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Nestes tempos modernos, estaria havendo a tendência de ‘coisificar’ o ser humano e, na outra ‘esquina’ da vida, ‘humanizar’ coisa, objeto ou animal?

linguagem revela costumes, que têm muito a ver com o conhecimento e a cultura, em que se incluem temas tradicionais, regionalistas, literários e outros.

O que é coisificar?

Verbo que não está solidificado nos dicionários. Temos ‘coisar’ (ou cousar), que seria imaginar, pensar, criar. No Nordeste, pelo menos para alguns, ou se o foi no passado, ‘coisar’ seria fazer o coito (na alcova).

“Nóis tava coisando”. “Nóis coisa todo dia, por isso, tantos meninos e meninas nesta casa”, teria dito o chefe da prole.

‘Coisificar’ é o modo de ‘tornar o humano uma coisa’. Se algum dicionário diz que ‘humanizar’ é ‘humanar’ e, adiante, é que define o que é ‘humanizar’, por outro lado, não se pode admitir que coisificar seja o mesmo que coisar, ou vice-versa.

O dicionário virtual diz o quê? Que ‘coisificar’ é o ato de reduzir o humano e sua consciência a coisa, objeto ou valores materiais; tornar similar a uma coisa.

E dai foi criado o neologismo ‘objetificar‘, como sinônimo (que nada tem a ver com objetivar).

Excelente artigo divulgado na Net diz, no miolo de sua visão, que coisificar seria como o Poder tornar o homem ‘gado humano’.

Na Antiguidade, foi o ato de ‘abusar de pessoas praticando o comércio da prostituição’, como se sabe, em que a mulher seria objeto de exploração sexual. Hoje, quando alguém filma ato dessa natureza, mostrando o sexo por pura vaidade, trata-se de abuso, de crime de exploração sexual. Conforme ‘o palavreado’ ou a maneira de expor essa aberração, pode-se dizer que o humano está sendo ‘coisificado’.

Um ato de coisificação é alguns dizerem que ‘o índio’ seria bicho. Algo horrendo. Nosso indígena, outra forma de tratá-lo, tem plena sabedoria no campo da fitologia e fitoterapia, fato que poucos reconhecem. Não se podem negar os conhecimentos indígenas, de elevada grandeza: ‘nossos silvícolas são os protetores da floresta’. Se a Indústria, hoje, tem a capacidade de ver a Floresta, como a Hileia Amazônica e a Mata Atlânticas, e os biomas Cerrado e Caatinga, fontes de riqueza, inclusive em remédios, cosméticos, perfumes, alimentação e outros, é porque foi captada essa aprendizagem dos conhecimentos indígenas. A destruição das florestas será a grande derrocada da Humanidade, se nada for feito daqui para a frente, inclusive quanto ao efeito-estufa e às mudanças climáticas, fatos comentados a todo momento.

Houve, e há ainda, etnias que ‘coisificaram’ o sexo com mulheres ou homens, divulgando-o de forma discriminatória. Se, na atualidade, filmam o sexo para o mundo ver, por pura violação do direito individual, estariam objetificando o humano. E o divulgador ainda se diz dono de ‘direitos autorais’ para fazer essa prática.

O que é humanizar?

Diz o léxico, entre outros significados, que é tornar humano, dar estado ou condições humanas. Isso é hipossuficiente para se tentar explicar o que seria ‘humanizar coisas, objetos e animais’.

Essa definição, vaga em certo momento, não deixa claro como seria o ‘ato de humanizar animais’.

Algum compêndio registra o modo de alguém ter o animal como se fosse filho adotado?

De imediato, algo nos leva a pensar na zoofilia. Por que ainda acontece? Por que hoje acontece de forma diferente do passado? Ela se dá por carência afetiva? Falta ao praticante desse ato (homem ou mulher) o lado humano? A Psiquiatria diria que se trata de uma doença? Uma síndrome do mal da bestialidade?

