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Quando eu puder… Se eu puder… (Eu irei… Eu vou… Eu darei uma resposta…)

Duas conjunções de largo uso no cotidiano, quando e se, são eficazes para indicar o futuro do subjuntivo. Quando implica um tempo; se, a dúvida, exatamente, pelo modo de nos expressarmos.

Uma conjunção tem, gramaticalmente, o nome pomposo de conectivo, ou conetivo, este um termo pouco usado na linguagem tradicional, mas citado, em especial, na linguagem técnico-gramatical.

Se compararmos as definições para o conectivo e a conjunção, mesmo tendo as mesmas funções, podemos diferenciar a linguagem que os classifica.

Conectivo, diz-se de ou palavra cuja função é ligar outras palavras, orações ou termos da orações.

E, uma conjunção coordenativa aditiva, pois acrescenta um fato, uma ideia: Eu e você vamos ao clube. Fiz o almoço e saí para trabalhar. Compramos pães e biscoitos, e não leite, pois a grana foi curta.

As frases cotidianas usam com intensidade a conjunção E, ou o conectivo E, de função coordenativa aditiva.

Conjunção, classe de palavras invariáveis que ligam dois termos com a mesma função ou duas orações.

Por isso ou por aquilo, mesmo com a grande diferença de termos para definir o que é o conectivo e a conjunção, ambos têm a mesma função gramatical.

O que foi mostrado, como definição gramatical e técnica, própria de dicionários, pois a Gramática Normativa costuma ser mais abrangente, não constitui palavras deste comentarista, que prefere o exposto em compêndios didáticos.

Na definição de conjunção, temos a redação ‘classe de palavras invariáveis que ligam dois termos…’, o que no dizer deste editor deveria ser ‘classe de palavras invariáveis que liga dois termos…’, uma vez que a palavra-base é classe, no singular, por isso o verbo deveria estar na mesma pessoa. Não se fala de todas as conjunções, mas da forma de como definir o que é uma conjunção. O singular fica melhor: a conjunção ‘liga’.

Estas definições podem não agradar muito, ou não serem muito claras, mas é assim que procedem os livros, com termos nem sempre fáceis de compreender.

Resta-nos mudarmos a linguagem de forma semântica, isto é, darmos outro significado a cada palavra para compreendermos melhor ‘a finalidade, ou intenção, gramatical’.

O resultado é que tanto o conectivo como a conjunção ligam palavras, termos das orações, orações e períodos.

O cuidado nesse momento, quanto ao uso de quando ou se, é flexionarmos o verbo com a atenção dobrada se é irregular, que altera o radical.

Se o verbo é regular, o radical do infinitivo permanece: quando você chegar, se você chegar cedo; quando ele comprar, se ele comprar.

Essa diferença precisa ser destacada e levada em conta pelo redator.

Se o verbo é irregular, então, o cuidado deve ser o máximo para não se cometer a gafe do erro gramatical, flexionando o verbo de forma incorreta.

Todos os verbos irregulares requerem essa atenção. Podemos lembrar os famigerados verbos ser, ir, vir, ver, dizer, poder, fazer, haver, pôr (e seus derivados, como contrapor, dispor, repor, depor, compor etc.).

Há outros, e se o redator não os souber flexionar corretamente, deve de imediato fazer uma consulta à Gramática Normativa, com a facilidade moderna de que muitos estão conjugados no dicionário internetês, o que facilita a busca.

Seguindo o modelo do título e os verbos há pouco citados, fica de bom alvitre a mostra de sua flexão no futuro do subjuntivo usando-se tanto a conjunção quando como se (pela ordem). Flexionemos esses verbos no tempo citado, acrescentando um ‘pedacinho de conteúdo’ à frase para lhe dar certo sentido, para ficar mais clara ou charmosa.

Quando eu for maior de idade, vou morar sozinho. Se eu for o ganhador do prêmio, doarei uma parte da bolada. Verbo ser.

Quando ele for ao Himalaia, deverá usar roupa de frio. Se ele for a Paris, deve conhecer a Torre Eiffel. Verbo ir. (Nota: no futuro do subjuntivo, esses dois verbos têm a mesma flexão, mudando, apenas, a semântica da frase: se nós formos os vencedores (quando), verbo ser; se formos ao clube (quando), verbo ir).

Se ele vier também, avise-nos antes. Quando ele vier a esta cidade, nós o levaremos para conhecer sua parte histórica. Verbo vir.

Se você vir Manuel no mercado, diga-lhe que venha buscar seu dinheiro. Quando você vir seu irmão, fale-lhe que a encomenda está pronta. Verbo ver. Atenção: essa redação aparece, tão-somente, na linguagem culta escrita. A linguagem popular, falada, e às vezes escrita, usa com abundância, ‘livremente’, considerando que essa é a forma correta, a mesma grafia da forma infinitiva do verbo ver: quando ver seu irmão, lhe fale do ocorrido; se você ver Pedro no clube, lhe avise que ele foi classificado. A flexão ver, no caso, não está correta, pois esse verbo não é regular; a flexão vir, correta, por ser verbo irregular, é confundida com o verbo vir (chegar, comparecer etc.), por isso, não é usada popularmente, além de parecer ‘incorreta’ ou ‘pouco simpática’.

Se você disser a verdade, quando você disser a verdade, será premiado. Verbo dizer, e assim predizer, redizer, contradizer (predisser, redisser, contradisser).

Se eles puderem ajudar, quando eles puderem ajudar, será muito bem-vinda sua colaboração. Verbo poder.

Se você fizer a festa, não o convide. Quando você fizer o almoço, todos os irmãos devem ser chamados. Verbo fazer (assim, refazer, contrafazer, refizer, contrafizer). Observa-se que seria muito comum o uso de ‘fazer’ no lugar de ‘fizer’ no cotidiano. Muitos ouvimos a frase ‘Se você fazer o passeio, não deixe de me convidar’.

Haver no futuro do subjuntivo, com quando ou se, fica houver. Se usarmos esse verbo de forma pessoal, vai flexionar: Se eu houver por bem; se tu houveres, se ele houver, se nós houvermos, se vós houverdes, se eles houverem. Se tiver o sentido de ‘existir’, haver não flexiona, mesmo que a sequência frasal esteja no plural: Quando houver mais responsabilidades do Governo, o povo será atendido. Se não deve ser usada a redação ‘Houveram muitas pessoas na festa’ (Houve…), não devemos usar ‘Se houverem muitos participantes no torneio, o clube, que é pequeno, não vai comportar tanta gente’. Se houver… quando houver… muitos cidadãos conscientes, o uso da água será sempre moderado.

Finalmente, o verbo pôr, com acento para diferenciar da preposição por, puser… quando puser, se puser (contrapuser, dispuser, repuser, depuser, compuser (podendo flexionar em outras pessoas (repusermos, contrapuserdes, depuserem, compusermos etc.).

Agora, faça suas frases.

Quando persistirem os sintomas (a semântica é de ‘tempo’). Se persistirem os sintomas (a semântica é de ‘dúvida’), em que ambas as formas de redação estão corretas.

Boa sorte. Obrigado pela visita.

João Carlos de Oliveira

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