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Atualmente, você está ligado a uma rede? Mesmo que interprete em sentido diverso, não duvide de que esteja!

Frase da atualidade, abrangente ou múltipla, pode ser capciosa. Mas, queiramos ou não, estamos ligados a muitas redes que nos cercam. Umas benéficas.

É preciso, também, lembrarmos a rede do Nordeste, peça emblemática na vida do homem de lá, com toda sua importância.

“Rede de quê, professor?”

“Rede de dormir, é claro! Tá assustado?!”

Você está ligado a uma rede atualmente (excluída a vírgula em virtude de o advérbio de tempo, atualmente, estar no final da frase); se colocado no início, deve ser separado por, somente, uma vírgula. Se no meio, intercalado, separado por duas: Você está ligado, atualmente, a uma rede. Se no fim, lugar comum em que poderá ser usado, não há necessidade de vírgula (começo deste parágrafo), exceto se houver extrema necessidade de ênfase.

Então, o que é uma rede?

Além da rede de dormir, outras populares são a rede de pesca, a rede tecida pelas aranhas (teia de aranha) e a rede de intrigas.

A palavra já começa a mostrar sua eficácia e abrangência e, rica, tem múltipla utilidade. Estamos diante da polissemia: o fato de um vocábulo ter vários significados, a depender do contexto em que está empregado.

Não falemos de coisas funestas (rede de tráfico).

Falemos de ‘coisitas’ que nos envolvem beneficamente ou estamos ligados a elas por questões profissionais ou circunstâncias da vida moderna.

A rede bancária, quase totalmente digital.

Jamais, ela consegue dormir em rede.

A rede de pesca está gasta, ainda assim mata tartarugas e outros animais marinhos ‘inocentes’. A pesca, mesmo a artesanal, não poderia evitar seu uso ou diminuí-lo? Por que deixá-la à espera de peixinhos frágeis, matando outros seres da biodiversidade local?

A rede da quadra de vôlei está furada e deve ser substituída.

E os espiões, oficiais ou não, em que redes transitam e tramam suas emboscadas? Não devem ser citadas siglas de países que têm esses invasores do território alheio, apenas confirmar que o mundo é espionado em todos os aspectos por uma rede ousada da espionagem indiscreta, que não precisaria existir. Nem sempre, o resultado é lícito ou traz benefícios à população. Talvez, sirva, tão-somente, para aguçar os ânimos e/ou satisfazer o ego de governos totalitários, ‘democráticos de mentirinha’, encobertos pela política moderna de segunda ou terceira classe, rede que sufoca a liberdade de indivíduos em muitos cantões do Planeta Terra.

Essa, da qual não se tenha mais como escapar, tem, no mínimo, duas facetas, a boa, da comunicação rápida, e a ruim, da invasão territorial, da descoberta do que não cabe ao intruso. A comunicação é fantástica, e célere, como o vento que circula em montanhas altaneiras; o lado negativo da invasão é cicuta, que tirou a vida do filósofo, e nos tira a liberdade de pensar e agir, droga moderna, intrincada e perniciosa, que destrói a Natureza humana.

O que nos beneficia é a rede salutar do telefone sem-fio e outros aparelhos, protetora como a placenta que envolve o feto e a pleura torácica, sem as quais todos morreriam.

Estamos envolvidos até o gogó, e ai de quem fugir dessa rede: ficará isolado; e ai de quem não souber usá-la: terá muitas intrigas, numa decepcionante rede de fofocas, de injúrias, de mexericos, de ‘fake news’ assombrosos.

Isso pode-nos assustar!

Essas linhas foram motivadas por uma frase vista numa propaganda, que poderia ser ambígua, não fosse a imagem que estampa. Boa, entretanto, se vista pelo lado apelativo (uma moça usando um aparelho celular).

Quem bom! Lembrar que o termo ‘celular’, tão usado e repetido na ‘rede de comunicação moderna’, vem de ‘célula’ e começou a ser divulgado em ‘telefone celular’, hoje, restrito apenas a uma palavra, que pode ter vários significados.

A frase é esta: “Tenha uma rede novinha e uma cobertura incrível.”

Teria duplo sentido se não contivesse uma imagem. Como a tem, adquire charme e mostra a evolução da mídia em tempos modernos, sabendo conquistar o usuário desse ou daquele produto.

Se quem usa a rede de dormir a visse sem a imagem, pensaria, imediatamente, em sua redinha aconchegante, armada na varanda de sua casa?

Como arremate, o texto curto e moderno, típico do marketing de hoje, insinua a importância do produto que a mensagem quer vender, e conclui: “E aí tá dentro?“, que conduziria alguém a pensar.

Do outro lado, o caboclo balbuciaria: “Oxente! Claro! Vou entrar nessa. Minha rede taí!”

Essa rede é a Internet, a própria Net de todos e até a Intranet, porque não deve se prestar somente para pessoas individualmente, como para empresas e conglomerados.

Foi-me uma surpresa ver a frase. Você já a conhecia?

E o que é ‘cobertura’ nesse contexto? A abrangência. Para nós os comuns, o nosso telhado, a proteção da casa para nos defendermos de intempéries, do Sol e da chuva. A rede, assim, debaixo de uma ‘cobertura novinha’, é legal, como protetora e convidativa. Até gostosa.

Você gosta de uma rede? “Da qual você quer falar, professor?”

Este artigo parece sem utilidade, mas serve de alerta para quem costuma pensar no sentido estrito de uma palavra. Ainda bem que alguns perguntam: “Em que sentido você quer dizer isso?” Salva-o do gongo, e o ‘perguntador malicioso’ fica sem rede para se proteger. Leva um chabu, arruma a mala e vai dar umas voltas.

Do Latim ‘rete‘, nossa rede inicial é aparelho de pesca feito com fio que forma malhas, mais ou menos largas, que deixa passar a água e retém os peixes.

Quanta maldade! Uma armadilha para pegar xexéu, um dos pássaros mais inquietos e estressados com a presença humana perto de seus ninhos enormes pendurados, geralmente, em galhos de árvores ribeirinhas.

Outro sentido conhecido do homem de vida campestre, para rede, é tecido de malhas usado para apanhar aves e ainda aplicado em armadilhas para apanhar outros animais silvestres.

O dicionário é vasto quando a define com muitos significados, do entrelaçamento humano ao embaraçoso liame da maldade.

Conjunto de cabos telefônicos.

Até nosso corpo tem uma rede de artérias, sem a qual o sangue não circularia.

O que a frase quis dizer está implícito neste aspecto: rede que conecta as estações (centrais ou não) de trabalho, terminais ou computadores de uma empresa, estejam aqui ou em países além-mar.

A lan house é uma rede, e os jovens sabem disso! Conecta-os ao mundo; quando ela falha, não a perdoam.

O jogo da loteria é ligado a uma extensa rede. Certo jogador disse à moça da casa lotérica que a máquina era muito ‘lerda’: demorou alguns segundos para fazer o jogo. Um crítico avançado e moderno?!

O cara da ‘rede rasgada’ é aquele que não mede as palavras e fala até pelos cotovelos.

E você já se prendeu ‘nas redes do Cupido’? Vá devagar, que o amor cego mata. Enamorar-se de qualquer forma pode não ser ideal.

Sua rede de amizade é grande? E as redes sociais?

Adiante, uma loja de gente bonita estampa a frase: “O cliente deve fazer sua ‘indentificação‘” (sic), se o pagamento for superior a (…).

Que pena! E o que dizer da fala do menininho na porta da ‘ingreja‘ brincando com os colegas?

João Carlos de Oliveira

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