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A nação cujo nome – em Português – aparece com grafia dupla

Obra que trata de ‘olhares’ sobre o mundo (Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial, 1ª. edição, junho de 1998, impresso na Espanha, da Reader’s Digest, pág. 444) registra Cingapura: “País insular quente, limpo e próspero cuja área corresponde a menos da metade de Londres, situado no extremo da península continental da Malásia. Densamente povoado, é um importante porto internacional e centro de negócios, e a capital, Cidade de Cingapura, possui muitos arranha-céus de cintilantes fachadas de vidro. Cingapura foi fundada como posto mercantil por Sir Stamford Raffles, em 1819, e atraiu rapidamente negociantes de muitos países. Os chineses constituem 75% da população, os malaios 14% e os indianos 7%” (sic).

Informação o bastante para se entender que se trata de um pequeno país-península, mas região rica. Lembraria, talvez, a ilha-nação Formosa, que disputa com a China a quem ‘caberia’ sua independência política, já que economicamente tem vida própria.

Afinal, Singapura ou Cingapura? Não há o registro de que se trataria de variante gráfica, como nos ensina a Gramática, vocábulos que se grafam de duas maneiras: quota, cota; cotidiano, quotidiano; abdome, abdômen; afeminado, efeminado; louro, loiro; biscouto, biscoito; catorze, quatorze (engraçado alguém pronunciar ‘catorze’ e escrever ‘quatorze’, ou vice-versa, como se percebe em análise de textos); cumular, acumular; maquiagem, maquilagem, entre tantos outros que circulam por aí.

Não sendo variante gráfica, por que sua grafia não é única? Qual seria a forma mais apropriada? Não há pronúncia diferente. A opção seria a ‘visual’ mais atraente? Fato é que se opta pela grafia vista pela primeira vez e nela se confia. Fora do contexto da Reforma Ortográfica, Cingapura parece predominar. Se a nova ‘lei’ diz que a grafia deve ser Singapura, que étimo adotou como base?

E o adjetivo pátrio (ou gentílico)? Cingapurense ou singapurense? Foi encontrado ‘cingapuriano’; assim, podemos registrar, também, singapuriano, que não seria encontrado. O debate poderia pegar ‘fogo’, e ficaria sob o olhar etimológico-semântico de mestres como Antenor Nascentes e Antônio Houaiss, descartada a visão de pequeno blogueiro, como este.

O portentoso Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguêsa (sic) CALDAS AULETE, Editora Delta, sob o comando parcial do etimólogo Antenor Nascentes, não consta cingapurense ou singapurense. Na ordem alfabética do C, como termo pouco conhecido, encontra-se cingalês, do Ceilão; e da do S, singareno, referente a Singaros (sem acento gráfico), cidade antiga da Mesopotâmia.

Em quem mais se pode confiar?

Sondagem com cinco pessoas, 3 registram Cingapura (‘parece mais bonito, e foi assim que vi’, disse uma), e duas, Singapura, sem comentários.

O dicionário TUDO, da Abril Cultural (bem antigo: 1977), registra a grafia ‘Cingapura, país da Ásia, no extremo S da península Malaia, no ponto de encontro entre os oceanos Índico e Pacífico. É formado pela ilha de Cingapura (que se liga ao continente por uma ferrovia construída sobre um aterro no estreito de Johore) e 54 ilhotas espalhadas pelo Índico” (sic), pág. 340.

Mostra uma imagem, com grandes prédios ao fundo, que seria um píer ou porto (caos de embarcações diversas) com a legenda: “Cingapura, capital e centro econômico da República do mesmo nome, é o porto de maior movimento no SE da Ásia” (sic). Se antes ficou registrado ‘extremo S’ (‘S’ de Sul), por que adiante aparece ‘SE’ (de Sudoeste)? Há informações desencontradas, e, no decorrer do texto, a dúvida quanto à grafia. Em outro local, aparece a grafia Johor, e o número de ilhotas passa a 63.

Há outros dados, sobre Economia, História, Independência etc.

Resumo: Nome oficial: República de Cingapura; Capital: Cidade de Cingapura; Superfície: 581 km²; População: 2.200.000 hab (1974); Línguas: malaio, inglês, chinês e tâmil; Religiões: budismo, taoísmo, confucionismo; islamismo e hinduísmo; Moeda: dólar.

População atual: mais de quatro milhões de habitantes (fato indiscutível; predomina rígido controle de natalidade nesse país exemplar para o resto do mundo?).

A revista Veja, edição 2.552, nº 42, de 18/10/2017, em suas páginas amarelas, entrevista com o historiador inglês Adrian Wooldrigde, ‘O Estado Inteligente’ (excelente debate), faz a pergunta “Em que países a quarta revolução já se tornou realidade?” E está registrado: “Singapura é um exemplo poderoso. Era um país que veio do nada nos anos 1950. Um pântano, pobre, parte do império britânico. Tornou-se um dos Estados mais ricos do mundo. Isso por ser aberto para o comércio global, mas também por ter um governo extremamente eficiente.” (sic), e continua. ‘Era’; não ‘é’ mais? É um país rico, que nasceu do nada (diríamos).

A grafia ‘Singapura’ foi por inteira decisão do editor ao verter o texto em Inglês, da entrevista, para o Português, ou está no Manual de Redação da revista e não Cingapura?

Se uma das grandes revistas do País grafa com S, e na maioria dos compêndios se encontra com C, em qual delas o público deve confiar? Não vivemos mais a pseudo-ortografia. A Gramática Normativa, que deve seguir a Gramática Histórica, precisa de uma posição, em que o étimo do vocábulo deve ser seguido: Cingapura ou Singapura?

Apanhando-se dados na Internet, foram encontradas as seguintes colocações: Singapura, que teria origem no Inglês ‘Singapore’, e Cingapura, do Malaio. As duas formas estão ‘em vigor’, embora nada seja comentado no dicionário etimológico. Mais a dúvida permanece. Em tempos estudantis, embora falha a memória, ligeiro resquício mostra ‘Cingapura’, que significa ‘Cidade do Leão’, ou ‘Luz do Sul’. A referência ‘idioma chinês’ nos leva a deduzir o mandarim.

Isso basta, e a escolha deste blogueiro é por Cingapura.

Pausa: 1. Um jovem faz a propaganda de uma loja, falando ao microfone (com boa dicção): “Aproveite esta supermegapromoção”, e acrescentava os preços ‘fantásticos’. Podem ser usados esses dois prefixos ao mesmo tempo, na mesma palavra? Até que podem (como em ‘indispor’). A diferença é que, no caso citado, semanticamente, ‘super’ atrapalha ‘mega’, e vice-versa. Melhor seria que ele usasse uma das seguintes opções: superpromoção, hiperpromoção (pouco usual) ou megapromoção (a máxima). Não faz graça dizer que se trata de megapromoção, por um Real, um pastel e um copo médio de caldo de cana. Quanto à pronúncia com os prefixos juntos, não se percebe qualquer ‘dano’ à palavra, mas, quando a escrevem, o erro pode acontecer: não fica correta a escrita separada (super promoção, hiper promoção, mega promoção), como na maioria das vezes. 2. Podemos usar ‘supercidade, hipermercado, megaevento’. 3. Seria comum ‘Para melhor lhe servir’. Servir é transitivo direto, portanto, ‘Para melhor servi-lo’ (Para melhor o servir). E ainda ‘Somente, Jesus Cristo pode lhe salvar’; melhor, ‘Somente, Jesus Cristo pode salvá-lo’ (Somente, Jesus Cristo o pode salvar).

 

 

 

 

João Carlos de Oliveira

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