Sinônimo é o termo capaz de substituir outro na frase, sem lhe prejudicar o sentido. O dicionário diz que é o termo que apresenta sinonímia.
Alega, também, que é o que tem a mesma significação, ou quase idêntica.
Esse ‘quase’ atrapalha a interpretação do vocábulo no contexto, e ‘quase idêntica’ poderia transparecer que o é, mas pela metade.
Significado, que não é sinônimo, é definido como ‘significação, sentido, acepção’. Adiante, diz que se trata, quanto à linguagem, do conteúdo semântico, valor ou sentido de um signo.
Significação leva em conta o momento em que o vocábulo é entendido: Sol, denotativamente, é uma Estrela em torno da qual gravita a Terra; conotativamente, luz, calor, estiagem, brilho, esplendor etc. Em outro campo, é nota musical.
Significação poderá ser a importância (de um fato), o valor (de um procedimento), o sentido (de um ato humano, cultural, musical etc.).
Sinonímia, estudo dos sinônimos; relação entre dois ou mais termos ou expressões que têm o mesmo sentido ou sentido próximo (diz o léxico).
A afirmação do compêndio de que sinônimo é o vocábulo que tem o mesmo sentido não agrada. É vaga, e pode não corresponder ao que o vocábulo represente na frase.
O que é pessoa consciente? Não só a que tem consciência, cônscia, resoluta. Mas a segura. O que é alguém seguro? Vai depender do contexto, como se sabe. O isento de perigo, livre de riscos, confiante, tranquilo, firme, infalível, certo, indubitável. Seguro, s.m., é o contrato, ou a apólice que dá direito ao prêmio.
O que corrobora o ora questionamento é o fato de o dicionário dizer que sinônimo é o vocábulo que tem o sentido próximo. Outro diria que sinônimo é o termo de sentido equivalente, ou capaz de substituir outro na frase (sem a perda do sentido inicial).
Fora isso, a Gramática blefa ou deixa uma lacuna. Não existe palavra igual a outra em sua estrutura ou aplicabilidade semântica. Cão é cachorro, mas cachorro é cão novo.
Feio e horrível não são a mesma coisa. O calado e o taciturno não são pessoas idênticas, portanto, sinônimos não podem ser ‘idênticos’, como quer o léxico.
Seria normal se dizer que sinônimo é palavra igual a outra?
Uma bonita moça pode ser uma linda moça, ambas de semblante agradável, mas cada uma tem sua face.
Deverá haver explicação fundamentada para se dizer que uma palavra seria igual a outra. E explicar o que o vocábulo representa no contexto salta ‘do mar’ para ‘o oceano’, ‘do rico’ para ‘o opulento’, todos com novas facetas.
Este artigo não está isento de crítica, como não sou sinônimo de quem sabe.
Tanque no Nordeste é açude, ou aguada, onde reses se servem do precioso líquido. Quando se diz que tanque é açude, dá-se o significado ou o sinônimo da palavra?
A aguada lembra Gonzaga, o Luiz, relatando, na sua musicalidade, que o gado e o alazão morreram de sede.
Tanque é o lugar de lavar roupa. Daí tanquinho. Tanquinho (de Feira), pequena, mas bonita e agradável cidade baiana.
Tanquinho, na linguagem da notoriedade, é a barriga de famosos, o ventre com ‘nervuras’, mostrando pele rígida, de aspectos ondulados, e algumas dobras.
Anônimos, também, têm ‘tanquinho’, mas alguém diria que se trata de desnutrição, por isso, a barriga murcha, de pouca gordura.
O que é isso, professor?
Se burro é sinônimo de ignorante, a gente fica a pensar nesse contexto.
Burro é animal inteligente, que refuga na hora do perigo.
Ignorante é o que desconhece o conteúdo de um fato ou informação; pode ser quem não sabe ler, ou é analfabeto. Ainda, o grosseiro, estúpido.
Um aspecto gramatical é definir o que a palavra significa.
O que é uma ‘mesa’? Teria sinônimos?
