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O substantivo terminado por -X em Português (não) poderia ser variável?

A regra diz que o substantivo terminado por (em) -X com o som de ks é invariável: o ônix, os ônix; o tórax, os tórax.

Não seria boa opção ser variável? Qual o argumento dos estudiosos para determinar essa regra? Flexionado, teria pronúncia feia? E que substantivo terminado em -X não tem essa pronúncia?

Fonologicamente, ônix, no plural, teria pronúncia ‘culta’ e ‘evoluída’: ônixes! Por que não?

Se essa flexão não for um viés admissível, poderiam ser aceitas duas formas: os ônix, os ônixes; os tórax, os tóraxes (?). O Inglês aceita as flexões the fox e the foxes (a raposa, as raposas), assim como the ox e the oxen (o boi, os bois). O Português é irredutível?

Se todo idioma, de modo geral, é múltiplo e variável, por que o Português não admitiu dupla flexão para esse tipo de vocábulo, uma vez que temos abdomens e abdômenes, hifens e hífenes? As supostas flexões de ônix não teriam sido nem discutidas?

Essa variante passou despercebida dos filólogos ou simplesmente determinaram a regra com absoluta rigidez, e pronto? Quem quiser aprender e usar, bem; quem não quiser, amém! Teria sido assim?

Tórax, singular; ‘tóraxes’, plural, assim como rapaz, rapazes. Não haveria semelhança fônica entre o X e o Z? Se o sistema gramatical adotou tórax para ambas as formas, por que não adotou as formas ‘a noz’ e ‘as noz’?

Se adotou ‘noz, nozes’, por que não vislumbrou performance diferente e culta em a fênix e as fênixes?

Os termos terminados por -X oportunizam discussão nova, não mansa ou ao pé da letra, mas pluralista sob o prisma de vários aspectos.

Segundo a Fonologia da Gramática Normativa do Português do Brasil, se são palavras invariáveis por terminarem em -X , acentuadas graficamente por serem paroxítonas, por que, então, é aceita a variante xerox (sem acento agudo) e Félix, fênix, ônix e tórax são, obrigatoriamente, palavras acentuadas com o agudo?

Fica fácil entendermos a discussão aqui apresentada, ou não fica?

Não seria agradável a pronúncia Fe-lix (assinalando-a como oxítona) assim como o-nix, to-rax etc. Entretanto, no dia a dia, encontramos com abundância a variante gráfico-fonológica ‘la-tex‘ (sem acento agudo, cuja sílaba forte é a última, portanto, vocábulo oxítona), muito usada comercial e popularmente.

Chega-se a supor que a opção por ‘la-tex‘ (sem sinal gráfico) teria sido para deslanchar o produto, antes palavra usada com relação a borracha, e facilitar a sua divulgação no meio popular.

Mas o populacho entende, vê as variantes látex e latex por esse aspecto? Assim, teriam sido xérox e xerox? Há quem afirme em bom som que a forma acentuada representa a empresa, e a não-acentuada, a cópia, chamada pelos doutos de xerocópia. Essas alternativas teriam, simplesmente, tino comercial?

Certo é, no entanto, que com acento (látex) poderia oferecer receio de pronúncia, e sem (latex), a obviedade é clara: tasca-se na voz o que se vê na escrita.

E de novo surge a discussão: se há látex e latex, xérox e xerox, por que não haver as xéroxes, ou, pelo menos, as xérox e as xéroxes?

O que seria modelo para uma palavra não o seria para outras? Não haveria nessa história uma chamada ‘súmula vinculante’ gramatical?

Este comentarista quer insinuar que o critério adotado gramaticalmente pelos doutos da época para determinar que vocábulos terminados por -X sejam invariáveis pode ser frágil ou inseguro, que tem um sopé contestável, isto é, que o lastro semântico-gráfico-fonológico não é incontestável.

Para quem estuda o idioma vê em cada vocábulo três nuanças: a grafia, a pronúncia e a semântica (ou o significado), podendo enxergar, ainda, a possibilidade de ser variável ou invariável. No mínimo, isso.

Se é aceita a variante gráfica xerox (comparada a xérox), poderíamos bater o pé e dizer que o plural mais audível, mais gramatical e mais lógico de ‘as xérox’ seria ‘as xéroxes’, soante, bonita, poética, lógica, uma vez que temos as luzes, os abajures, os lilases, os hífenes etc.

Outros idiomas são altamente cúmplices com aspectos populares, altercando-os com o nível culto, por que não o somos?

Deixem o povo falar de forma aberta: as folhas, as ‘foias’; as pessoas, as ‘pessoa’; os meninos, os ‘menino’; os dez Reais, os dez ‘Real’ etc. Assim, teremos, sob o olhar de bons ouvidos, ‘as fênixes’.

Há boa relação de vocábulos terminados por essa consoante relaxante e rica, de pronúncia diversa: o X tem vários valores fonéticos (sons) quando intercalado (auxiliar, crucifixo, prolixo, anexo, trouxe, extra, máximo, exímio, excedente etc.), daí admitirmos que sua variedade fônica continua mesmo estando no final do vocábulo, a depender do sotaque regionalista: dúplex ou duplex; tríplex ou triplex, sabendo que o mundo comercial faz nascer novas grafias: durex, inox, Spacex, durepox etc. Que tal: detox ou détox? Botox ou bótox? O que é um índex?

