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Algumas frases que foram usadas com vírgula indevida, alteradas e corrigidas (encontradas no jornalismo do dia a dia)

Agora, passam a ter nomes de pessoas e cidades, por ventura, existentes, fictícios.

O objetivo maior, neste momento, é mostrar que a vírgula, como sempre, causa transtorno redacional a muitos; no entanto, seria de fácil uso se observada a pausa contextual, além de se tomarem por base o sujeito, o verbo, complementos verbais, vocativo, aposto e outros termos.

Difícil seria se o redator não consegue distinguir os termos da oração, tipos de oração e outros elementos sintáticos.

Qual o sujeito da frase? Está no singular ou no plural?

Que verbo foi usado para indicar a ação? A concordância verbal está adequada?

Questões a que nem sempre todos sabem responder, o que tornaria a redação mais complicada, com base no uso da vírgula.

Seguidos esses princípios, seria de se supor que erros, se houver ou houvesse, seriam menos. Entretanto, ao que parece, alguns redatores não observam detalhes da lógica contextual e saem colocando vírgulas a torto e a direito, consumando-as, por isso, como indevidas.

São duas ou três vírgulas numa pequena frase, onde caberia somente uma. São muitas delas num pequeno texto narrativo, quando seriam bem poucas. Aparecem, em média, num texto policial de uma página dez virgulas, quando seriam quatro ou cinco.

O conteúdo da notícia fica prejudicado, e pode haver prejuízo de interpretações. (Nesta expressão, para explicar parte da função da vírgula, a que foi usada se destina a separar que o período composto tem sujeitos diferentes: nesse caso, a vírgula é obrigatória. O conteúdo da notícia fica prejudicado, uma oração; sujeito, o conteúdo da notícia; predicado, fica prejudicado, e fica, a forma verbal, para concordar com o núcleo do sujeito, que está no singular (conteúdo); a segunda parte do período tem um sujeito inexistente, ou oração sem sujeito, razão de estar escrito pode haver, no singular (forma verbal, que seria igual mesmo que houvesse o plural, prejuízos de interpretação, que vem a ser objeto direto, e não um sujeito).

Por acaso, se este exemplo não for claro, vejamos um bem popular: Manuel acabou de sair, e Pedro foi dormir. (Explicação dada porque alguém perguntou onde estariam os dois meninos, Manuel e Pedro.)

Frases que serviriam de exemplos, as quais costumam conter virgulas, seriam como estas.

Vim aqui, para ajudar neste mutirão (sic).

Como se trata de um momento não se referindo ao passado, o ideal é que o verbo vir esteja no presente do indicativo: Venho aqui para ajudar neste mutirão. (O falante acaba de chegar.)

A segunda parte da frase indica uma finalidade (para), formando uma oração subordinada adverbial final (usada na ordem direta: a oração principal (Venho aqui) seguida da subordinada (para ajudar neste mutirão), razão de não haver necessidade do uso da vírgula. Se continuar, pode-se entender que se trata de vírgula não-obrigatória, opcional ou enfática, pelo fato de não prejudicar a semântica do texto; melhor excluí-la se o texto sequencial contiver vírgulas obrigatórias. Mais uma, juntando-se a essa, criaria o excesso de vírgulas, passando a existir a chamada virgulose, um mal pouco conhecido.

O mau uso da vírgula pelo excesso prejudica mais que o mau uso pela ausência de outras vírgulas. Melhor menos vírgulas que elas em excesso.

A mesma frase com um termo intercalado (o vocativo) teria duas vírgulas obrigatórias, o que não seria notado, talvez.

Venho aqui, Seu Pedro, para ajudar no mutirão.

Se o redator optar, poderá usar apenas uma vírgula: colocando o vocativo no início ou no fim da frase, conforme seu estilo ou a ênfase que quisesse dar ao contexto: Seu Pedro, venho aqui para ajudar no mutirão. Venho aqui para ajudar no mutirão, Seu Pedro.

São duas frases simples, e a primeira fica bem evidente, mais objetiva que a segunda, modelo redacional, talvez, pouco usado por grande maioria.

Cada um tem seu estilo: Mãe, vou sair agora, e a senhora quer alguma coisa que eu possa trazer da rua? (Um modelo redacional, que pode variar em dois outros).

Vou sair agora, mãe, e a senhora quer alguma coisa que eu possa trazer da rua?

Vou sair agora, e a senhora quer alguma coisa que eu possa trazer da rua, mãe?

(Entenda-se, pela pressa de falar ou se alguém transcrever a última frase, ao ouvi-la, que não se venha dizer ‘que eu possa trazer da rua mãe‘, o que não estaria longe de acontecer.)

Bom lembrar que o vocativo indica a pessoa com quem se fala, e o uso da vírgula para separar esse termo de outro é obrigatório. Seu Pedro, o senhor vai viajar hoje?

Muitos não entendem esse critério e deixam de usar a vírgula, o que prejudica.

Pode, ainda, acontecer que um intérprete use um estilo que transforme o vocativo em aposto, mas, mesmo assim, deve vir separados pela(s) vírgula(s).

Ao chegar, o chegante disse a Seu Pedro, o dono da fazenda, que viria ajudar no mutirão.

(Um escritor de pouca experiência redacional (?) me consulta para revisar seu livro, com 161 páginas. Aceitei o encargo, mas levei cerca de 15 dias, contando que analisei uma média de 15 páginas diariamente. Mais que isso, haveria cansaço, e a mente poderia deixar enganos passarem despercebidos. Foram encontrados, com muitos repetidos, cerca de 3.000 enganos, a sua maioria envolvendo o uso da vírgula, como em vocativos; acentos gráficos, aspas simples e aspas duplas, uso de maiúsculas e minúsculas, do hífen para diferenciá-lo do travessão etc., fatos que não são notados na linguagem falada. Nota-se que alguém, por outro lado, quer escrever como se fosse falando, ou vice-versa, o que não é bom.)

As frases:

O Comando da PM de Minas Gerais (CPMMG) prendeu o meliante Zorba. (Modelo similar encontrado: O Comando da PM de Minas Gerais (CPMMG), prendeu o meliante Zorba. (Foi usada vírgula entre o sujeito e o verbo, que é indevida, mesmo com o uso de parênteses.)

A 18a. Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) foi informada por populares, na tarde deste sábado, de uma invasão no Setor Sul da Cidade.

(… CIPM, foi …), isso não.

Um grupo de estudantes da Cidade de Montepio protestou na manhã desta segunda-feira sobre a falta de transporte escolar para chegarem a suas respetivas escolas. Nunca usar Cidade de Montepio, protestou

O motorista, que não teve o nome identificado, evadiu-se do loca. Não usar: O motorista que não teve o nome identificado, evadiu-se do local. Ou: O motorista que evadiu-se do local, não teve o nome identificado.

Gravações feitas por populares e divulgadas na redes sociais mostram um carro abandonado. (Não pode haver vírgula entre redes sociais e mostram (… nas redes sociais, mostram).

De acordo com informações, agentes do Pelotão de Emprego Tático (PETO) faziam rondas na região e notaram pessoas em atitude suspeita. (Costuma aparecer a vírgula incorreta após a sigla PETO, mesmo entre parênteses, o que não deve ser).

As frases são similares, e a vírgula entre o sujeito, mesmo com a sigla em destaque, e o verbo não pode existir.

Este o exemplo comentado hoje. Abraços.

 

João Carlos de Oliveira

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