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Endemia, epidemia, pandemia – qual a diferença entre uma e outra? Doenças que causam calamidade pública na saúde e até mortes

Palavras de significados muito próximos, com certa gradação entre um caso e outro, que carecem de uma explicação semântica. Não é de hoje que existem.

Endemia, do Grego éndemos ou endemía, conforme dicionários, significa ‘que se fixa na terra’: doença infecciosa própria de determinada região, na qual ocorre constantemente. É comum se dizer que em áreas indígenas há doenças endêmicas, como o cólera, a malária e a febre amarela.

A febre amarela, de que hoje tanto se fala, é transmitida ao homem pela picada de mosquito infectado. O noticiário recente confirma dois transmissores – Haemagogus e Sabethes.

Epidemia, do Grego epidemía, ‘que reside numa localidade’: desenvolvimento de uma moléstia infecciosa que afeta, durante um período determinado e em certo território (surto cíclico), um grande número de pessoas. Epidemia de cólera no Brasil: há alguns anos, a ingestão de frutas, hortaliças e legumes, sem a devida higienização(diziam), provocou o cólera, com grande número de mortes. No Oriente, seria comum a cólera aviária (melhor: o cólera aviário), doença infecciosa bacteriana dos galináceos, que se pode prevenir pela vacinação. O Japão eliminou milhares de aves domésticas com receio da expansão dessa gripe há poucos meses. Com relação ao recente surto de febre amarela em Minas Gerais, o epidemiologista Eduardo Massad, da USP, disse: “(…) estamos sentados em uma bomba-relógio”. Insinua que estão vindo por aí mais casos letais? Há o cólera-morbo, letal, doença endemoepidêmica (de endemia passa a epidemia), causada pelo bacilo coma (Vibrio comma), que provoca fortes evacuações e leva à morte quase instantânea.

Pandemia, do Grego pandemia (com a mesma grafia em Latim), epidemia que se propaga por todo um continente, às vezes, pelo mundo inteiro. Outrora, houve a gripe espanhola, que ceifou muitas vidas naquele País e em grande parte da Europa.

Os três termos se referem a doenças infecciosas, mas cada um tem sua abrangência e gradação.

A água infectada de caramujos ‘doentes’ gera a esquistossomose, a popular xistose ou barriga-d’-água, que é endêmica em nosso extenso território.

Endemias ou epidemias, a caxumba (‘papeira’) e a varíola ou varicela (‘bexiga’) já mataram muita gente no Brasil, como o sarampo, doenças que, segundo o Governo, estão erradicadas. Tomara!

Na atualidade, há as estatísticas intermináveis da dengue em todo o País, e uma variedade, a dengue hemorrágica, vem causando muitas mortes. Vivemos uma epidemia da dengue e do zica-vírus.

A endemia é local e fica ali ‘guardadinha’, cujo hospedeiro vem a ser uma espécie animal. O mosquito da febre amarela pica o macaco, e a doença chega ao homem. Certa época, no Oeste da Bahia (estive na cidade de Santana do Brejo), vi uma campanha para vacinar cães, intermediários dessa doença. Obras citam o mosquito Stegomia fasciata, cuja picada, se contaminado, causaria essa febre letal.

A epidemia pode ser sazonal: acontece em certo período do ano, assim como pode ser passageira, como a febre tifoide. Pandemia (pan+demo+ia), pan significa todo ou tudo, é doença que se alastra e ataca ao mesmo tempo muitos indivíduos na mesma localidade, ou a maior parte dos povos no globo. No mundo, já houve a peste bubônica, causada pelo rato.

Vista pelo aspecto semântico, endemia é termo técnico muito usado pelos agentes de saúde em todo o Brasil para designar uma doença local, como a febre maculosa, causada pelo carrapato-estrela, que se hospeda na capivara e em bovinos, e pode matar.

A epidemia tem abrangência estadual ou nacional e seria comum nos noticiários da mídia: dengue, febre amarela, gripe aviária, leptospirose (esta causada pela urina do rato presente nas enxurradas na época de enchentes). Se, ao contrário, a doença atinge grande quantidade de animais, como diz um noticiário que no ES houve a morte de 80 macacos, essa ‘epidemia’ passa a se chamar epizootia.

Menos ou mais complexos, todos os níveis dessas doenças assustam, por serem letais.

A prevenção seria cuidado do povo, e a profilaxia de responsabilidade do Governo, mas nem sempre acontecem. O fato é que doenças endêmicas podem tornar-se epidêmicas, ceifando a vida de muita gente.

João Carlos de Oliveira. Teixeira de Freitas, BA, 14 de janeiro de 2017.

João Carlos de Oliveira

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