Outro é dar o sinônimo de uma palavra no contexto, que, mudado de lugar, pode fazer com que o vocábulo tenha outra significação, e a possibilidade de novo sinônimo.
É polêmico afirmar que sinônimo é palavra ‘igual’. Mesmo que o diga, o dicionário não deixa clara essa igualdade, nem a determina direta ou indiretamente.
Uma senhorita bela é o mesmo que uma moçoila formosa? Ou elegante?
Embora, possa-se usar ‘belo’ como sinônimo de ‘bonito’, cada vocábulo traz sua carga semântica, insubstituível, com ‘genes’ próprios, como a palma da mão de uma pessoa: a da mão esquerda contém algo do que tem a da direita, mas ambas são ‘diferentes’, embora se pareçam.
O dicionário, nas entrelinhas, enfatiza: a palavra tem grafia, pronúncia específica (com base na ortoépia e prosódia) e significado. Esses três valores fazem parte da análise, ‘a gráfica, a semântica e a fonológica’, não nessa ordem necessariamente.
Esse aspecto, comumente, seria discutido na sala de aula? A Gramática Normativa o destaca ao introduzir o estudo da Língua Portuguesa?
Qualquer gramática, pode-se notar, não cuida desses três aspectos diretamente em sua introdução, nem a lógica ‘gramatical’ trata assim o idioma. Dizem que a Gramática Normativa se divide em três partes. A Fonética (e/ou a Fonologia), a Morfologia e a Sintaxe.
O dicionário assim não o faz, mas mostra como o vocábulo é escrito (escrevendo-o) e dá o seu significado, com a possibilidade dos usos normal e figurado, além de algum regionalismo.
Deduz-se que cada vocábulo tem seu sopé nesses três momentos: mesa (escrito com S, e não Z); um móvel (portanto, o significado) e a pronúncia (que, logicamente, é fechada (mêsa) e não aberta (mésa). Tem vários significados.
Olhamos com espanto o vocábulo rocio.
Vemos o aspecto gráfico: ro-ci-o, dividido em suas respectivas sílabas. E se alguém pensasse: ró-cio? O hiato i-o existe em abundância: pa-vi-o, na-vi-o, ri-o, assim como o ditongo io: sé-rio, nés-cio, sá-bio, térbio.
E se o hiato estiver acentuado graficamente: cu-ri-ó? (palavra oxítona.)
E se houver o feminino do io ditongo: sá-bia, sé-ria, nés-cia, Rús-sia?
E se houver o feminino do hiato io: sa-bi-á, In-da-i-á?
E se o ditongo io apontar para o seu parceiro eo, não muito bem dominado graficamente, cuja grafia provoca medo? Cu-tâ-neo, mo-men-tâ-neo, es-pon-tâ-neo (por que uns escrevem es-pon-tâ-nio?).
A Gramática deixa o novato ressabiado ao dizer que pode ser cu-tâ-neo ou cu-tâ-ne-o. Então, ro-ci-o, que contém hiato, poderia ser ró-cio, com ditongo crescente?
Em rocio, a ausência do acento gráfico agudo indica sua pronúncia, mas muitos não levam isso em consideração.
Má-goa e tá-bua. Mas encontram-se ‘má-gua’ e ‘tá-boa’, e esta vira ‘taba’. Ta-bo-a é uma planta. Táboa e taba têm espaço no linguajar em todos os cantões do País.
Já que grupos vocálicos incomodam, tasquemos hiatos dissonantes: Mãinha (minha mãezinha), titia Maria ainda não iria aí de dia!
Não serei eu o outro alguém. Cláudia, não venha à estufa amanhã.
Por que serventia pode ser escravidão? Por que, agora, rótula é patela? Cordas vocais passaram a ser pregas vocais. Urinar é verter água, e vice-versa.
Sinônimo é um faz-de-conta sinonímico, cujo valor semântico se assemelha. Nunca igual ou idêntico.
Taludo é forte, ou musculoso? Parrudo, baixo e corpulento, no Português brasileiro de outrora, foi o português intruso e indesejável.
Até a próxima.