Paralelamente, a expressão ‘afogar o ganso‘ existe hoje porque, segundo ‘lendas’, homens pescadores que usavam gansos para fisgar peixes em lagos (os animais teriam uma argola no pescoço que os impedia de engolir as capturas), em outro momento, ‘praticavam sexo com esses animais e, para consumar o orgasmo, ‘afogavam’ o animal. No esforço de se salvar, o ganso, ao tentar respirar, tinha espasmos, vindo a ‘apertar’ o ânus, fazendo o bestial ejacular. Horrível, horripilante, horrendo.

O pior é que se pode considerar esse ato como fato cultural de região remota na China. Texto há dizendo que ‘os chineses’ praticavam tal ato. O uso do artigo generaliza ‘todos os chineses’. Seriam alguns, em algumas regiões, em priscas eras.

Apenas, um crime.

Ainda, precisaríamos que a Antropologia explicasse tão estapafúrdia aberração humana. E a Psicologia, a Psiquiatria?

Entalado com essas histórias macabras, torna-se incômodo e inapropriado o léxico registrar que o incesto (sexo com parente próximo) é tabu. Essa semântica não condiz. Incesto é crime; aberração sexual.

O comentário se embasa no pragmatismo.

Certos olhares ‘fabricam’ comportamentos humanitários, isso é verdade, mas (na outra ‘esquina’, como dito no título introdutório) as coisas mudam: seres inanimados se tornam entes ‘queridos’, mesmo que não se esteja escrevendo uma poesia, momento em que metáforas e prosopopeias, entre outras figuras de linguagem, tomam vida, vida ‘humana’ que antes seria vida ‘animal, vegetal’ etc.

O que esse parágrafo quer dizer?

Alguém faz ato fúnebre para o animal de estimação que morreu. Que nome se dá a esse comportamento? Psicólogos têm explicações? Esse comportamento tem lastros na Antiguidade Histórica?

Alguém cria um porquinho-da-índia como ‘membro’ da família. Algo inusitado ou atrofia mental? Essa visão é traduzida como ato de pessoa despojada?

O fato de haver ‘restos mortais’ de seres não-humanos juntos com múmias, como na cultura egípcia, influenciou que, hoje, pessoas com recursos financeiros gastem somas elevadas com ‘o sepultamento’ de um animal de estimação?

Como seria classificada a maneira de um animal de porte avantajado ‘dormir’ junto com seu dono, ambos, na mesma cama?

A zoofilia é crime, e parece que essa ‘agressão à natureza animal’, hoje chamada por alguns, pelo menos, de ‘estupro’, não seria uma forma de ‘humanizar’ um ente do reino animal?

O ‘homem’ que pratica ato sexual com uma cadela não a estaria vendo como ‘companheira’? Eis o momento em que fica difícil a definição do ato em si, mesmo que as Ciências Psicológica e Psiquiátrica tenham resposta técnica.

O mundo moderno, como no passado, está ‘coisificando o humano’ e ‘humanizando a coisa’ (objetos, seres inanimados, amuletos). Seria forçoso dizer que definições nesse campo devem ser alteradas nos compêndios?

Seres ‘animados’, portanto, de vida própria, entes do Mundo Animal, estão sendo vistos sob olhares desumanos: matam cães e gatos com venenos; praticam crueldades com animais de criação; cortam, simplesmente, com uma faca cega, o pênis de um cão. Um cão robusto é colocado para ‘devorar’ um cachorro franzino de rua.

Aliás, incomoda muito a ‘estória’, registrada no Cancioneiro Popular Brasileiro, de que pessoas ‘cegavam’ pássaros, como marias-pretas, para cantarem melhor. Já foi vista alguma nessa situação numa gaiola a cantar? Essa anedota seria fantasiosa?

Não há nenhuma graça em contá-la até para criança.

‘Coisificar’ os entes e ‘humanizar’ outros têm lastro de aberrações humanas.

 

João Carlos de Oliveira

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