.
Eis o soneto.
GLÓRIA
Quanto a queria ter por me entre a vida,
por me entre as mãos traquinas e sequiosas!
Queria buscá-la por me entre as graciosas
e inacessíveis brenhas vãs retida.
Mas a vejo por me entre as lutas tida;
vejo-a refém por me entre as amargosas
preces, onde a ânsia e vida maviosas
me estão presas à humanitária lida!
Porém, é-me, agora, um eco atroz…
Irei buscá-lo por me entre os recantos
mais, de mais dócil e silente voz.
E a vida tenho a penetrar-me n’alma.
Eu tenho a vida de imitantes cantos,
cuja voz de vida é uma espera calma.