(Após esta análise, vêm as respostas da ‘tarefa’ do último texto.)
Tem havido a pronúncia, ligeiramente estranha, do adjetivo ‘gratuito‘ como se nele houvesse o hiato u-í, com entonação forçada – gra-tu-í-to -, transformando-o numa palavra tetrassilábica. O modelo a ser seguido para a boa pronúncia do ditongo decrescente UI está em ‘for-tui-to’, vocábulo trissílabo.
Recorde-se de outras palavras que tenham esse ditongo, mesmo que entre elas haja algumas formas verbais – ui!, fui, flui, influi, distribui, obstrui, retribui, cuida, cuidado, descuido, descuida.
UI é ditongo decrescente por quê? Por que ‘u’ é vogal (forte) e ‘i’, semivogal (fraca). Não se trata do hiato ‘u-í’ em po-lu-í-do, ru-í-na, su-í-no etc. Repita a pronúncia correta ‘para treinar’ e tirar sua dúvida – ui (uma sílaba) e não ‘u-í’, duas.
Lembre-se destes vocábulos – circuito, fortuito, fluido (não se trata de ‘fluído’ – o particípio do verbo fluir – a água tinha fluído pelo ralo), intuito. Quando se pronuncia, corretamente, a palavra ‘descuido’, têm-se três sílabas: des-cui-do. A sílaba ‘cui’ segue o mesmo padrão de ‘ui’ em ‘gratuito’. Pense um pouco mais. E ‘muito’ lhe oferece dificuldade para pronunciar? Trata-se da mesma fonologia, só que ‘ui’ em ‘gratuito’ é aberto, e em ‘muito’, fechado. Note que, se você falar ‘gra-tu-í-to’ (é apenas para comparar), você teria que dizer ‘cir-cu-í-to’. E você a pronuncia assim? Certamente, não. Logo, não pronuncie ‘gratuito’ como palavra com quatro sílabas, mesmo no plural.
Palavras monossílabas com o ditongo decrescente UI: ui!, fui, flui, Rui; dissílabas: influi, fluido (líquido, como o usado em isqueiro), cuido, druida (sacerdote entre os gauleses e bretões); trissílabos: circuito, fortuito, intuito, restitui e GRATUITO. O verbo continuar, no presente do subjuntivo, tem a forma ‘continue’, com pronúncia similar, mas a grafia se distingue – ue, e não ui.
Cuidado! O vocábulo ‘ruído’ (ru-í-do), com três sílabas, segue o mesmo modelo da pronúncia de flu-í-do (não é o substantivo fluido), como em distribuído, instituído, retribuído, constituído etc., que são derivados de verbos terminados em UIR, que contribuem para justificar a pronúncia (diferente) de ‘gratuito’, mas a deste não pode ser confundida com a daqueles. Colaborei para dirimir as dúvidas?
Veja as respostas da atividade anterior:
- às (se as pessoas são definidas); a (em se tratando de pessoas desconhecidas). 2. Há (anos). 3. a (dez anos). 4. há 5. a (nunca use ‘apartir de’), mas ‘a partir de’ (o mesmo que ‘a começar de’). 6. a (dois dias…) 7. Há (duas semanas…) 8. a (quem). 9. a (festas)… a (minha casa). Se você definir quais as festas, deve usar “Vou às festas de todos os finais de semana no Clube…) 10. há (verbo), a (pronome oblíquo átono). 11. a… a… a… (todas preposições). 12. à… às… (crase), a… a… (sem o acento grave)… às… (crase). 13. à… à… à… a . 14. à (mesa). 15. à (melancolia). 16. Não ligue àquele homem que lhe diz palavras chulas. Nunca use ‘a aqueles’. A preposição ‘a’ se funde ao fonema inicial ‘a’ de aquele(s), aquela(s), aquilo, formando àquele(s), àquela(s), àquilo.
- No próximo bate-papo, que tal comentarmos sobre ‘toda loja’ e ‘toda a loja’. Estaria correto se usar ‘toda Bahia’? Há diferença entre ‘todo país’ e ‘todo o país’? Aguarde a análise.
Teixeira de Freitas, BA, 27 de novembro de 2016.