Vivemos momentos modernos, e termos técnicos que seriam de uso estritamente profissional ganham espaço e se popularizam. Nem só médicos ou advogados conhecem e usam palavras próprias de sua área. A globalização dá vida nova a palavras restritas ao domínio da Medicina e do Direito.
Termos comuns a áreas diversas, agora, enriquecem os falares regionais. Pessoas se sentem honradas e engrandecidas em conhecer e usar vocábulos restritos a profissionais liberais.
O doente vai ao consultório médico. Estaria acometido de doença virótica? Procura o médico porque o vírus do câncer provoca pavor e, segundo notícias orientadoras, espalha-se como o vento. Isso não é nada agradável.
Palavras técnicas estão caindo no domínio público. Oncologia deixou de ser algo estranho.
O que é ‘onco‘? Nem toda Gramática explana sobre esse radical grego.
Um dicionário diz: onco, elemento composto (Grego onkós) exprime a ideia de tumor: oncografia, oncologia. Outro parece mais claro: oncologia (do Grego onkos, tumor): estudo dos tumores, particularmente dos tumores malignos.
Oposto a benignos, o adjetivo malignos, pelo conhecimento semântico que temos, vem a ser cancerígenos. Fala-se de neoplasia (formação de tecido novo, que pode ser patológica).
Nessa relação, o nosso querido e popular ‘pai dos burros’ cita ‘oncovírus’, nome comum aos vírus que contêm ADN e podem induzir tumores em animais. Por que não se registra a palavra oncoterapia? Neologismo ou não, define-se como tratamento de câncer: a terapia para curar um câncer. Os bâneres é que, via internet, citam oncopediatria, oncoclínica, oncovida, onco-hematologia, oncopsicologia, ou psico-oncologia. Esses termos estão mais próximos do povo.
Se de oncologia temos oncologista, certamente, vem ao nosso conhecimento o adjetivo específico: oncológico.
Da mesma família etimológica, surge o verbete oncologista, médico especialista em oncologia; cancerologista.
Mesmo com explicação limitada, o dicionário entende que ‘oncologia é o estudo de tumores’.
Logia já é do conhecimento de muitos. Tempos em que somente as gramáticas especializadas tratariam de seu significado, estaria restrito ao domínio de professores de Língua Portuguesa, redatores, tradutores e outros de funções afins. Hoje, não; esse étimo tem amplo espaço no nosso dia a dia. Isso é bom.
Astrologia, o estudo dos astros; psicologia, o estudo ‘da alma’ humana; biologia, o estudo da vida. Assim, temos uma longa lista de profissões que terminam em logia, vinda de logus, a raiz, seguida do sufixo ia.
Quer ver curiosidades ou palavras pouco usuais ou conhecidas que contêm esse radical seguido do sufixo?
Acirologia, modo de falar impróprio; locução forçada.
Acologia, conhecimento ou estudo dos remédios. Acognosia.
Aletologia, discurso ou tratado sobre a verdade.
Angelologia, estudo sobre a hierarquia dos anjos. Angeologia.
Antroponosologia, estudo sobre as enfermidades humanas. Essa obra, se completa, seria do tamanho do Universo.
Carcinologia, estudo sobre crustáceos e, ao mesmo tempo, sobre câncer. Isso é curioso. Daí, temos carcinologista, naturalista que se dedica ao estudo dos crustáceos, e carcinófobo, indivíduo que tem medo de câncer. Há outros termos dessa família.
Dendrologia, estudo das árvores. Esse teria ampla necessidade na vida moderna na tentativa de evitarmos a extinção de algumas espécies. Sabe-se que o Jacarandá-rosa e o Jacarandá-da-baía (este comum no Sul da Bahia) correm o risco de extinção.
Esplancnologia, o estudo sobre as vísceras.
Fenologia, estudo sobre clima e fenômenos biológicos periódicos, incluindo-se o porquê das aves migratórias. É muito amplo.
Gerontologia, estudo sobre a senilidade. Na linguagem popular, velhice ou envelhecimento. Como devemos envelhecer? O médico gerontologista explica tudo isso.
Neologia, estudo sobre as palavras novas que surgem. Seria fácil, mas depende da análise do estudioso, em especial, o etimólogo, mostrando-nos o radical da palavra, sua origem e significado. Jornais têm o Manual de Redação, nele deve haver capítulo sobre esse tema em virtude do grande número de palavras que vão surgindo e se incorporam aos idiomas. O Português não está imune a esse modismo, em parte imprescindível.
Nosologia, estudo e/ou tratado sobre as doenças em circunstâncias amplas. Trata-se de atividade diária de médicos e paramédicos.
Papirologia, estudo filológico sobre os manuscritos em papiro. A História fala dessas obras de arte, ainda vivas e cheias de literatura do passado, mostrando a Antropologia e a Antropossociologia.
Paramologia, o estudo das montanhas, como as andinas, incluídas as planícies desertas. Páramo, radical castelhano, conduz-nos à ideia de campos. Páramos celestes, em linguagem erudita, significa ‘o firmamento’.
Tocologia, tratado sobre os partos. Obstetrícia. O médico-obstetra é chamado também tocólogo. Desacostumados a essa grafia e pronúncia, não a achamos palavra bonita. Você sabe que parteira tradicional é chamada obstetriz.
Xilologia, ramo da dendrologia que trata da estrutura da madeira. ‘Xilo’ nos leva ao significado de madeira. Vale a pena uma pesquisa sobre diversos vocábulos com esse radical, pois enriquecem nosso conhecimento. Xilofone, xilofagia, xilografia, xilolatria.
Zoologia, parte da Biologia que trata dos animais, da sua vida e constituição. Desse termo, temos outros, como zootecnia, zooterapia.
No âmbito da Gramática, podemos citar:
Anfibologia, construção frasal defeituosa que conduz o intérprete a duplo sentido da frase: O assaltante invadiu o apartamento ensanguentado.
Filologia, ciência que analisa a compreensão de uma cultura por meio do estudo crítico de seus textos.
Lexicologia, parte da Linguística que tem por objetivo estudar o próprio léxico.
Essa relação de palavras é tirada de obra que estuda rimas; consulto bom dicionário e acrescento dados conforme meu conhecimento.
No campo do Direito, palavras que se tornaram populares:
Estelionato, o fato de obter, para si e/ou para outrem, vantagem ilícita. O estelionatário, mediante fraude ou logro, causa prejuízo alheio, e sai sorrindo, admitindo que o prejudicado é um pato. Entre atos e fatos, corre pelo País a cultura da lei da vantagem. O fulano, estelionatário, vende um carro como seu, mas está em nome de outrem. O fato de alguém comprar um veículo, deixar em nome do proprietário anterior, e sair por aí praticando todo tipo de infração. As multas caem em nome de quem?
Peculato, furto ou apropriação (indevida) de bens e/ou valores públicos. O fato de haver muitas verbas estaduais e federais destinadas a prefeituras tem dado vazão a que funcionários (furtivos e dissimulados) atuem nessa prática. Infelizmente, há quem ache normal isso.
Concussão, extorsão cometida por funcionário público. “Me dá isso, que te dou aquilo”, momento em que o agente facilita o que é de direito a um necessitado mediante paga ou troca de benefícios. Parece corriqueiro, mas o povo está aprendendo a não aceitar esse engodo, que prejudica a todos os cidadãos.
Volte amanhã.