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Simpatia, simpático, simpatizante, simpatizar

Esses vocábulos, assim ‘em fila indiana’ (a ordem alfabética), estão aptos a registrar o encontro de estudantes, professores, coordenadores, diretoria e funcionários da EM São Lourenço, em Teixeira de Freitas, BA, neste 01/11/2017, com os escritores João Rodrigues Pinto (autor da obra consagrada Canivete), a bela poetisa Cynara Novaes (diversas obras) e João Carlos de Oliveira, este blogueiro, cuja obra destacada foi Os animais de meu sítio e outros poemas. “O que seria meditar/ senão pensar/ o que não se consegue concluir?”

Foram convidados a marcar presença membros da ATL, mas que lhes foi impossível o comparecimento por motivos diversos. Estudantes, atentos e cuidadosos, fizeram análise literária de obra da escritora Fabiana Pinto, da mesma entidade literário-cultural, termo ‘aconchegante’ usado pelo presidente Almir Zarfeg, que prefere ‘literocultural’, cuja atuação vem comprovando e reforçando o objetivo da Academia Teixeirense de Letras, divulgar a cultura e as letras.

Não somos imortais célebres como os da ABL, mas não deixamos de ser também parceiros que deixam rastro na nossa língua neolatina e nas letras nacionais. Tentamos trilhar o caminho a que se referem o acervo intelectual e espiritual, o conjunto de conhecimentos humanos, o saber e a sabedoria popular, o coletivo que retrata e caracteriza as manifestações artísticas, religiosas; afinal, a Literatura, arte da palavra, como meio maior do pensamento escrito, que nasce do olhar ‘prenhe’, carregado de ênfase do poeta, contista, cronista, enfim, do literato.

Em ‘simpatia’, e em toda a sua família etimológica, carregada de ‘sangue latino’, está o atraente radical ‘pat’, existente no vocábulo grego ‘sympátheia’, afinidade entre dois ou mais corpos, com o significado de ‘sentimento’. ‘Sin’, prefixo, que varia para ‘sim’ ou ‘si’, traz-nos a semântica de ‘reunião, conjunto, simultaneidade’, tudo coeso a um grupo. Essa a família da entidade escolar que nos recebeu sob aplausos entusiastas, ansiosa por ver de perto e conhecer um escritor ‘carne e osso’, como quis dizer um membro discente, no seu oitavo ou nono ano.

Eu simpatizo; simpatizei com todos os olhares; nós simpatizamos com os convivas; eles (certamente) simpatizaram conosco, com nós três e nós quatro (incluída a ausente Fabiana Pinto) e outros, escritores convidados. Não ‘seríamos’ motivo de homenagem, mas de homenagear o trabalho e toda sua dignidade de interpretar as ‘produções’ de membros da Academia Teixeirense de Letras.

Após declamar o poema ‘Irene no céu’, do mestre Manuel Bandeira, João Carlos, o blogueiro, abriu sua fala: “Não vimos para receber homenagens, mas para homenagear a todos”, que merecem os parabéns. Em nome da simpática aluna Laura, fora cumprimentado todo o alunado; em nome da professora Jadna, da cidade de Itanhém, a baianinha cultural do Extremo-Sul, fora ovacionado todo o corpo docente, assim por diante.

João Rodrigues, e como ‘nós simpatizamos com ele’, e ‘nós não nos simpatizamos com ele’, por recomendação da Gramática (‘simpatizar’ já quer dizer ‘de um para o outro’, sem precisar juntar a redundância ‘nós nos simpatizamos’), fez a historiografia (oral) de como nasceu sua obra: a história de opressão e rejeição a meninos ‘órfãos’ de cultura; Cynara, com toda sua performance poética – vale até o sorriso! -, retratou sua origem simples e camponesa e sua visão bucólica, sob o prisma de suas palavras soletradas, pensadas e escolhidas, e mostrou ‘dignidade’, termo do qual sabe e soube tirar sua soberba poesia.

No topo da receptividade dos corpos discente e docente, o agradecimento pede que seja conjugado simpatizar: eu simpatizo, tu simpatizas, ele simpatiza, nós simpatizamos, vós simpatizais, eles simpatizam (presente do indicativo), que não vem carregado de pronomes oblíquos átonos. ‘Nós nos simpatizamos com eles’ e ‘Eles se simpatizaram conosco’ não devem ganhar cabo no falar e no escrever.

Não é querido, agora, que se registre seu antônimo (antipatizar), seguidor do mesmo rito gramatical. Assim, como a boa linguagem não deve dizer ‘Ele se suicidou’, (‘sui’ já é ‘de si mesmo’, e ‘cidou’ tem a ver com ‘cida’, que mata), ‘Meninos e meninas se simpatizaram com os escritores presentes’ não pode ter versão nem culta nem popular; apenas, os escritores é que simpatizaram com todos, e saíram de lá simpatizados, simpatizantes foram porque a comunidade escolar é bastante simpática.

Simpatia é para sentir, nada para explicar, apesar da tentativa aqui feita. A pessoa simpática é vista pelo íntimo depois de um olhar empático, que atrai como visgo que segura passarinho na armadilha e de lá não mais se desprende: fica preso para o resto da existência. A simpatia da escola nos prende como uma rede que gruda coração, pulmão e outros órgãos, gerando sentimento, sorriso, afeto, carinho, e poesia, muita poesia, ‘entalada’ no balbuciar emocionado do falar comovente.

‘Ico’, sufixo forte, vivo em ‘simpático’, assim como em histórico, geográfico, empático e enfático. ‘Ante’, sufixo grandioso em ‘simpatizante’, como em amante, aconchegante, radiante, elegante, pomba ‘avoante’ do Nordeste, que nos rodeia, rodeia-nos e nos encanta. ‘Izar’, sufixo com z, ‘simpatizar’, como em ‘enraizar’, em tudo que nos aromatizou. ‘Ia’, sufixo tradicional; de ‘simpatia’ pula para maestria, alegria, filosofia, etnogenia, psicologia, varonia, vocábulos escritos nas vértebras silenciosas da EM São Lourenço.

Gérson, o diretor, sempre sorridente, solícito, solidário, salutarmente, aberto a ouvir e a entender por estar na função, não comanda sozinho, mas dirige o veículo com tentáculos amigos, e, esperamos, vai ‘gersonificar’ o auditório em teatro vivo, como disse o magistrado dr. Roney Cunha, desta Comarca, que “Teixeira precisa promover o teatro”.

Foi isso: um encontro de gente a se conhecer como se já conhecida fosse de muito, e tornamo-nos muito amigos, por mera simpatia, todos simpáticos, simpatizantes, simpatizados.

Pausa: 1. DST’s (plural), sigla de ‘doenças sexualmente transmissíveis’, não vinga. DST, no plural, é simplesmente DSTs (a desprezo de qualquer outra grafia). 2. ‘Ripita’ não existe; basta ‘repita’, reprise. 3. “Ele deve tá” provoca medo. Pode estar, deve estar, o bastante para dizer o que pode vir. 4. Não se corre ‘risco de vida’, mas risco de morte ou de morrer, embora a vida possa ser colocada em risco.

Abraços acadêmicos.

 

João Carlos de Oliveira

One Comment

  1. Simpatia, simpático, simpatizante, simpatizar
    Os escritos do encontro nos leva a analisar vários tipos psicológicos que se encontram em buscam de um objetivo. E neste encontro de literários e estudantes e outras personalidades, cada pessoa deixam uma mensagem inconsciente.

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