Hidroterapia e aquaterapia; hipoterapia e equoterapia

Crianças ‘nadando’ em piscinas apropriadas, com o sorriso estampado na face, buscando tratamento de saúde, acompanhadas por especialistas.

Crianças especiais montadas em cavalos adestrados, com o mesmo objetivo. Momento solene, delicado e poético, sob o lombo de animais muito dóceis, acompanhados por profissionais especializados (fisioterapeutas).

Trata-se de uma terapia pluralista: o indivíduo com deficiência ou necessidades especiais orientado no leito d’água; outra em que o animal tem contribuição específica para a recuperação de seu ‘paciente’.

Absortos, vemos, nesse entrosamento salutar, a grandeza da simbiose para a melhoria de vida de quem está ali.

Como se chamam esses processos? Um em que a ‘mestra’ é a água; outro em que o ‘mestre’ é um animal adestrado.

Feita a pergunta ao especialista na área, certamente, não teria dificuldade para dar a resposta, nem consideraria ‘curiosidade’ o domínio linguístico dos termos, mas para o leigo o fato de aprender os nomes dados a essas atividades terapêuticas implica um saber moderno.

A primeira vez em que os nomes são escritos ou pronunciados suscita um motivo a mais de orgulho para o cidadão comum (acredita-se) em virtude de vir a saber palavras difíceis ou inusitadas.

Ei-las, meu amigo, minha amiga!

Hidroterapia. Do Grego ‘hidro’ (água), hidroterapia é o ‘conjunto dos métodos terapêuticos que aproveitam as propriedades físicas e químicas da água sob diferentes formas’ (definição de um dicionário), visando à recuperação físico-mental de um paciente (criança ou adulto).

Aquaterapia. Do Latim ‘aqua’ (água), aquaterapia é hidroterapia, mesmo que um especialista na área paramédica diga que há diferenças entre um método e outro: sim, hidroterapia ou fisioterapia aquática é o mesmo que aquaterapia.

Hipoterapia. A curiosidade, para o leigo, é que esse mesmo tratamento pode ser realizado com cavalos (ou muares). Sob novo nome, por opção, o processo, com base no radical grego ‘hipo’ (cavalo), é chamado hipoterapia.

Equoterapia. Como de hidroterapia se passa a aquaterapia, de hipoterapia se passa a equoterapia. No Latim, cavalo é Equus, radical que gera a forma vernaculizada ‘equo’, dai equoterapia, que pertence à família etimológica ‘equestre, equino, equídeo, equinocultor’ etc.

São vocábulos interessantes, sob o viés dos neologismos, empregados na fisioterapia moderna. Pode-se admitir que causaram impacto no momento de sua primeira divulgação. Quando os vi em textos jornalísticos, em data não tão remota, fiquei curioso e parti em busca de uma explicação vernáculo-linguística, cuja definição não se parece tão fácil; no campo da fisioterapia, o prisma pode ser outro. Por isso, a tentativa de explicá-los. Usamos hidrovia para designar rio navegável usado como meio de transporte (rio Paraná, no Brasil). Palavra híbrida: hidro (Grego) e via (Latim). Sinônimo: aquavia (radicais latinos), mas pouco preferível pela sua sonoridade.

Pausa. 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, evento cívico que no Brasil ganha envergadura social de muitas facetas. Importante sustentar que a comemoração é necessária, mas, em nosso País, esquecemo-nos de 30 de abril, data em que devemos celebrar com orgulho O DIA NACIONAL DA MULHER, em homenagem a Jerônima Mesquita, personagem pouco conhecida em nossa História. Por que essa culpa?

Nasceu em Leopoldina, MG, em 30 de abril de 1880. De vida longeva, faleceu no RJ em 1972. Por imposição da família, casou-se com um primo aos 17 anos, de quem dois anos após se separou. Como conta a História, não quis mais se casar e partiu para a luta em defesa da família, dos escravos e de mulheres que ‘tinham muito menos que ela’, como nos ensina o artigo da jornalista-historiadora Márcia Pinna Raspanti. Ingressou na Cruz Vermelha Internacional, em Paris, como voluntária, em tempos bélicos. Foi uma das pioneiras em defesa do voto feminino, consolidado por Getúlio Vargas. Ao lado de outras companheiras, fundou O CONSELHO NACIONAL DE MULHERES DO BRASIL (CNMB), em 1947.

Permitiu que os escravos de sua fazenda tivessem aulas de música, e tinham sua própria orquestra. Membros de sua família, em Leopoldina, foram os primeiros a libertar os escravos antes da Lei Áurea, em 1886. Ajudou com os próprios bens crianças e mulheres tuberculosas na região serrana fluminense. Lutou contra a fome, a febre amarela e a varíola no início do século 20.

Em sua homenagem, a Lei federal de nº. 6.791 (09/06/80), de autoria do deputado federal paraense João Menezes, criando o Dia Nacional da Mulher, foi sancionada por João Figueiredo. Foi aceito que esse dia seria 30 de abril, data de seu nascimento, aprovada no Congresso Nacional após a mobilização de cerca de 300 mulheres, em 1972, que consideraram oportuno ‘termos’ mais uma data (a comemorar a importância da mulher), além do 08 de Março.

Jerônima Mesquita foi feminista, sufragista e assistente social, apesar de abastada. Se o leitor considerar oportuno, torna-se fácil encontrar a história de vida dessa mineira, em especial sob o título ‘JERÔNIMA MESQUITA E O DIA NACIONAL DA MULHER’.

Teixeira de Freitas, BA, 08 de março de 2017.