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O que pressupõe o sufixo ‘ismo’? Estrelismo, Vedetismo, e outras palavras, chamariam a atenção? Por quê?

Na escola, aprendia-se, ou ainda se aprende, o significado majestoso de muitos vocábulos terminados em ‘ismo‘. Como aprendizes, ávidos de conhecimento, fitávamos o mestre a nos dissecar as vísceras de palavras novas, momento em que se ouvia o som melodioso do silêncio! Anarquismo, Comunismo, Socialismo.

A lista abrange algumas centenas, mas alguns seriam notórios, como na História, Política, Sociologia: Alexandrismo, Pragmatismo, Patriotismo. Cada um escolhia, como seria o direito de liberdade, o seu predileto. Fui um que admirava, e no início entendi pouco, o Dadaísmo.

Sem precisar explicar, assustam-nos, hoje, o Egocentrismo, o Segregacionismo.

Já pesquisou sobre o Xintoísmo?

Ainda se discute o que seria Puritanismo? Para quê?

Os adeptos, certamente, têm sua predileção: Cristianismo, Confucionismo, Maometismo. E outros.

Não queira se enveredar pelo Fetichismo. Sem base, quaisquer seguidores podem percorrer maus caminhos ou momentos perigosos.

Afinal, não daria para citar nem comentar a lista encompridada, que poderia gerar a maior obra enciclopédica dos doutores, a nos dizer o que o Mundo, maiúsculo, vive em tempos atuais.

Um campo minado, de difícil convivência, cujos símbolos são amplos, às vezes, discordantes, mas sempre informativos. Todos querem a informação correta, precisa?

Lendo os Inconfidentes Mineiros, Tomás Antônio Gonzaga em primeiro plano (Marília de Dirceu), pestanejava-se um instante para se entender o Bucolismo, presente nas entranhas das Alterosas, passando pela Serra do Cipó, por Ouro Preto, Cordisburgo, Gruta de Maquiné, em que, anos depois, emancipou-se a grandeza de Guimarães Rosa, e empolgante e poético seria intercalar outros ‘ismos’, os quais nem todo jovem conheceria.

Vamos ao ponto que está na agulha do flash cultural.

Estrelismo: atitude de uma estrela?

Vedetismo: comportamento de vedete?

Elitismo: visão da elite evidente?

Nem vale a citação por ordem alfabética. Vale se há ou não o Sincronismo sobre o que se pensa.

O que chama a atenção é o significado forte de alguns desses vocábulos: ismo suporia uma ciência, uma tendência religiosa, política, cultural etc., mas a semântica moderna nos conduz a algo bem particular, próprio de um grupo especial.

O Vedetismo implica a estrela do cinema ou do teatro, e, por assim ser, mais pela sua índole e comportamento. Algumas brilham no alto e se ostentam, evidenciam o ‘tiete’, fã ardoroso, admirador exacerbado, e eis que, para evitar brigas, fiquemos calados, e cada um curte seu conceito. A tietagem tem serventia?

Os estudiosos dizem saber o que seria Síndrome do Estrelismo, e tantos famosos há que fazem parte desse rol.

A vedete, do Francês vedette, nome pomposo, pressupõe atriz de teatro de revista em evidência, no auge do sucesso, e queira que todos tenham bons exemplos de cidadania, de filantropia, de humildade fantástica. Não se sabe de tudo nesse mundo enigmático.

Houve Vedetismo no tempo em que Roma era o suporte do Mundo? O Império Romano tem histórias longas. Por que Shakespeare resolveu escrever a vigorosa peça Romeu e Julieta, somente para mostrar os caminhos diversos entre famílias, os Capuleto, os Montecchio?

A estrela é pessoa eminente. Aliás, um sinônimo que o dicionário não registra: ‘imantada’ de poder, cheia do brilho que outros não têm. Difícil dizer além disso, passando da denotação para a conotação.

São bonitos seus signos sinonímicos, os ícones que definiriam essas pessoas famosas, mas na prática, no Empirismo do dia a dia, nem sempre os vieses conotativos nos deixam satisfeitos.

Seria receoso analisar tudo, sem correr o risco de ofensa, de má-educação, de visão pejorativa.

O Espiritismo, como um dos símbolos da Humanidade, e esta nem sempre tem o lado do Humanismo, não pode ficar de fora, mas sem definições; cada olhar tem sua faceta, como a forma de vê-lo em sua grandiosidade.

O ismo de hoje é apenas para suscitar conjecturas, sem fincar pé que um conceito seria mais valioso que outro. O debate não está inserido aqui; cada leitor é que tem seu saber para aceitar, discordar, propor definições. Nada mais.

Vamos preferir o lado poético, lúdico ou filosófico de alguns deles: o Cubismo, o Simbolismo, o Esteticismo, o Estadismo.

Ismo forma substantivos que denotam sistema, conformação, imitação etc. Judaísmo, Islamismo, Neologismo, Arcaísmo, Indiferentismo, Altruísmo.

Seria indevido tomarmos esses vocábulos ao pé da letra. Ipsis litteris, não condizem com o Modernismo de hoje, e devem estar implícitos em cada ato vivido na sociedade livre, em que um ‘passo à esquerda coaduna com um passo à direita’. O ir e o vir são direitos pétreos que não podem ser olvidados.

Praticamente, todos os vocábulos com esse elemento mórfico são de difícil, senão complexo, conceito, e mudariam de cor conforme o lápis ‘azul’ na mão de um poeta ou o ‘verde’ na de outrem.

Para deixar claro, no passado, o que foi o Ufanismo? E todo cidadão tem sua esfera. O conceito de que é uma espécie de Otimismo nacionalista, ou o Nacionalismo ufanista, seria o mesmo no hodierno?

Quem nos emprestou esse sufixo? Certamente, o Grego, de ismós, com sua amplidão nas acrópoles de então, que não são as de hoje. Atenas e Esparta foram a marca do Ufanismo, do Nacionalismo exacerbado, e quem ficou, Atenas, foi a cidade vencedora? A outra não deixou nenhuma marca?

Certo é que nenhum cidadão cosmopolita pode ou deve tomar para si qualquer conceito de ‘ismo’, sob pena de incorrer em dano moral, material, com dolo ou culpa.

O Elitismo, muito sutil, preocupa. O Vandalismo, visível em muitos atos, abre o debate do comportamento que nos atinge. Quando acontece, e muitas vezes, todos ficamos prejudicados.

Valeu a pena mostrar o que seria ismo, mesmo sem defini-lo ao todo, sem que possa ser vislumbrado um suporte que se destaca na torre mais alta da visão humana? O Brasil ainda vive o Tropicalismo?

Não se sabe para que serve o Niilismo adotado por alguns.

Melindrosos, cautelosos, muitos ismos estão presentes em nosso dia a dia. Sob o olhar que vai e vem. O vaivém do olhar ‘ista’, o olharista.

Um abraço.

 

João Carlos de Oliveira

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