0

O que é galicismo? Como é originado? Sim, é bom conhecê-lo

O galicismo, ou francesismo, consiste no uso de palavra ou expressão francesa em nosso idioma.

Mesmo que haja o aportuguesamento do vocábulo, ou já esteja incorporado ao nosso idioma, seu uso constante pode caracterizar o francesismo.

A influência de outros idiomas no nosso não é novidade nem seria correto impedi-la, porque pode acontecer naturalmente; nestes tempos modernos, o número tem aumentado ou tende a aumentar. A moda, o esporte, o jornalismo, a notícia etc., entre outros, são contribuintes desse comportamento.

Por outro aspecto, a influência da mídia pode-se tornar uma intromissão em nosso dia a dia, no ambiente de trabalho ou na vida comum, pelo grande número de palavras e expressões que nos cercam, ‘adotadas’ por muitos que fazem notícia e a levam para o interior de nossa casa.

De um lado, a boa notícia; de outro, fake news e a infodemia (respectivamente, a notícia falsa premeditada e o excesso de informações) podem-nos trazer momentos negativos.

A era digital é ruim, é boa? Vai depender de cada um, de seus hábitos. O idioma, como sempre, é o setor inicial a receber influências, o aumento do processo léxico, extensa derivação de palavras, até neologismos, e o usuário pode receber carga negativa de tudo que o rodeia.

A informação faz parte do cotidiano, como a boa propaganda e a motivação persuasiva. Há obras voltadas ao mundo psicológico de cada ser humano, tais as de autoajuda, que estariam em queda. O viés positivo agrada, enriquece-nos, e o oposto devemos… (?) expurgá-lo.

O excesso nos prejudica. Essa possível intromissão, entretanto, depende do ponto de vista de um ou de outro, ou de sua aceitação, porque deve haver aquele que comunga certa faceta, e o outro que a considera abusiva. Há a invasão ‘domiciliar’ do conhecimento, mesmo que essa visão seja contraditória? Um lado, como deve ser, informa e forma; o outro incomoda?

Para resolver a questão, é necessária a limitação. Tudo é que demais prejudica, ou pode tornar-se uma doença, um hábito negativo.

Todos os bons dicionários definem, muito bem, esse modismo, inclusive, há compêndios (livros, dicionários, gramáticas) que consideram a prática excessiva um vício de linguagem.

Galicismo: palavra, locução ou construção sintática peculiar à língua francesa; francesismo; empréstimo de procedência francesa (diz um).

E os exemplos? Esse tópico varia de obra para obra, mas são muitos, e a douta Internet tem muitos comentários sobre isso, com diversos e variados exemplos. Professores há que explanam esse tópico com maestria.

A propósito, o mesmo acontece com o uso de termos e expressões próprios do Inglês, os chamados anglicismos, e são milhares. Virou um hábito, em certo momento, chato, porque teríamos que entender também do idioma anglo-saxônico, ou recorrer a traduções, nem sempre satisfatórias, envolvendo também o inglês americano. Um comentário falava de alguém notório na mídia e no mundo dos ‘influencers’, termo que pode estar customizado de maneira imprópria. Aqui e ali, termos ingleses em abundância, para indicar o lado chique ou a grandeza. Influencer não seria aquele que motiva, que preconiza os bons princípios? O influenciador de atitudes ‘didático-pedagógicas’ contribui para a formação da sociedade. Mas há quem poste tudo (até se dormiu, se comeu, se saiu, se vestiu essa ou aquela roupa etc.), e outro com atitude personalíssima (se escovou os dentes, se tomou banho), ou revelaria hábitos da vida íntima que não deveriam ‘ser ditos’, e o fazem com certa ostentação. Isso tudo, de qualquer forma, a torto e a direito, constitui fato grandioso de um ‘influencer’? Os livros de autoajuda têm diminuído? Perderam um pouco do ‘charme’? Nem todo indivíduo sabe defender-se sozinho.

Mousseline (de Mossul, nome próprio), musseline ou musselina? Qual grafia você usa?

Garage ou garagem?

Registremos aqui uma relação de galicismos. O bom uso seria moderado, e devemos dar preferência aos termos aportuguesados. No primeiro momento, a grafia vem em Francês; no segundo, em Português; se não houver a forma aportuguesada, fica a primeira. E podemos sugerir uma grafia aportuguesada com base na pronúncia ou na fonologia? (Faço isso em alguns casos.)

Bouquet, buquê. Dossier, dossiê. Menu, menu ou meni. Carnet, carnê. Crochet, crochê. Filet, filé. Gourmet, gourmê ou gurmê. Frissõn, frissom (não frisson). Champagne, champanhe ou champanha (o). Croissant (sem aportuguesamento, mas se sugere croissã). Escargot, escargô. Cabine, cabina. Crepon, crepom. Garçon, garçom ou garção (feminino: garçoa, mas preferem garçonete). Bâton, batom (não use baton, nem crepon, garçon ou outra forma com a terminação em N). Coupon, cupom. Buffet, bufê ou bifê. Vitrine, vitrina. Lingerie (sem forma aportuguesada, mas se sugere langerri, adaptação com base na fonologia). Tricot, tricô. Cachet, cachê. Soutien, sutiã ou sutião (embora o último tenha pronúncia desagradável, mas consta em alguns compêndios).

O cuidado é de cada um, e se houver dúvida quanto à grafia ou pronúncia, o dicionário virtual tem boa resposta.

Para fechar o comentário de hoje, vejamos isto.

Alguém teve dúvida se escreveria ‘bio-gás’, e o fez assim. A resposta da norma ortográfica segue um modelo; se usamos biodíesel, biocombustível, biogênese (até os conhecidos biografia, biográfico, autobiografia, autobiográfico), biotecnologia, bioquímica(o), biossegurança, biorritmo, biomedicina, devemos usar biogás (sem hífen).

Compare: bióxido, biovular, biotômico (não é o produto chamado Biotônico), biotoxicina etc.

Mesmo que você crie seu neologismo, deve seguir modelos já existentes. Que tal bioestilo? Seria o ‘estilo de vida’, assim como se usa biossocial, biosofia, bioteste, biotério, biótico etc.

Um cuidado é não repetir termos diversos com o mesmo ‘significado’. Certa loja teria registrado ‘agrocampo’, que ficou. Agro e campo têm a mesma semântica.

Há dúvida entre encapusado e encapuzado? Seria fácil: a palavra-base é capuz, logo, será encapuzado, assim como se escreve paralisado, de paralisia; encruzilhada, de cruz; enfatizar, de ênfase, nacionalizar, de nacional, mas paisinho, de país, e paizinho, de pai.

Fiquemos por aqui. Obrigado.

 

João Carlos de Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *