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Taxar e tachar; taxado e tachado; taxação e tachação: vocábulos que se parecem, mas cada um tem sua faceta

Essa relação contém um grupo de homônimos homófonos, os que têm a mesma pronúncia, mas grafia diferente e significado próprio.

Taxar, do Latim taxare, é verbo (da Economia?) usado para determinar alíquotas dos preços de produtos.

Sua sinonímia comum, como mostra a maioria dos léxicos, sugere ‘submeter a uma taxa, a um imposto etc.; fixar ou determinar a taxa ou o preço de (um produto, de uma mercadoria); onerar com impostos, tributar’.

Vê-se, claramente, por sua semântica, que taxar não se refere ao comportamento humano, razão por que fica inadequado o uso, por exemplo, de ‘O funcionário foi taxado de arrogante‘. Cabe nesse contexto, como se deduz, o verbo tachar (censurar), a ser analisado adiante, comparados os significados de um e de outro.

Melhor a redação ‘O funcionário foi tachado de arrogante‘.

Na seara das palavras derivadas, surgem de taxar: taxado (adjetivo: Taxado em 30 por cento na sua alíquota, o alho importado é muito caro; particípio: O Governo tem taxado, de maneira escorchante, todos os produtos nacionais, o que onera o bolso de quem ganha menos); substantivos: taxação, o mesmo que tributação, o ato de taxar; taxador, aquele que tem autorização (?) para taxar produtos, suposta atividade ou profissão de funcionário do Ministério voltado a esse campo.

‘Galvadino (nome fictício) é o taxador da Alfândega para todos os produtos vindos do Mercado Comum Europeu’.

Em outra hipótese, taxador seria adjetivo, como índice que tem por base determinar a alíquota de um produto. Nesse caso, pode-se dizer que o ICMS tem um índice taxador variante, pois no Brasil os Estados-membro têm comportamento diferente para esse tipo de tributo. Assim, poder-se-ia usar o seu feminino gramatical: ‘A alíquota taxadora do ICMS para o açúcar varia em cada Estado’. Em que Estado do Brasil haveria a mais baixa para esse produto?

Família etimológica de taxa: taxado, taxador, taxadora, taxação, taxativo, taxar, taxável; taxâmetro (modernamente, seria o mesmo que taxímetro), e formas verbais.

Talvez, por influência do uso do adjetivo taxativo, que seria polissêmico: que taxa, que limita, que restringe; restritivo, definitivo, irretorquível etc. (O Ministério teve uma decisão taxativa; O Governo tem atos taxativos), é que muitos tenham o hábito de usar ‘taxado’ para pessoas, o que não trilha bom caminho semântico, pelo fato de desviar o significado da palavra.

A frase ‘Ele foi taxado de irresponsável’ tem um cheiro de influência do dizer ‘Ele foi muito taxativo nas suas exigências’, e esta fica bem, entendendo-se, por conseguinte, que o adjetivo foi tomado figuradamente (intransigente, restritivo, exigente, determinante).

Se taxar tem essa performance, e palavras são assim pelo fato de ampliarmos seu uso quando as empregamos no aspecto denotativo, próprio do dicionário, e no conotativo, que envolve mais diretamente a criatividade, a liberdade de expressão, a poesia, a metáfora, a metonímia, o anacoluto etc., o que se dizer de tachar?

Tentemos dissecar, também, esse verbo, com toda a sua família etimológica, em bom número de vocábulos.

Tachar: pôr tacha (defeito em); notar ou supor defeito em. Daí, os sinônimos ‘censurar, considerar, julgar, impor, qualificar’.

Ainda não se está abordando o uso natural de ‘pregar tachas em um sapato’, vez que tacha é um pequeno prego, chamado por muitos de tachinha, inclusive, comprava-se em antigos secos e molhados ‘uma caixa de tachinhas’ (para uso geral).

Tacha, nesse aspecto, é uma espécie de prego curto de cabeça larga e chata (como diz meu ‘amigo’). Uma brocha.

Em outra via, a figurada, tacha é a nódoa, a mancha, o defeito moral que se põe em alguém. É nesse aspecto que não se deve usar ‘Ele foi taxado de ladrão’ (por exemplo). A frase deve ser ‘Ele foi tachado de ladrão’ (que poderia ser injúria se o fato não for verdadeiro), mas é comum que se diga Ele foi tachado de intransigente, de turrão, de maleducado (qualidades comuns a muitos).

