Frase nominal, gramaticalmente, é a que não contém verbo (Chuva!); frase verbal, a que contém verbo (A chuva cai!).
A não ser que o poeta use uma elipse: “Chuva, bálsamo para a vida”, frase verbal, por se subentender que está elíptico ‘é’: ‘A chuva é um bálsamo para a vida’, salvo que se comprove outra informação.
Lembrando a chuva, recordemos versos do Cancioneiro Popular. Uma revista antiga chamada Modinha, dos meus idos 1960, costumava publicar algo parecido com esta poesia bucólica.
“Chove chuva/ Cai sereno/ Caminhei sessenta léguas/ Na pisada do moreno”, diz a letra, cujo autor não sei.
Metafórica, hiperbólica, isso é o que se deduz. A légua varia muito de medida; no Brasil, tem de 6.000 a 6.600 m; arredondadamente, seis quilômetros. ‘Sessenta léguas’, portanto, 360 km. É muito amor, muita coragem, muita paixão! Por quanto tempo fez isso? Num dia, não foi… Num mês? Em anos? Toda a vida?
Mas se trata de música e de metáfora, de visão utópica, o que nos faz apenas ouvir os versos e admirar! Quem escreveu ‘essa loucura’?
E a explicação, professor?
“Lá vou eu, cara, porque moro no Escorrega-lá-vai-um”, respondo.
Frase é toda expressão passível de ser entendida como mensagem. A frase com verbo, analisável, passa a ser oração. Se a Gramática Normativa não diz isso ipsis litteris, pelo menos, assim, deduzimos que seja.
‘Homens na pista’, frase, que não contém verbo; isso a torna nominal.
‘Homens trabalham na pista’, frase, que contém verbo; isso a torna verbal, que passa ser uma oração. Forma um período simples, e pode ser analisado sintaticamente.
Do Grego phrásis‘, frase é definida, pela teoria gramatical, ou pelos doutos, como toda palavra ou grupo de palavras que exprime uma ideia ou conjunto de ideias.
Os especialistas em linguagem dizem muito mais, com outros detalhes; todos sabemos disso.
Há diversos tipos de frase, classificadas pela Linguística, cuja relação não interessa aqui; agora. Uma delas chama a atenção: ‘frase suspensa‘, tida como de sentido incompleto. O anacoluto, figura de linguagem, cujo sentido fica à deriva, subentendido, é uma frase incompleta? Daria um exemplo: “O mundo… a humanidade está morrendo.” E agora?
Cada um completa de sua maneira.
Psiu!, bela frase, que se aplica a muitos momentos. A Gramática a classifica como ‘inanalisável’, mas isso sintaticamente, porque sob os olhares da Semântica ela se estica até o topo do Himalaia. Dirigida a uma criança, tem um valor; escrita no hospital, outro.
Socorro!, frase que vale para o momento de angústia ou de dor, um pedido forte, mas o enamorado, com lágrimas derramadas, pode poetizá-la, dirigindo-se àquela que o rejeita, pedindo mais uma chance! Pense nisso, e se você já passou por essa.
Corno!, frase no momento de raiva, ou de crítica explícita àquele que passou por uma fase de… O quê? Amor ferido, traído, dolorido, raptado pelo outro.
SOS, frase universal, que pode ser analisada sob vários ângulos. Abreviada de Save our soul, do Inglês, e vertida para o Português, Salve nossa alma, temos, no mínimo, o sujeito oculto (você), o predicado verbal (salve nossa alma) e o objeto direto (nossa alma), análise sintática que implica: período simples, oração absoluta, em que estão claros esses termos, e o verbo salvar, transitivo direto.
O visitante sabe disso; esses comentários se encerram.
Camarada, cite suas frases tradicionais, corriqueiras, encontradas em cartazes, ditas e ouvidas em barezinhos em que o esperto toma um porre. A relação é enorme, e o aspecto é curioso, cada uma com sua estória, a história que faz boi dormir, ou o apaixonado cair no canto de tanto beber.
Por extensão, frase é uma expressão: “Êta, porra… quebrei o dedo!”, disse o chorão. Uma locução, Oi! Um excerto de uma crônica ou conto: “Ao entardecer, na fazenda de tio Manoel Benedito da Silva, os animais retornam à manjedoura para passar a noite”, como disse o vaqueiro de 80 anos de idade.
Toda frase nominal, com a introdução de um verbo, passa a ser verbal, e toda frase verbal (pois, pois!), com a retirada do verbo, passa a ser nominal. Desde que o aspecto semântico não fique prejudicado.
A vida!, frase nominal. A vida passa!, frase verbal.
A transformação de frase verbal em nominal se dá, comumente, em período simples. Concluiu o trabalho (verbal). Trabalho concluído (nominal).
Certas frases nominais:
Álcool em gel. Os bancos e seus aplicativos. Povo na rua. O coronavírus e as vítimas de morte. Pesquisas do Sebrae. Imbróglio entre MS, Estados e Municípios. Operação Semana Santa. Polícia Militar em ação. Indivíduo preso com simulacro (?). Jacobina e uma chuva fina. Estratégia contra o Covid-19 e a busca por soluções.
Manchetes, de modo geral, devem ser frases nominais.
Algumas frases verbais:
“Pedestres na rua ‘andando a pé'”, dita por alguém. Se são pedestres, é porque estão a pé. Consertá-la? Pedestres passeiam no jardim. Pedestres na avenida passam apressados.
A alma existe, o que é difícil é a prova.
O amor é lindo, assim como o beija-flor. Colibri é nome de hispanos.
A vida passa, o homem se estagna.
O poeta sorri à janela de seu verso torto.
Cada um diz o que quer.
O mundo moderno é globalizado, mas nem tudo traz vantagem.
O vício em redes sociais encurta a visão.
Se o homem temesse a si mesmo, seria mais tranquilo e seguro.
O cuidado com o que diz torna o homem um filósofo popular, analista de si mesmo e de quem o rodeia.
Palrar é tagarelar, e falar pouco vale como uma pepita de ouro no bamburral.
O leitor e visitante sabe, muito bem, que a frase é o que se diz, não importando se há verbo ou não, o que mostra que nossa linguagem vai e vem, chega e sai, diz algo e cai fora, tornando a si mesma uma galáxia de cores sociais, econômicas, poéticas etc. Nesse caso, como o peixe morre pela boca, o homem morre pela fala destrambelhada.
Tantos políticos que nos enganam, ou que nos enganaram, porque disseram frases ‘tolas’ que se tornaram ‘célebres’ e convenceram o eleitor, erroneamente, a votar neles, mas o fizeram.
A mentira se torna uma realidade, como a realidade, com o tempo, pode tornar-se ‘mentira’, pelo menos na visão de alguns. Isso é tese ou álibi vivido no Direito.
Leitor, isso não basta por hoje?
Não! Faltou uma: a frase nominal não tem forma verbal, nem infinitivo (que tem valor de substantivo) ou gerúndio (com valor de advérbio), mas pode ter particípio: Trabalho feito, já que essa forma nominal do verbo tem valor de adjetivo.
O homem tinha sentado na cadeira suja. Frase verbal.
Homem sentado na cadeira suja. Frase nominal.
Agora, sim. Meu abraço a você. Obrigado pela visita.
(Hoje, eu chorei em silêncio!)