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No meio do enunciado, como se deve usar: rua ou Rua, avenida ou Avenida? Ou tanto faz como fez?

Dúvidas perambulam em textos pelo Brasil afora, e grande maioria tem boa redação.

Encontra-se, no meio da frase, a grafia rua (em letra minúscula), seguindo-se o nome que designa o logradouro público (que é próprio): rua Pedro Álvares Cabral.

Está correto, porque rua é nome comum.

Se o substantivo comum deve estar em letra minúscula, o destaque fica para o nome do logradouro (Pedro Álvares Cabral), que é próprio, por isso, a obrigatoriedade de maiúscula, observada a inicial de cada termo, se houver mais de um.

Tornado próprio o nome comum, esse passa a seguir a regra: rua Maravilha.

Em outro texto, de redação condizente, às vezes, do mesmo autor, consta Rua Bahia (fictício) , em que o substantivo comum, também, é tido como nome próprio, o que implica questionamento e o descumprimento da norma.

Qual o motivo? Que ambos os termos são próprios? A Gramática Normativa ostenta esse viés? Preceitua que, nesse caso, seria aceito esse critério?

Similar a esse exemplo, falando-se do acidente ambiental em Brumadinho, MG, há o registro de rio, nome comum, que acompanha o nome próprio, ora em minúscula, ora em maiúscula: rio Paraopeba e Rio Paraopeba (no meio da frase). Se o vocábulo rio está inserido no começo do texto, sim: Rio São Francisco; no seu interior, rio São Francisco: o primeiro termo é comum; o segundo, próprio.

Que outra razão justificaria a escolha da maiúscula para ambos os termos?

Ficam patentes a dúvida e a falta de critério.

O comentário seria uma estultície? A justificativa é que todo idioma segue um conjunto de normas. Nome próprio, nome comum, começo de frase etc. para o uso de minúsculas e maiúsculas.

O não-haver um padrão de grafia, assim como se ensina o beabá aos iniciantes, deixaria o redator desnorteado?

Essa dubiedade ou variação de grafia, no interior do texto, tem sido costumeira, o que não é salutar: avenida Brasil e Avenida Minas Gerais.

Que critério foi adotado?

Ele mora na av. Gabriela Mistral.

Avenida Gabriela Mistral é extensa.

A avenida Gabriela Mistral é a mais importante da cidade Riacho das Antas.

Seriam esses modelos de redação, professor?

O questionamento se dá pelo simples fato de que o nome do logradouro, Antônio Carlos, Rui Barbosa, Getúlio Vargas, é que é próprio, e não o qualificativo que o acompanha (rua, avenida, praça, travessa, beco etc.), nome comum, por isso, em letra minúscula.

Esse padrão é que não tem sido unânime, sem querer dizer que ‘a unanimidade’, embora respeitada a opinião do grande teatrólogo, seja questionável.

Numa assembleia, em que debates costumam ser acirrados, quando todos pensariam no mesmo diapasão, nasceria o desconfiômetro, e paramos para pensar. Nesse aspecto, as ovações para o pensador, mas em outro, busquemos justificativa plausível.

Em documentos nascidos em escritórios (declarações, acordos, contratos de aluguel, e outros), seria comum a letra inicial do logradouro vir grafado em maiúscula, qualquer que seja a parte do texto. Isso é questionável; em outros, a diferença: o termo que o classifica vem em letra minúscula (r. ou rua, avenida ou av.).

Por quê? E a correta surge em menos vezes. Por que esse desajuste?

A forma mais condizente com a maneira de ser grafada a espécie de logradouro público: rua Montenegro; rua, comum, em letra minúscula, e Montenegro, próprio, em maiúscula, em se tratando de estar no interior da frase, para cumprir a norma.

No começo da frase, a primeira palavra deve ter a letra inicial maiúscula: Rua Teodoro Sampaio, 45, bairro Borboleta, nesta Cidade.

Se encontramos essa dúvida, pelo fato de uso tão simples, o que dizer de assuntos que requerem cuidados, como concordância verbal e nominal?

Que não dominamos as regras? Que abominamos as regras? Que as esquecemos? Que as não aprendemos?

Seria justificável “Ainda é necessário muitos anos de estudo”? Certamente, nessa o redator comeu pança.

“Ainda são necessários muitos anos de estudo”. A não ser que optasse por “Ainda é necessário que haja muitos anos de estudo”.

E estas seriam indiscutíveis? “Na faixa dos 50 anos de idade” (correta); “Na faixa etária dos 50 anos” (idem); mas “Na faixa etária dos 50 anos de idade“, pelo fato de ‘etária’, adjetivo, implicar a mesma semântica da locução adjetiva ‘de idade‘, é claro o conteúdo pleonástico.

Tem sido corriqueira a expressão “A carga horária de 10 horas”.

O que é isso, companheiro?

A carga de 10 horas do curso de aperfeiçoamento.

A carga horária do curso de aperfeiçoamento.

A carga do curso de aperfeiçoamento é de 10 horas.

Essas variantes não têm circulado.

Ouvem-se as opiniões, mas desconsiderar que ‘carga horária de 10 horas’, pleonasmo vicioso, não seja gritante, redação usada até em instituição de nível superior, seria como admitir que está correto dizer “O momento atual que ora vivemos está em todas as facetas modernas de nossa existência”.

‘Momento, atual, ora, que vivemos, facetas modernas de nossa existência’.

Todas as palavras na mesma cumbuca não enchem o vazio do espaço.

 

João Carlos de Oliveira

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