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Ontem, o malufismo; hoje, o trumpismo? Haverá, um dia, o ‘morismo’, referente ao preclaro juiz Sérgio Moro?

Você já ‘malufou’ alguma vez? Malufar, referente a Paulo Maluf, o político, é verbo, para insinuar ‘mentir, dizer-nada-com-nada’. Trata-se de neologismo – vocábulo de criação recente sobre algo inusitado. ‘Neo’, novo; ‘logismo’, de ‘logus’, palavra. O elemento ‘neo’ existe em outros vocábulos – neorrepublicano, neoclássico, neolatino. Se você for criativo, poderá usar, sem erro, ‘neorrevolucionário, que combate os abusos com diplomacia, o revolucionário novo, assim como há o neógrafo – indivíduo que admite ou pratica uma ortografia nova, haja vista as tantas novidades gráficas que vêm surgindo. Você é neopositivista? Conhece algum neopontino? Não se assuste – este é somente o natural ou habitante da cidade de Nova Ponte, MG. Quem nasce em Ponte Nova, no mesmo Estado, é ponte-novense. Bonitos os dois, não? Bandeira, o Manuel, poeta pernambucano, imaginativo, criou o verbo ‘teadorar’, neologismo, que seria a fusão de ‘te adoro’ em forma de verbo.

De malufar, que chegou a ser veiculado com abundância, temos malufista, seguidor da ‘filosofia’ e tendência política de Paulo Maluf; adepto do malufismo – termo híbrido, misto de ‘maluf’, nome próprio, e ‘ismo’, sufixo grego formador de substantivos que denotam sistema, conformação, imitação, tendência filosófica: chauvinismo, confucionismo, islamismo.

Se alguém já ‘malufou’, pode agora ‘trumpear’. Vamos ‘morear’, combater a corrupção, buscar a punição cabível em leis para os praticantes da corrupção passiva e ativa, respectivamente, os corruptos e os corruptores? ‘Morear’ é ovacionar o ilustre juiz por suas dignas ações.

Se pudermos ‘morear’, passaremos a ser ‘moristas’. O Brasil deve adotar o ‘morismo’, moderna aplicação da lei penal para punir os ladrões do Erário, em qualquer nível. Temos, então, a ‘neoaplicação’ do Código Penal e leis paralelas no Brasil moderno, que vive ‘neotendências’ contra infratores, como a delação premiada e a leniência. Há uma neorrevolução cultural. Temos uma neoconscientização democrático-penal.

Há jovens que vivem a ‘gaguear’ – a endeusar Lady Gaga. Após a vitória, muitos puderam ‘trumpear’, bajular o bilionário-presidente norte-americano Donald Trump. O mundo vive a neopolítica – os ‘trumpistas’ praticam o ‘trumpismo’ com bandeirinhas e apologia ao estilo fanfarrão-dominante de todo-poderoso homem do mundo civilizado. Já tivemos carlistas e carlismo, malufistas e malufismo.

Está a concordar com o comentário? Está a entendê-lo? Se lhe é uma novidade, passe a entender e a gostar de certos neologismos.

Não fique boquiaberto – pode haver ‘temerismo’, adesão ao estilo de Michel Temer. Podemos usar ‘sambeiro’, mais autêntico que sambista, por termos banqueiro, vaqueiro, doleiro, fuxiqueiro, politiqueiro. Se o cantor Michel Teló está em pleno voo supersônico – a todo vapor, canta, faz parte do programa The Voice Brasil (aliás, se dois termos estão em Inglês – deveria haver o terceiro: The Voice Brazil, ou que fosse ‘A Voz do Brasil’ – não confunda com o programa radiofônico), vai surgir o nome próprio feminino ‘Teloína’, que depois será ‘Teloíse’, em sua homenagem. Há nomes com as terminações ‘ina’ e ‘ise’ que já circulam por todo o País. Ainda referente a ele, teríamos o adjetivo ‘teloiano’, assim como há shakespeariano. Prefiro ‘shakespeareano’, nascido de Shakespeare, como pompeano, de Pompeu; pompeiano, de Pompeia.

E o ‘renanismo’ seria aceito? Pior agora, momento em que está afastado do cargo de Presidente do Senado. O ‘calheirismo’ pegaria bem? De Antônio Carlos Magalhães, o baiano, temos os carlistas, dado ao seu famigerado carlismo bate-e-leva, como político de fôlego. Em pouco tempo, surgirá a ‘cerveroíce’, nascida da corrente ideológica de Cerveró, ex-alto funcionário de uma estatal.

Poderia haver o ‘cabralismo’, não de Pedro Álvares Cabral, o descobridor pré-contratado para fazer o percurso Portugal-Brasil via Oceano Atlântico, mas do carioca. Então, se há malufista e carlista, temos agora cabralista, calheirista, morista (este em sentido ‘positivista’), temerista, teloísta. Novidade? Se for, temos neologismos. Se não forem termos novos, o malufismo, o cubismo (tendência artístico-literária), como o confucionismo, são vocábulos do cotidiano. Admiro, mesmo solitariamente, o ‘morismo’. O digníssimo procurador merece as maiores ovações.

Este comentário visa a divulgar a criatividade de termos novos, os neologismos. Crie os seus e vamos buscar outras novidades. Aceitaria ser ‘boltista’, admirador do jamaicano Bolt? As bases foram o prefixo ‘neo’, novo, e o sufixo ‘ismo’, além de desinências verbais – ar, ear. Basta por enquanto.

Próximo comentário – seria importante analisarmos a pronúncia (correta) de formas verbais como ‘adapta, decapita, designa, digna-se, impugna, propugna, pugna’? Há alguns com dúvida e outros que as pronunciam incorretamente… Volte aqui para ‘conversarmos’.

Abraços. João Carlos de Oliveira, Teixeira de Freitas, Bahia.

 

 

João Carlos de Oliveira

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