O sintagma acima apostrofado fez parte de um artigo especial divulgado em site.
Notamos, de imediato, dois lapsos redacionais em sua linguagem, mas, apesar disso, continha frases soberanas, sob os olhares de bom esclarecimento. Achei-o interessante (sem revelar a fonte e a tese).
Pelo que nos ensina e preceitua a Gramática Normativa, ‘por que‘, nesse caso, já que está precedido de artigo definido masculino singular (o), deve ser grafado ‘o porquê‘, como palavra substantivada: junto e acentuado.
Qual o porquê disso? Diga-nos o porquê de você ter agido assim, Manuel. Não sabemos, ainda, o porquê dos crimes brutais acontecidos no DF na semana finda.
Este escrevinhador entende que, se o redator do artigo assim o quisesse, poderia ter optado por esta redação: ‘O cientistas não sabem por que isso acontece’, sem nenhum prejuízo ao conteúdo temático, e mantida toda a semântica do enunciado.
Além da obrigação de ‘por que‘, no enunciado inicial, estar junto e acentuado (o porquê), uma vez que o sujeito da segunda parte do período é o pronome demonstrativo ‘isso‘, este pronome, ora sujeito, não poderia estar ‘aglutinado’ à preposição ‘de‘: ‘Os cientistas não sabem o porquê de isso acontecer’, mesmo que essa redação não seja habitual ou costumeira. Parece incorreta, mas é assim que se deve escrever, seguindo o modelo ‘Está na hora de a onça beber água’.
Note como são diferentes estes dizeres, cada um com sua redação.
Esta é a vez dele.
Esta é a vez de ele ir.
Tudo aconteceu antes dele.
Tudo aconteceu antes de ele ir (antes de ela sair, antes de ele viajar), assim como falamos Os fatos aconteceram antes de nós viajarmos.
Mais expressões.
Está na hora dele ir trabalhar. Esta redação não acata a norma gramatical, porque ‘ele‘, pronome pessoal reto, que funciona como sujeito na frase, não pode estar com a preposição ‘de’ aglutinada.
Está na hora de ele ir trabalhar.
Compare mais estas: Antes de o Presidente da República ocupar o Palácio do Planalto, depredaram tudo, incluindo o Congresso Nacional e o STF.
Não seria boa redação ser dito: Antes do Presidente ocupar o Palácio do Planalto…
Por todos esses exemplos, fica claro que o redator, ao usar a linguagem culta, deve ter todo o cuidado para não aglutinar a preposição ‘de’ ao sujeito da frase sequencial ou a um termo que o preceda.
Preposição e sujeito ficam separados, uma vez que há um verbo.
Antes de ele falar… Depois de ela chegar… Na hora de o menino vestir a roupa…
O modelo-charme é a frase Está na hora de a onça beber água (linguagem culta), usada na linguagem popular ‘Está na hora da onça beber água’.
Nota: Esclareço aos distintos visitantes que fiquei algumas vezes, em dias anteriores, sem postar artigos, como forma de protesto ao ‘órgão’ que normatiza este tipo de site, que me tem alegado irregularidade, mas não esclarece qual, e tem bloqueado possíveis direitos autorais.
A empresa só existe, ou sobrevive, quando há o cliente, assim como a escola vive porque alunos acreditam nela. O comércio sem cliente é morto. A atendente de loja ou estabelecimento público maltrata o cliente, que deixa de ir lá, e, como consequência, ela perde sua função, pois o setor fecha as portas. Vivemos esses ‘odores fétidos’ no dia a dia.
Todas as publicações, de hoje em diante, terão maior espaço de tempo entre uma e outra, com tamanho menor em referência às anteriores. Talvez, pequeninas.
Fechando o dito e o não-dito, este esclarecimento.
Usam abundantemente a frase apelativa ‘Num sai daí, que voltamos (volto) já’, dando a entender que a forma verbal estaria no imperativo afirmativo, o que não é verdade.
Se o redator opta pela pessoa você, deve dizer ‘Não saia daí, que volto já’.
Se a forma de tratamento for o pronome tu, que pouco se usa, a redação obrigatória é: Não saias daí, que volto já.
Se for o nós: Não saiamos daí, que volto já.
(Esse modelo pode ser usado de forma enfática ou metafórica, como se o próprio falante estivesse incluído entre os ouvintes.)
Se for o vós: Não saiais daí, que volto já.
Se for o vocês: Não saiam daí, que volto já.
Em outra situação, o ‘Não sai daí’ é que pode ser usado, não como frase apelativa, no imperativo afirmativo, mas como frase afirmativa no indicativo presente: O morador de rua fica o dia inteiro no banco da praça, e não sai daí um só instante.
Se você notou que a frase inicial registrou ‘Num sai daí’, é que desse modo que os anunciantes falam, usando a linguagem popular. ‘Num’ não se trata da combinação da preposição em com o artigo indefinido um, como Ele está num estado crítico, mas de um não bem arretado: Num vou com você, nem vivo nem morto.
Aliás, a Gramática Normativa e o léxico chamam esse num de combinação, e isso desagrada. Combinação é quando os elementos mórficos não se alteram, como ao: Fui ao clube (fui a o clube), e no caso acima temos uma aglutinação, ou seria contração, em que há a perda de fonema(s): em+um torna-se igual a num, como de+um, igual a dum. Falou dum sujeito desconhecido.
Abraços fraternais.