Você conhece a palavra ‘unissex’, muito usada no mundo da moda? Essa grafia seria a correta respeitados os critérios da Nomenclatura Gramatical Brasileira? Chamemos um filólogo para dar sua resposta e justificá-la, e ele certamente poderia sugerir outra versão gráfica.

Assim, vista a nossa Fonologia, as grafias unissex, unisex, unissexy e unisexy fomentariam debate, já que poderiam atender aos nossos requisitos regionais. Mas a que melhor se adapta a nosso timbre é unisséxi, tomando-se por base a origem inglesa ‘unisex’. Há chorumela!

A forma aportuguesada deve seguir, primeiro, o aspecto fonológico, e este se adapta ao gráfico. Simplesmente, unisex, puro anglicanismo, não comunga com nossa linguagem açucarada, e ‘unissex’ não teria base sólida, gerando pseudo-ortografia, como em priscas eras de uma gramática frouxa, enxabida e flácida.

Apresentemos a mais provável relação de palavras terminadas por -X em Língua Portuguesa: Ajax (marca comercial?), dúplex, lucoflex, multiplex, pirex, prafentex (gíria), quadruplex (se há os elementos du e tri, surge qua), reflex, triplex, e o famoso unissex (substituído por unisséxi).

Ônix (já citada) e a famosa palavra fênix, nascida do Grego phoînix, ou phoenix, tão bonita e poética, usada em todo o mundo.

A cidade americana Phoenix é cosmopolita.

Admirador de ‘pessoas raras e famosas’ (as fênixes), sob olhar musical, cito, com orgulho, o grupo musical Las Fenix, de origem mexicana, radicado em Houston, EUA. São cinco moças belas, educadas, grandes musicistas, que nos causam espanto com seu ritmo e performance melódica. Certamente, se fossem brasileiras, diríamos que teríamos um grande conjunto musical; não sendo brasilianas, mas brasilianistas (devem admirar também o Brasil), são merecedoras deste registro.

Ouvi muito, e ainda ouço, o grupo escocês ABBA, além do Be Gees, todos admiráveis.

Na carreira solo, no Brasil, hasteemos a bandeira de louvor para Chiquinha Gonzaga e Clara Nunes, portadora de radiante musicalidade. Em Portugal, a fadista Amália Rodrigues e a atual Mariza deixam toda gente que gosta de música como água nos olhos. Não vamos longe, e citemos The Beatles, Nat King Cole, Elvis Presley, Frank Sinatra etc. No Brasil da Ditadura, Chico Buarque de Holanda e mais outros.

Vivendo o mundo da Internet, buscando vídeos de músicas que se possam ouvir (não se trata de conjuntos que usam apenas a coreografia e o corpo), encontramos dois pequenos irmãos mexicanos, Yaxeni, menina de seus dez anos, e Ricardo, seu irmão, de 6 a 7 anos, que formam o conjunto Los Luzeros. São grandiosos e prodigiosos. Alguém seria o homem mais feliz do mundo, um homem simples, como o pai dos dois, se esses talentos fossem seus filhos. Quem está aqui agora, se não os conhece, vai encontrá-los cantando canções lindas, como ’40 Cartas’, com milhões de acessos. Há protesto e poesia, e Yaxeni, além de musicista e cantora, é declamadora.

E pela demonstração de admiração e respeito adquiridos ouvindo Las Fenix, eis as componentes: Berna, que toca acordeão e canta muito bem; Lesli, que toca guitarra e também canta; Adela, a baterista ou percussionista, que canta bem; e as duas flores imarcescíveis: Nadia (sem acento agudo, no seu idioma), a mais madura do grupo: toca baixo e dança com elegância, simples e bonita; também canta; e Anahi, a caçula, que promete muito (vide a música Libro Abierto), segunda baterista ou percussionista do grupo. Músicas para se sentir: Cuando los Frijoles Bailan, Flores de Tu Florero.

Fugindo à regra do objetivo deste site (comentar o Português, idioma vetusto), por causa da palavra fênix, cujo plural seria fênixes, é que veio o tino de citar o grupo musical Las Fenix. Criticado, mas seguro de expor homenagem a quem canta com a alma. O desejo de vê-lo tocando com Los Luzeros, ou interpretando a canção universal La Paloma, uma das mais famosas e bonitas, é que saio do pedestal da rigidez. Las Fenix interpreta Chiquitita muito bem, não ao nível de ABBA, motivo por que poderia arriscar La Paloma. Não se vai dar mal.

Box, flox, fox, lox, monox, redox, solovox, trox, velox (que deu origem a veloz), e as duas mais usuais: botox, tão em voga, e xerox.

Com UX? A flux, lux (Fiat lux: Faça-se a luz; latinismo) e uma que o poeta gostaria de usar: Marilux. nome de sua musa.

Obrigado por ter gostado de algum momento deste comentário.

 

João Carlos de Oliveira

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