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Plurais que requerem atenção: abdômenes, açúcares, álcoois, alugueres, frízeres, projetis, reptis, entre outros

Antes do comentário, um lembrete: 05 de Maio é uma data cívico-cultural, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, abrangendo 9 países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, além de outras regiões, como Macau, na China.

A regra básica para a flexão de um substantivo no plural é o acréscimo do elemento mórfico s, designativo do plural. Justo que nem todos os substantivos seguem esse critério, mas essa é a forma tradicional de se fazer o plural.

A Gramática Normativa nos diz que esse caso é usado para todos os substantivos terminados em vogal, ditongo (crescente e decrescente) e hiato.

A casa, as casas. A trempe, as trempes. O xixi, os xixis. O frenesi, os frenesis. O menino, os meninos. O peru, os perus.

A águia, as águias. Séria, sérias. A série, as séries. O comício, os comícios. A mágoa, as mágoas. O resíduo, os resíduos (ditongos crescentes).

O pai, os pais. Cuidado com a grafia do substantivo ‘país’, que está no singular e contém hiato, cujo plural é ‘países’. Um pau, dois paus. O chapéu, os chapéus (os céus, os véus, os Romeus). O cacau, os cacaus. Mastaréu, mastaréus; o mausoléu, os mausoléus. O xibiu, os xibius (ditongos decrescentes).

Não são citados aqui os casos de substantivos terminados em ão, que fazem plurais diversos em ões, ães e ãos: limões, alemães, cidadãos. Os Joões. Os joões-ninguém.

O piá, os piás. O fuzuê, os fuzuês. O açaí, os açaís. O curió, os curiós. O baú, os baús. O xibio, os xibios (diamante de cortar vidro). Confronte-o com xibiu, que pode ser a vagina, termo chulo, ou uma variante gráfica de xibio. Esses são hiatos.

Após esses casos, vêm as regras de pluralização de substantivos terminados em consoantes, a partir de L, M, N, R, S, X, Z.

Nesse metiê, cujas regras são diversificadas, comumente, temos os casos especiais, que oferecem dúvidas, entre os quais os que foram citados no título.

Palavras com L: o pantanal, os pantanais; o painel, os painéis; o fuzil, os fuzis; o Sol, os Sóis; o paul, os pauis. Os nomes próprios, também, seguem essa norma gramatical, embora isso possa parecer estranho para alguns: o Durval, os Durvais; o Noel, os Noéis; o Manuel, os Manuéis; o Cordovil, os Cordovis; o Raul, os Rauis. As Raquéis.

Palavras com M: homem, homens (as muito usadas, em que se troca M por NS; ou se diz: exclui-se M e acrescenta NS). Item, itens. Capim, capins. Bombom, bombons. Cupom, cupons (o mesmo que cupão, cupões). Algum, alguns. Atum, atuns. Bodum, boduns. Tucum, tucuns.

Palavras terminadas em N: abdômen, abdomens, ou abdômenes (o mesmo que abdome, abdomes). Hífen, hifens, ou hífenes. Hímen, himens, ou hímenes. Pólen, polens. Nêutron, nêutrons. (Lembre-se de que este vocábulo nada tem a ver com o adjetivo ‘neutro’.) Certo nome próprio segue critério especial: o Nélson, os Nélsons. Variante gráfica: Nérson, Nérsons, como Ânderson, Ândersons, ou que se aceite a grafia sem o acento circunflexo: Anderson, Andersons.

Palavras terminadas em R, cujo plural segue o critério do acréscimo de ES: o açúcar, os açúcares; o bazar, os bazares; o repórter, os repórteres; o frízer, os frízeres (formas aportuguesadas de freezer e freezers, em Inglês; a grafia em Português seria mais conveniente). O faquir, os faquires; o mentor, os mentores; o abajur, os abajures.

Palavras terminadas em S: o ás, os ases; o viés, os vieses; o bis, os bises; o Luís, os Luíses; o xis, os xis; o cós, os coses; o obus, os obuses (tipo de arma de guerra). O pus, os puses.

