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O que é burocracia? Quanto ao aspecto linguístico, um hibridismo: palavra formada com elementos ou radicais de idiomas diversos. Abreugrafia, zincografia

Burocracia, como sabemos, é o modus operandi de um Estado superexigente, ultrapassando o limite da lógica; por isso, torna-se escorchante, falho, imodesto, sonso, omisso, que faz do cidadão um tolo, exigindo do ser humano mais que esse possa cumprir, e ele, o Estado, guloso e exorbitante, ditatorial, sem oferecer a proteção que deveria dar ao cidadão, descumprindo o que determina a Lei Magna, razão por que faz cada um ser incrédulo quanto a nossas leis, chegando-se ao ponto de se dizer que ‘a Constituição da República Federativa do Brasil não tem valor’, por ser desrespeitada, negando ao brasileiro recursos a que teria direito.

Esse parágrafo seria um desabafo ou uma verdade? Mesmo que o leitor discorde, e que tenha as suas razões para ser contra ou a favor, esse texto tem dupla face: desabafa e expressa verdades que cada brasileiro vive.

O Estado quer tudo, mas atrasa, menospreza, ofende, ofusca, ultrapassa o limite da lei, e, obscuro, faz uso do indevido: pede mais que o permitido, devolve ou repassa menos que o direito adquirido, sem fazer uso de cláusulas pétreas (as constitucionais em favor do cidadão ou da sociedade, que o Estado nunca pode negar), mas as nega sempre.

Quanto a outro texto, vem abaixo um poemeto jocoso, que nada diria nem iria consertar a exigência secular deste País, mas quer mostrar a imagem que se tem do Estado e algum fato que pode acontecer, ou vem acontecendo, como a devolução do ‘dinheiro esquecido’ no Banco Central.

Esquecido ou negado? Por que o Estado o reteve sem aviso-prévio?

Sim, em primeiro lugar, o dinheiro não é o esquecido, mas o negado, ofuscado, tomado, omisso ou omitido, sem que, nem sempre, todo cidadão soubesse, e que algum dia poderia ter recebido sem essa burocracia abusiva, doentia, funesta, chata.

Alguém consulta e fica sabendo que teria uma bufunfa a receber. Ao cumprir todas as exigências do sistema (fazer cadastro em banco, fazer cadastro no gov.br, com senha e tudo, até reconhecimento facial), vem o despautério: tem R$ 0,01 a receber.

Nesse caso, não caberia uma ação contra o Estado, ele, sim, inadimplente, discriminatório e opressivo, por danos morais e materiais?

Não poderia ser por outro caminho? Se o CPF do cidadão tem valor, por que, através desse documento, não se poderia indicar uma conta bancária para receber esse depósito ‘milionário’? Para que tanto trabalho, e depois se ter tamanha decepção?

My God! Big humiliation, true hostility! It’s a illness.

Vamos recordar a década em que o Ministro da Desburocratização, Hélio Beltrão, tentou solucionar, ou amenizar, essa doença, que até hoje continua, ou estaria pior.

Naquele período, nem CEP os Correios tinham, mas uma carta chegava, e uma minha chegou ao Excelentíssimo Senhor Ministro, que agradeceu, e ‘prometeu’ que, com a ajuda do brasileiro, a burocracia, ou burocratização do serviço público, iria acabar. Passaríamos a viver a ‘desburocratização’, mas nada nesse aspecto acabou; só aumentou.

Ele foi bom cidadão, crédulo, mas mesmo estando Ministro, também foi enganado, e a Nação continua com a mesma faceta: o Estado quer tudo, dá nada em troca, e reclama, exige, dizendo ainda que, havendo erro, a culpa não é dele, mas do povo.

Isso dói, fere, machuca, e faz algum cidadão vingativo: fazer justiça por conta própria, sonegando, vivendo alguma falcatrua, mesmo que possa ser punido (se ou quando descoberto).

 

Quanto ao poemeto, seguem estes versos:

Vergonha 

Tô rico

fui procurar ouro

e achei foi um penico

cheio de abuso do Poder Estatal

o buro capcioso e imoral

que nos pode levar ao buraco

e sempre nos engana

como faz alguém com um simulacro

a cracia vetusta e malandra

em si mesma enganosa

plena de enfeite por dentro

uma redonda bolacha

impiedosamente bem pegajosa

sorri, furta-nos e nos esculacha

a que o povo chama ‘burrocracia’, a fada boazinha

com uma cuia de farinha,

mas muito interesseira,

que ao fundo do poço é dor, um dolo,

que só pensa em dinheiro

o mês inteiro,

e deixa o cidadão esgotado e infeliz

sob o aviso de que vai receber o estrondoso R$ 0,01

o que é isso, seu Madruga?

ao que este senhor experiente diz

“Vá ao banco depositar um centavo

com uma cédula de dez reais

e exija para seu deleite

o troco robusto e rechonchudo de R$ 9,99,

número difícil de decifrar

que nem toda casa bancária teria para retornar.

 

Pense um pouco sobre o poema.

 

Agora, algumas palavras híbridas:

Automóvel: auto (Grego) + móvel (Latim)

Cipó-chumbo: cipó (Tupi-Guarani) + chumbo (Português)

Futebolista: futebol (Inglês, forma aportuguesada) + ista (sufixo, Português)

Goiabeira: goiaba (Tupi-Guarani) + eira (Português)

Sociologia: sócio (Latim) + logia (Grego)

Televisão: tele (Grego) +visão (Latim)

Zincografia: zinco (Alemão) + grafia (Grego)

Abreugrafia: Abreu (nome próprio, Português) + grafia (Grego)

Alcoômetro: álcool (elemento árabe) + metro (elemento grego)

Burocracia: buro (de bureau, Francês) + cracia (Grego)

Bígamo: bi, de bis (prefixo latino) + gamo (radical grego; casamento)

 

Observa-se que ‘abreugrafia‘ é o termo criado a partir de Abreu, sobrenome do médico paulista Manuel de Abreu, que, então, criou o sistema para detectar possível problema de pulmão do trabalhador. Como professor, a cada contrato com uma escola, tinha que tirar a abreugrafia no Posto de Saúde. Popularmente, ficou conhecida como ‘chapa do pulmão’. Hoje, seria a radiografia do pulmão? da região torácica?

O artigo se completa com todos os dizeres do leitor, com suas grandiosas observações.

O aviso gov.br de que muitos iriam receber um bom trocado foi um logro, mais uma forma de chatear pessoas, a permitir-lhes falar mal do nosso sistema governamental.

Os R$ 0,19, que este blogueiro teria a receber, que fiquem lá para alguma emergência e sejam aplicados em favor de ‘serviços sociais’, juntados que devem ser aos milhões de créditos de empresas que teriam valores altos ‘preservados’.

E o que mais?

Um abraço a todo leitor, mesmo àquele que não concorde com o texto.

 

 

 

 

João Carlos de Oliveira

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