0

‘Bora pra aula, que agora é de Dona Hildete’, frase ouvida no pátio de um estabelecimento de ensino público

O objetivo de agora não é falar do ensino público ou privado, mas de nomes de pessoas, o Vocabulário Onomástico. Dona Hildete, nome carinhoso derivado de Hilda, foi a mestra citada pelo grupo de gazeteiros, com receio de levar uma nota baixa nos exames, e por que a aula dela seria uma das melhores desse educandário ginasial (nível de ensino fundamental, de então).

Dona Hildete, mesmo com toda a sua simpatia, era rigorosa, e a perda de uma aula sua, sabendo que o aluno fez isso por vontade própria, isto é, gazeteou a aula da mestra, poderia implicar uma nota baixa, além de não ganhar participação.

Motivado por esse fato, ouvindo, como se fosse hoje, essa pronúncia (‘hildete’), é que este escrevinhador resolve fazer uma análise rústica de alguns nomes femininos com H e Z, muito parecidos.

Hilda, do Teutônico, também chamado Germânico ou Alemão, com o significado de ‘donzela de batalha’; o mesmo que Hilde.

Ilda, também do Teutônico, com o valor semântico de ‘grande batalha’. Interessante observar que os nomes se assemelham tanto na grafia como no significado, assim como temos Hélio, o Sol, e Élio, uma corruptela do primeiro. Podemos encontrar Hélia, do Grego, nome feminino, mas com o sentido de ‘iniciativa, responsabilidade’.

Zilda, aquela moça simples, que atendia a todos com um sorriso, na venda da esquina, no bairro popular da cidade. Zilda não tinha namorado, apenas, os pretendentes, que não se encorajavam a pedi-la em namoro. Ela foi ficando assim, até que entrou no caritó, e faleceu beata aos seus 90 anos.

Hildete, diminutivo de Hilda, o nome que personaliza a mestra dedicada aos pupilos e ao magistério sacerdotal, que durou seus 30 e mais anos, uma vez que se aposentou aos 25 anos de atividade professoral em MG, mas continuou por mais um bom tempo em outra unidade escolar. Deixou sua marca indelével.

Ildete, diminutivo de Ilda, a menina de cabelos ruivos, sapeca, vendedora de guloseimas, as quitandas ou quitutes, doces maravilhosos feitos por sua mãe, que davam sobrevivência à família, nunca mais foi vista no seu bairro. Mudou-se? Casou-se? Ildete era sobrinha de Simone, uma musa, de passos elegantes, que também não teria sido mais vista. Dizem que se casou com um vaqueiro de nome diferente, Zenóbio, foi morar numa fazenda distante desse local e passou a criar animais domésticos: galináceos e suínos.

Zildete, um doce de pessoa, a pequena Zilda, mas era um mulherão, no dizer popular. Todos a admiravam, e veio a se casar com um ex-colega de escola, baixinho, cuja estatura chamava a atenção quando ao lado dela, a passearem de mãos dadas. O casal teve uma ‘penca’ de filhos: 12, se não falha a memória. O povo dizia: “Eles têm uma ‘renca’ de meninos e meninas”. Bom os lembrarmos com carinho.

São muito parecidos tanto no aspecto gráfico quanto semântico, como se repete a chamar a atenção.

Zilda, segundo um estudo de significado de nomes de pessoas, tem origem no Germânico e significa ‘a guerreira da vitória’. Essa sonoridade nos agrada aos ouvidos: ‘ilda’, ‘zilda’, ‘elda’ etc.

Parecido com Zilda, temos Zelda, de origem semita, que tem o valor semântico de ‘aquela que é feliz’, ou a felicidade. O nome atrativo é um charme, doce, meigo e agradável, a se combinar com o comportamento de quem o possui, o que fica melhor.

Vá associando os nomes: Zilda, Zelda, Zélia (do Grego), este tem o lindo charme: ‘bela’.

Chegamos a Zelita, diminutivo de Zélia.

Associe ainda: Elda, uma variação de Alda, que quer dizer ‘a velha, sábia e rica’, isto no vocabulário hispânico, que seria o Espanhol, cuja espinha dorsal varia para Castelhano.

A sonoridade é marcante, e quando se escuta ‘elda’, podemos pensar em ‘Elba’, a ilha italiana, nome famoso, como Elba Ramalho.

De Elba, passamos a Elga, nome germânico ou gótico, que preceitua o significado ‘de origem sagrada’.

Voltando a mais alguns com as iniciais H e Z, são encontrados, entre outros, estes:

Haiba, nome africano, que significa ‘charme’.

Haidê, do Grego, ‘modesta, honrada’.

Haidée, do Francês, ‘auxiliadora’.

Hala, do Árabe, ‘doçura’.

Hana, do Árabe, ‘felicidade’.

Hava, do Hebraico, variante hebraica de Eva.

Hebe, do Grego, ‘juventude, mocidade’. Nome da deusa mitológica da Juventude.

Heda, do Germânico, ‘luta’.

Hedi, do Grego, ‘suave, doce’. Essa grafia originou os nomes Edi e Edy, também usados como antropônimos?

Hele, do Grego, filha de Atamas, rei de Tebas.

Hiba, do Africano, ‘presente’.

Hirana, do Hebraico, ‘a mais ilustre’.

Hissa, do Africano, ‘perdão’.

Preciso lembrar que na minha infância havia uma senhora na região conhecida como Dona Hipólita, nome grego, cujo significado é ‘aquela que libera os cavalos da prisão’. Isso é curioso. ‘Hipo’ significa cavalo, daí os termos hipismo, hipódromo, hípico.

Zada, do Árabe, ‘aquela que tem sorte’.

Zafira, nome árabe, ‘graciosa’.

Zahira, cuja pronúncia seria ‘zarrira’, do Muçulmano, ‘botão de flor de cor amável’.

Zaíra, ou Zaira, do Árabe, ‘a visitante, florida, aquela que tem pele brilhante’.

Zane, nome hebraico, ‘presente gracioso a Deus’.

Zânia, nome grego, ‘aquela que se hospeda’.

Zara, nome bíblico, ‘luminosidade’; descendente de Tamar, que era casada com o filho de Judá.

Zayn, nome muçulmano, ‘graciosa, maravilhosa’.

A relação de nomes para meninas com Z é interessante, da qual relacionei alguns acima, todos bonitos. Fiquei curioso: por que o autor do livrinho de nomes não citou alguns de origem indígena? Mas encontrei um: Zaltana, ‘a montanha alta’.

Vejo a pesquisa e mesclo as devidas observações.

Para fechar, lendo um artigo sobre empresas, teria sido criado o nome de fachada, ou fantasia, ‘Alrora‘, bonita invenção, um neologismo, com a evidência de que não invada os direitos de empresa com o nome Aurora, o que temos que acatar. Se o inventor de ‘Alrora’ (que fica com a pronúncia literal de ‘aur-ro-ra’, um pouco difícil de falar) quisesse, poderia ter optado por Haurora ou Aurorah, em que temos o H mudo, e continuaria respeitando a marca conhecida.

No momento do registro de uma empresa nova, mesmo com a obrigação de respeito aos direitos de outra já existente, algo pode coincidir, e para não haver nome igual, acatando o ditame legal, fica pesado encontrar um caminho. Uma consulta a vocabulários e a bons entendedores do processo de formação de palavras pode ajudar, com a possibilidade de neologismos.

Seria esse caso? Alrora poderia ter sido Haurora, Haurorah ou Aurorah, em que a pronúncia e grafia são similares, mas nada igual.

Abraços.

 

 

 

João Carlos de Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *