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Como é chamado o morador de uma cidade, conforme o nome oficial? Qual é o gentílico de quem mora em Chorrochó?

São muito interessantes as denominações dadas a moradores de determinada região, do Brasil, cidades e lugarejos, e de todas as partes do Mundo.

Fora de nossa Pátria, temos malgaxe, panamenho, cosovar (de Kosovo, que não seria oficial), bizantino, cairota, calabrês (uma senhora calabresa é aquela filha da Calábria, região italiana), corso (da Córsega), curdo (do Curdistão), gaulês, iemenita, etíope, sardo, tirolês.

São os adjetivos pátrios, e toda nação ou estado tem o seu. A pronúncia, o significado, a história, a grafia, tudo nos chama a atenção.

Há nomes bonitos, outros nem tanto, mas que merecem nossa atenção e respeito, por terem significado próprio, por trazerem uma mensagem a seus habitantes, que, certamente, gostam do nome de sua terra, o berço natal.

A esses nomes, que podem ser adjetivos ou substantivos, é dado o nome de gentílicos, que traduzem a imagem de um povo, de uma história, de uma tradição.

Os celtas, os celtiberos, os napolitanos, os jacobinenses, os serrolandenses, os barrigas-verdes, os capixabas, os floripolitanos (de Floripa, nome popular de Florianópolis). Os soteropolitanos (habitantes e moradores de Salvador, capital da Bahia, porque já foi chamada São Salvador, isto é, Soterolópolis).

A depender do sufixo usado, cada nome tem sua grafia e sentido.

Quem nasce em Pompeia é pompeano, ou pompeiano, e não se usaria ‘pompeense’, como de Serra poderia ser serrano ou serrense, a depender da escolha quando foi feito o registro do nome do Município no Órgão Federal.

De Marrocos, usamos marroquino.

De Santos, usamos santista.

De Belo Horizonte, usamos belo-horizontino. Ou belorizontino. Não usamos ‘belorizontinense’ nem ‘belorizontano’. Vale lembrar que os sufixos ‘ense’ e ‘ano’ são muitíssimo usados. Penedense, de Penedo, AL. São largamente conhecidos: paraibano, pernambucano, sergipano, alagoano, baiano. Rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense ou potiguar (os três têm a mesma função). Rio-grandense-do-sul, sul-rio-grandense ou gaúcho (idem).

Há uma leva de grafias e critérios.

Dos Estados Unidos, norte-americano, ou estadunidense, além de ianque, ou americano-do-norte, mesmo que este último tenha sentido amplo ou generalizado.

Da Colômbia, usamos colombiano.

Usamos canadense, do Canadá, e não sabemos que se use ‘canadino’, como se usa filipino, são-joanino, latino. Com relação à China, usamos chinês, e o Espanhol já usa ‘chino’, como o mesmo significado.

Quem deixaria de usar argentino, mesmo que venha direto do nome próprio, Argentina, para usar argentinense?

Usamos pradense, de Prado, BA, mas não ‘pradino’, e podemos usar adamantino ou adamantinense, assim como diamantinense.

O escopo da análise de hoje é mostrar a diversidade, sem ofender, sem dizer do gosto de um ou de outro, e defender que cada um tem sua lógica e sua história e que devemos respeitar a tradição do nome do país, do estado, da cidade ou do lugarejo.

Resumidamente, Chorrochó tem a semântica de ‘terra impetuosa’.

De Chorrochó, cidade baiana, como podemos usar: chorrochino, chorrochonense, chorrochoano ou chorrochonista?

Para evitar gafe, devemos consultar o que diz o registro na Wikipédia sobre o nome da cidade.

De Chorrochó, lá consta o gentílico chorrochoense. Nada mais.

Alguém fez um comentário, muito bom, sobre nomes exóticos de cidades do Brasil, e citou 10 deles.

Estes são os nomes citados na análise.

Não-Me-Toque, RS. Gentílico: não-me-toquense.

Borrazópolis, Paraná. Gentílico: borrazopolitano.

Ressaquinha, Minas Gerais. Gentílico: ressaquinhense.

Paudalho, ou Pau-d’Alho, PE. Gentílico: paudalhense.

Piripiri, Piauí. (Nome anterior: Perypery). Gentílico: piripiriense. Em Salvador, há o bairro Periperi.

São Miguel do Gostoso, RN. Gentílico: gostosense (usado somente o último nome da cidade, com quatro palavras).

Xique-Xique, Bahia. Gentílico: xiquexiquense.

Virginópolis, MG. Gentílico: virginopolitano.

Pugmil, Tocantis. Gentílico: pugmilense.

Feliz Natal, MT. Gentílico: feliz-natalense.

Podem ser feitas observações sobre os nomes, podendo ser contestadas.

Xique-xique, no Nordeste, como na Bahia, é um cacto, que resiste à seca.

Pugmil, como informa o site, é o nome de uma máquina.

Virginópolis, literalmente, é ‘a cidade da Virgem’, a Santa.

Paudalho lembra o nome de uma árvore, cujas folhas e caule emitem um cheiro forte, como o do alho. Existe outra que solta, em seu caule, uma resina branca, com cheiro forte, a que chamam de Pau-d’óleo. Resta saber se os nomes se referem às mesmas árvores.

Como uma ‘brincadeira’, Não-Me-Toque seria semanticamente ‘Não toque em mim, não pegue em mim’.

Piripiri veio do nome de um rio?

A conclusão é que nossa diversidade cultural é tão vasta, tão extensa, que surgem nomes assim, por essa ou aquela razão, e estão em todo o Brasil, que tem mais de cinco mil municípios. Temos povoados, lugarejos, distritos, comunidades, o que nos pode dar um número superior a ‘vinte mil comunidades’, cada uma com sua história cultural, sua cidadania e sua poesia, o que louvamos, e seu nome curioso.

Parabéns a todos.

O nome não importa tanto, vale mais a grandeza de cada povo, de cada cidade, de cada região em si, pelo que faz, pelo que produz, pelo que acrescenta de riqueza ao nosso País.

Obrigado por ter estado aqui.

 

 

 

João Carlos de Oliveira

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