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Presente do subjuntivo: um tempo poético, interessante, chamativo, além de bonito e elegante pela sonoridade da forma verbal

Dorival Júnior, novo técnico da seleção Canarinho, foi elogiado em vários artigos por usar com maestria o presente do subjuntivo. Notamos que ele gosta desse modo de empregar o verbo, que fica elegante e bonito, desde que a forma verbal seja flexionada corretamente.

Alguém teria comentado que se trata de uso inusitado, entretanto, é bastante encontrado na linguagem coloquial. No cotidiano, se o imperativo afirmativo é muito usado (venha, saiba, faça, diga, fale, vá), o presente do subjuntivo, em uso paralelo, também o é. Parte do imperativo (nas pessoas você, nós e vocês) é justamente derivada do presente do subjuntivo.

Se pegarmos o primeiro verbo citado acima (vir), podemos vê-lo flexionado e usá-lo sem erro nesses dois tempos verbais. Basta que tenhamos cuidado.

Presente do subjuntivo: que eu venha, que tu venhas, que ele (você) venha, que nós venhamos, que vós venhais, que vocês (eles) venham.

Rapidamente, você transforma esse tempo, nas pessoas citadas, no imperativo: Venha cedo, meu filho. Venhamos dispostos a trabalhar. Venham logo, meninos.

Ao mesmo tempo, seguindo o modo de falar de Dorival Júnior, mudemos do imperativo afirmativo para o presente do subjuntivo, tempo que indica hipótese, suposição (a forma de desejar e/ou esperar que algo aconteça).

Consigam bons resultados. Sejam felizes.

No caso do técnico, ele usou a pessoa nós, sem a presença do conectivo ‘que’, chamado nesse caso, pela sua função, de conjunção integrante: Brilhemos nos torneios internacionais.

Brilhemos. Consigamos. “Aprendamos a jogar sem Neymar” (que está no momento machucado).

Uma regra salutar, não citada diretamente na Gramática Normativa, é que todo verbo da primeira conjugação, regular ou irregular, no presente do subjuntivo, termina em E, elemento mórfico chamado vogal temática: amemos, cheguemos cedo, observemos os resultados (que eu ame, que tu ames… etc.).

Todo verbo da segunda e terceira conjugações, nesse tempo, termina em A (vogal temática): Façamos o que é de nossa obrigação (cumprir as normas). Fazer: que eu faça, que tu faças, que ele faça… que  nós façamos, que vós façais, que eles façam.

Suprir: que eu supra, que tu supras, que ele supra…

Supramos nossas faltas com responsabilidade.

Aprender: que eu aprenda, que tu aprendas…

Por isso, o técnico disse “Aprendamos a jogar sem Neymar” (sic).

Verbos comuns da primeira conjugação: amar, cantar, comprar.

Amemos ao próximo. Cantemos as boas músicas. Compremos bons alimentos.

Da segunda conjugação: fazer, vender, resolver.

Façamos ações filantrópicas, que são necessárias. Vendamos boas ideias no lugar de falsas notícias. Resolvamos nossos problemas sem discussões tolas.

Da terceira conjugação: partir, redigir, sair.

Partamos agora, pois vai chover. Partamos o bolo, pois o café está pronto. Redijamos o texto com cautela, para evitar gafes. Saiamos agora, porque a chuva é iminente.

Não importa se o verbo é regular ou irregular. O critério é o mesmo. Se houver dúvida, uma consulta à Gramática mostra a forma correta, bastando olhar com atenção cada vogal temática nas formas verbais.

Se lhe for importante, relembre formas verbais usadas no cotidiano, que tanto conhecemos.

Que você vá em paz. Que eles consigam bons resultados. Que a gente faça tudo corretamente. Que o povo aprenda a economizar água. Que a testemunha diga a verdade.

Se ainda for interessante, veja flexões na primeira pessoa do plural (nós): Vamos em paz. Consigamos bons resultados. Façamos tudo corretamente. Aprendamos a economizar água. Digamos a verdade diante da autoridade.

Alterne a frase do imperativo afirmativo para o presente do subjuntivo, ou vice-versa. Estes exemplos podem ajudá-lo nesse aspecto.

Vá com Deus. Espero que vá em paz.

Façam uma boa viagem. Esperamos que façam boa viagem.

Dê tudo certo. Desejamos que dê tudo certo.

Mesmo que a frase seja negativa, ou impudica, feia, ainda assim o presente do subjuntivo é usado.

Que vá pro inferno! Foda-se! Que se dane! Dane-se, rapaz! Vá-se catar, cara! Que se lasquem! Saiamos daqui já, pois o enxame é de abelhas venenosas.

Será que este artigo contribui um pouco para o bom uso desses tempos verbais? Tomara!

Esperemos que os bons jogadores sejam convocados por Dorival Júnior.

Abraços.

João Carlos de Oliveira

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