Palavras terminadas em X: normalmente, segundo o critério gramatical, são vocábulos invariáveis: a fênix, as fênix; o clímax, os clímax; o ônix, os ônix; o tórax, os tórax, mas a Medicina chega a usar os tóraxes. O dúplex, os dúplex; o botox, os botox; o tríplex, os tríplex, mas o box, os boxes; o fax, os faxes; o fox, os foxes.

Na evolução tecnológico-digital, deve-se usar o Pix, os Pixes.

Palavras terminadas em Z: o rapaz, os rapazes; o contumaz, os contumazes; a perdiz, as perdizes; a diretriz, as diretrizes. A bissetriz, as bissetrizes.

Este assunto é vasto, além de envolver muita polêmica; deixemos que o idioma ocorra naturalmente. E por se tratar de vastidão, não há razão de que outros termos sejam mostrados ou comentados, nem haveria espaço.

Em momentos assim, cada um, além de seus conhecimentos, deve fazer pesquisa, tendo uma boa gramática em mão, como um livro de cabeceira, para consulta.

Incluí muito do meu conhecimento e alguns aspectos citados pelo ilustre professor Luiz Antônio Sacconi. Bom ver que seu nome é com Z, assim registrado, que devemos respeitar.

Outro lembrete é que, quando citamos um clã familiar, devemos usar o nome no singular quando usamos o artigo no plural: Os Pinto, isto é, todos os membros da família Pinto, como Célio Pinto, ex-prefeito falecido de Serra dos Aimorés, MG. Assim, seguimos outros exemplos, conforme o registro onomástico: os Ferraz, os Holanda, os Oliveira, os Silva etc. Mas há quem use os Sousas, os Gusmões, os Cabrais, os Silvas, os Costas, os Andradas.

Veja a análise dos plurais citados no título.

Abdome, a grafia mais usada, tem a variante gráfica abdômen, que faz o plural de duas formas: abdomens ou abdômenes. Esse plural parece estranho, mas é correto, assim como a regra cita hífenes, de hífen, e hímenes, de hímen.

Açúcar, singular, e porque termina em R, basta o acréscimo de es, por isso, açúcares. Correto, simples, sem discussão, como usamos prazeres, deveres, exemplares, menores etc.

Álcool, por ser terminado em L, este fonema é substituído por is, gerando álcoois, considerado estranho. Lembramos estes: anzóis, paióis, lençóis, que são vocábulos oxítonas. Álcoois tem três sílabas, sendo a primeira forte, então, trata-se de termo proparoxítona.

Aluguel, ou aluguer, este arcaico e pouco conhecido. O primeiro flexiona no plural aluguéis, muito usado, e o segundo, por terminar em R, alugueres, pouco usado, mas correto.

Frízer, forma aportuguesada do Inglês freezer, faz o plural frízeres. Já que o vocábulo se incorporou ao nosso idioma, devemos usar a forma adaptada fonologicamente. O uso constante de ‘freezers’ constitui anglicismo, que pode criar impacto com grafias usadas no cotidiano.

Projétil, palavra paroxítona, cujo critério de plural é projéteis, como cíveis, amáveis, sociáveis: substitui-se il por eis. A Gramática Normativa dá a possibilidade de se usar a palavra como oxítona (sem o acento agudo: pro-je-til), por isso, o plural projetis, assim como usamos Brasil, Brasis, funil, funis, barril, barris, e o monossilábico vil, que faz o plural vis, que nada tem de parentesco com o verbo ver.

Réptil, répteis, como paroxítona. Se for do seu agrado, use reptil (rep-til, oxítona), por isso, o plural reptis, talvez, pouco conhecido.

Tá bom, por hoje.

Outros comentários, cada leitor, sabe-os fazer, ou sabe fazê-los.

Um abraço.

 

 

João Carlos de Oliveira

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