Seria necessária essa pergunta? Ou o comentário poderia criar mais dúvida?
As dúvidas persistem, e a Gramática Normativa não seria muito clara nesse aspecto?
A prática de flexionar no plural outros vocábulos com a mesma terminação facilitaria a resposta? Haveria condição de se comparar?
A palavra ônus é restrita, como análise, aos meios jurídico, econômico e jornalístico?
Certo é que se trata de um vocábulo de pouca popularidade, de menos uso, isto é, ‘não é conhecido’ no meio simples.
O Direito adoraria dizer ‘O ônus da prova cabe a quem faz a acusação’, entre outras frases tipicas e emblemáticas no exercício da advocacia.
E o que significa ô-nus? Saber o significado seria o primeiro passo para exercitar ou não as flexões de um vocábulo.
Carga, peso além do normal. Em sentido figurado: tarefa, dever, obrigação. Trata-se de palavra invariável cujo plural (os ônus) não tem sido visto no dia a dia. Por quê? Sempre, oferece dúvida?
Além de o artigo ter a finalidade de deixar claro, poderia ser usado outro determinante que possa caracterizar que o vocábulo foi usado no plural: tais ônus, esses ônus, variados ônus, convincentes ônus etc.
Palavras invariáveis (mais) conhecidas, com a mesma terminação, que seguem o mesmo critério de pluralização: os bônus, os ônibus, os vírus.
Lembremos que o Inglês, também, tem palavras de origem latina: bus, nascida do Latim omnibus (para todos), e virus (mesma grafia),(em Inglês, sem sinal gráfico; pronúncia aproximada: vaires), cujos plurais, respectivamente, são: the buses ou the busses, e the viruses.
Não temos o critério do acréscimo da desinência nominal ‘-es‘ ao singular, para formar o plural, como no Inglês. Mas há exceção: o obus (arma de guerra), os obuses; o pus (similar a uma pústula, chamada pelo povo de ‘pustema’), os puses.
Sem comentário, juntemos estes: Vênus e Célsius.
Compare: cânon, cânones. Conhece-o? Tanto o singular como o plural exigem cuidados na grafia e na pronúncia.
E por que o plural de ônus, que é invariável, não circula, ou pouco circula? Porque há dúvida, e ainda teria ‘sonoridade’ estranha, intrigante, que não agrada a todos os ouvidos.
Os ônus… pouco usado; os ônibus… muito usado, mas nem todos costumam fazer esse paralelo para chegar ao consenso e desfazer a dúvida do plural. O húmus (variante gráfica de humo), os húmus. O ânus, os ânus; o eletrotônus, os eletrotônus; o tônus, os tônus.
Palavras há em Português cujo plural exige cuidado, atenção e grafia formal: o câncer (paroxítona), os cânceres (proparoxítona), do mesmo modelo repórter, repórteres; revólver, revólveres; suéter, suéteres.
E estas: elixir, porvir (oxítonas, no singular); elixires, porvires (paroxítonas, no plural).
De -us, final, passemos para -is: Adônis, áxis, falcipênis, pênis, tênis; lápis,
Se buscarmos exemplos de pronúncia melindrosa, temos aquelas populares que assustariam o aprendiz mesmo que a grafia, conhecida, não implique receio de usá-las. Em certo momento, talvez, assustem a alguns: nossos amores (‘nóssus’); vossos pais (‘vóssus’); os ossos do ofício (‘óssus’).
A boa pronúncia e a grafia correta andam juntas; se uma não for bem, a outra vai mal. Acepção, confecção (o comércio tornou-a popular), decocção, infecção, micção, secção (variante de seção), sucção. Etc. E ainda: concussão, discussão, exceção, luxação, superstição.
Se temos lápis, de plural invariável, a que também se deve acrescentar o artigo no plural ou algum determinante: os lápis, aqueles lápis, estes lápis, bons lápis etc., pulemos para adjetivos com essa e outra terminação: adônis (jovem, belo; jovem(ns) adônis); grátis (entrada grátis, entradas grátis); reles (coisa reles, pessoas reles). Traquinas: menino traquinas, meninos traquinas; um doidivanas, dois doidivanas.
A lista pode-se estender, e isso seria bom para o usuário demonstrar bom conhecimento semântico e domínio ortográfico.
Você teria uma relação de alguns termos? Quer ajuda?
Atlas, cais, caos, cútis, diabetes, pires, xis: todos, sem exceção, para flexionar no plural, facilitando que a frase fique clara, é preciso o acréscimo de artigo no plural (os cais, uns pires) ou o uso de determinante no plural: todos os xis estão ilegíveis.
Mais: alferes, clitóris, íbis, íris, halteres, haras, lótus, oásis, ourives, pélvis, plêuris (abcessos pulmonares), Pilates, práxis, própolis, sífilis, sursis.
Atenção: não se confundam esses exemplos com os anais, os óculos, os pêsames, que somente são usados no plural. Mas lambris e sutis, por exemplo, são o plural de lambril e sutil.
Adjetivos terminados em -as, -es, -is: caxias (ele é caxias, eles são caxias), piegas (um sujeito piegas; eles são piegas); isósceles (um ou dois triângulos isósceles); cris, grátis, gris. São poucos.
Isso basta.
Que não nos espantemos com as gafes cometidas neste Brasil afora. Por questão óbvia, respeitemos todos o ‘saber’ de pessoas iletradas. Nada mais.
O que dói é a repórter dizer “Dez países diferentes”. Se não temos ‘países iguais’, ou se cada país ‘é diferente’, por que ‘Dez países diferentes’ se não podemos ter ‘Dez países iguais’?
“Gente mau“, de uma professora.
“Os materiais devem ser depositados no depósito“, de uma pessoa comum
“Que a Prefeitura vai-se pronunciar oficialmente por meio de nota oficial“, de uma repórter (sobre a saúde num município)
“A investigação (…) indicou que os valores investidos pelas vítimas era reaplicado pelos empresários (…)”, sic, de um artigo sobre pirâmide financeira.
Fiquemos por aqui.
Taí um artiguinho de pouca grandeza, mas serve.