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‘Júnio’ ou Júnior? Mais: qual é o plural de júnior? E o antônimo?

Trata-se de adjetivo: júnior, o mais novo dentre os irmãos.

Como sobrenome, torna-se nome próprio: Júnior, muito usado em todo o País, e muitas vezes abreviado: Jr.

Como ‘classe’ esportiva, em especial no futebol, o júnior é o intermediário entre 11 e 13. A turma dos juniores. O plural fica bonito, bem sonante, cuja grafia não tem acento agudo e se torna palavra paroxítona: ju-ni-o-res; no singular, proparoxítona: -ni-or. Sua origem remonta aos tempos de Roma, do ‘auspicioso’ período imperial romano, cuja grandeza seria mais para os imortais; o povo ganhava apenas um cala-boca, o chamado pão-e-circo.

Nessa época, quem se metesse a protestar iria para a arena e poderia ser morto por um leão faminto ou um gladiador robusto, ou seria levado à guilhotina com ostentação e tudo, e teria o corpo pendurado numa estaca em praça pública para mostrar aos habitantes quem mandava no pedaço.

Ruim a época de hoje? A anterior seria pior: trágica, brutal, desumana, genocida.

Não mude de assunto, professor! Cadê o fio da meada? Seu texto não é coeso ou retilíneo, está perdendo a sequência lógica. Mas, antes de uma conversa séria, um pouco de cochicho ao pé do ouvido não faz mal.

Termo latino, junior ou juniore (o mais moço entre dois) tornou-se universal. Quanto à pronúncia, é forte a primeira sílaba; a vogal seguinte é assinalada por uma braquia indicando que é breve. Na atualidade, é usado com frequência para indicar o filho que tem o mesmo nome do pai, e não seria, necessariamente, o primogênito, mas o caçula. Manuel Carlos de Oliveira Júnior, apelidado Juninho.

A grafia ‘Júnio’, corruptela de Júnior, provém do fato de não pronunciarmos corretamente o R. Temos o hábito regional de usar ‘Vamos viajá’, cuja preguiça é notória. ‘Vamos viajar‘ não coaduna com a liberdade de expressão de muitos.

O fato seria similar ao que acontece com o termo inglês Michael (Miguel), tão conhecido quanto o francês Michel, que passou a ter muitas grafias a partir da pronúncia em Português: (próxima de ‘maicol’) foi deturpada, e gerou Maicon, Maikon, Maikom etc. O leitor é capaz de apresentar uma lista.

Não estranhe que alguém pronuncie forte porta (‘porr…ta’). Melhor assim. ‘Car…ne’, entonação incomum entre a maioria, é correta. Relembre o R: O rato roeu a roupa do rei de Roma. A isso chamamos aliteração, repetição de um ou mais fonemas no início, meio ou fim das palavras de um verso ou de uma frase (definição de uma obra). O pato pateta pulou do poleiro para pegar a pitanga polinésica (exemplo do colunista).

Observação que parece importante: não pense que Júnio, corruptela de Júnior, teria relação com ‘jônio’, povo heleno que habitou a Jônia, relação central da Grécia antiga. Jônio, dialeto jônico, cuja variante gráfica é iônico, assim como jônio varia para iônio. São termos históricos.

‘Júnior’ tem uma família de cognatos: jovem, jovial, jovialidade, jovializante, jovializar, juvenil, juvenilidade, juventude etc.

Não seria comum esta abordagem: se temos o grupo dos mais jovens, os juniores, como no futebol, seu antônimo é o grupo dos seniores, o chamado sênior (o mais velho).

Se formos em busca de cognatos, sênior teria os seus: senectude, senil, senilidade, sênio (velhice; em desuso); senilismo, senilizar, senilização.

O sênior, segundo a literatura desportiva, é aquele que ultrapassou a idade ‘adequada’ para um tipo de esporte, sem ser exatamente o veterano.

Basta para compararmos júnior e sênior, desprezando a grafia ‘júnio’.

Vamos repetir os plurais, que alguns não consideram existir: juniores e seniores.

Pausa: 1. Um texto diz que moradores ‘tampam’ buracos em determinada rodovia. Se já houvesse certo objeto que servisse de ‘tampa’, seria tampar; como se trata de um aterro, um tapa-buracos, é adequado que se diga ‘tapam’ os buracos (jogando terra). 2. Muitos textos jornalísticos dizem ‘Exploração sexual de adolescente’, como se a vítima fosse o próprio praticante do crime. O crime é cometido por outrem; nesse caso, melhor seria dizer ‘Exploração sexual contra adolescente’ (em desfavor do adolescente). 3. Uma frase diz “Devo terminar a tarefa que me dispus a realizar”. Dispor é colocar em ordem. Dispus os objetos em ordem (cuja semântica fica clara). A frase do livro, salvo melhor juízo, deveria ser “Devo terminar a tarefa à qual me dispus (a) realizar”. Disponho-me a fazer isso ou aquilo.

Este colunista reconhece o mérito dos grandes vultos, dando-lhes os créditos merecidos. Os ilustres confrades Celso Kallarrari e Valci Vieira, membros da Academia Teixeirense de Letras (ATL), lançaram livros de grande conteúdo literário (com base no comentário do jornal, uma vez que não teve a honra de estar presente ou ler as obras). Professores da UNEB em Teixeira de Freitas, em 28 de março, no auditório da Instituição, diante de bom público, discursaram e mostraram suas obras: A menina que comia queijo, de Celso, retratando o hábito de a personagem Sarah, sua própria filha, menina simpática e estudiosa, ter esse hobby, e Tragicidade nas poéticas de Cesário Verde e Cruz e Sousa, de Valci. Os louvores são muitíssimos, e não caberiam neste espaço. O leitor sabe que Cesário Verde é poeta português, de lírica profunda, e Cruz e Sousa, grande simbolista, é brasileiro, de vida sofrida. Teve, como ainda tem, muito mérito.

Só uma tese para mostrar a grandeza do porte desses dois escritores.

Aqui em seu canto, este blogueiro, que também faz parte da ATL, conclama o confrade Celso, com o qual tem certa intimidade, para publicar a obra O Dia Que Nunca Acaba, pura poesia de protesto. Qual dos dois quer ser o mecenas?

Além dessa confraria toda, veio a lume o resultado do prêmio Castro Alves de Literatura, promovido pela ATL, cujo vencedor número um é o confrade Armando Azevedo, de Itamaraju, professor e escritor. Ao lado dele, embelezando toda a literariedade de ambos, está a advogada-poetisa Gisele Ellen, membro da ATL: poeticamente, são duas imagens e duas faces a nos deleitar (a externa, a olhos risonhos) e a interna (de conteúdo belo e literário).

Parabéns a todos.

Leitor, em virtude da extrapolação, perdoe o colunista ao reconhecer o trabalho de pessoas brilhantes e ter a honra de citá-los aqui.

João Carlos de Oliveira

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