Lembremos que tachar (o ato de bater tacha em objeto, parede, madeira) pode ter a variante gráfica tachear, isto é, pregar tachas em. Isso aumenta a família de palavras: tacha, tachar, tachado, tachador; tachear, tacheado, do que se deduz que se tenha o substantivo tachação, que não se tem visto no dicionário.

Bom que fixemos exemplos clássicos de construção frasal: O produto foi taxado em 20 por cento de imposto; O motorista que praticou o atropelamento foi tachado de imprudente.

Não ficaria bem que se dissesse ‘O mel foi tachado em 30 por cento para a venda em feira-livre’, por isso, em contrapartida, ‘O jovem foi taxado de agressivo’ constitui erro de grafia e de semântica, formando solecismo.

Família etimológica de tacha (significado de mancha), termo nascido do Francês tache: tachar, tachação (?), tachado, tachador (censor). De tacha ou tacho, vasilha usada tanto no lar como em engenho de açúcar: tachada (quantidade que um tacho pode conter), tachadura, tachão, tacheiro (no NE, empregado que lida com as tachas no engenho de açúcar), tachona, tachote. De tacha (prego): tachar, tachear, tachado, tacheado, tachonar, tachonado.

O sentido figurado envolve, somente, o aspecto semântico, mantida a grafia da palavra (tacha, tachado, tachador etc.).

Isso basta, e que as frases tenham oferecido algum esclarecimento a quem visita o site.

Lembro que, ao fazer artigos e comentários, tenho feito homenagem a muitos famosos, como já o fiz para Las Fenix (grafia em Espanhol), grupo musical radicado nos EUA, mas de origem mexicana: as cinco irmãs, Berna, Adela, Lesli, Nadia e Anahi, muito bonitas e versáteis, que tocam e cantam músicas nortenhas (cúmbia e outras). Já homenageei Mariene de Castro, cantora baiana, com voz linda, verdadeira substituta de Clara Nunes; o forrozeiro Edigar Mão Branca e o grupo musical que o acompanha, com cinco dançarinas, que não perdem para outras que se apresentam em programas de TV.

Mas nesse aspecto é preciso dizer que cometi ‘erro’ ou uma baita omissão: e as pessoas notórias que estão perto de nós, que são desta região?

Fiz uma lista, e hoje começo pelo casal Ronildo Texano e Carla Félix, porque convivi com ambos em Jornal Alerta, editado pelo nosso amigo Carlinhos.

Ele, vindo de Nova Tribuna, distrito de Caravelas. Aqui chegou vendo um novo mundo, conseguiu colocação no jornal (como office-boy?) e lá, ‘pau para toda obra’, aprendeu de tudo: de entregador de jornal, que andava de bike, passou a digitador, chegando a ‘designer técnico’. Ouso-lhe um título em Inglês: a great graphic designer.

Dinâmico, o cara tornou-se ‘aprendiz da autodidaxia’, em palavras minhas; autodidata, hoje, é grande profissional, atuando em diversos periódicos na Cidade, mérito que devemos reconhecer.

Não sei se tem curso superior, mas, certamente, o segundo-grau, com especialização na área de Informática. Primeiro, aprendeu muito ‘na marra’, na base do olhômetro e, depois, na prática.

E se o homenageio, não pode ficar de fora sua esposa. Carla, de origem humilde, mas estudiosa, dedicada, redatora, revisora do Jornal Alerta por muito tempo. Itororó (que significa ‘pequena queda d’água’), BA, é sua terra querida.

Diferenciamo-nos nos falares, assim, certamente, se divirjam nossos pensares e agires, mas isso não é motivo para negar o louvor que tenho e que se deve ter a eles, em especial, pelo denodo de quem cresce pela dedicação e perseverança, o que é sublime.

Seria lógico desprezarmos um bom vizinho somente por que ele comunga uma religião diferente da nossa?

Um momento marcante que Carla deixou para mim: “Professor, traga sua biografia para publicarmos aqui no Jornal”. Mas não a fiz. Deixei de divulgar o que seria minha autobiografia. E o tempo passou.

João Carlos de Oliveira

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