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Anglicismos e galicismos, rol de palavras inglesas e francesas incorporadas ao nosso Português

Esses dois verbetes seriam desconhecidos de alguns, mas todos sabem, até prova em contrário, que outros idiomas contribuem para a formação de vocábulos em Português. São os empréstimos estrangeiros, ou estrangeirismos, e daí os dessas duas Nações pela sua importância cultural-econômica em todo o Mundo.

Os anglicismos são os  inglesismos, e os galicismos, os francesismos, ou, respectivamente, termos originários do Inglês e do Francês.

Em tempos idos, por charme de uma linguagem nova, o uso de ‘foot-ball’, vocábulo composto do Inglês, então, não-aportuguesado, impressionava pela grandeza do significado e da pronúncia e dava a impressão de que o usuário seria um sujeito enfronhado com coisas modernas.

Quem chegava de viagem à Europa, por exemplo, tratava logo de usar palavras ou expressões aprendidas em algum país, e seriam notáveis os vocábulos da Itália, da França, da Inglaterra. A quantidade se tornou enorme e resultou no que temos hoje.

Entretanto, na atualidade, não se percebe mais esse aspecto; o contato se ampliou e a evolução linguística fizeram com que a popularidade se tornasse ampla, não privilegiando esse ou aquele viajor. Quem viaja por forma física (pelo mar ou pelo ar), pela Internet e por artigos, simplesmente, aprende a ser um cidadão cosmopolita em termos de linguagem.

A lista cresceu: de futebol, do qual temos derivados evolutivos (futebolístico, futebolisticamente etc.), passamos a outros que circulam à vontade.

Se ‘foot-ball’ foi destaque, por que o poeta não poderá, nos dias atuais, fazer uso de ‘futebolizar’? Parece chique o uso do sufixo verbal ‘izar’. Por qualquer ‘trocado’ que renda dividendos a quem escreve, esse autor, para agradar e sensibilizar, usa viralizar, politizar, democratizar, customizar, funcionalizar, reinicializar. Não se diz, comumente, iniciar, mas inicializar. Quanta grandeza numa palavra só!

Tudo que termine em izar chama a atenção e rende créditos ao jovem tão customizado à evolução moderna, das redes sociais ao falar, ao escrever, ao inovar com rol de palavras ultramodernas, atualíssimas.

‘E não é, seu João, que isso vem acontecendo!’

Um termo do galicismo a comentar é ‘menu‘ por sua dupla pronúncia: ‘meni‘, em Francês, muito chique, que foi usada e reusada em tempos de uma doce viagem a Paris, e na volta o visitante chegava ao Brasil cheio de novidades; hoje, ‘menu‘, pela sua visão gráfica, como está, assim como se pronuncia angu, caju, peru; por isso, tasquemos lá, sem medo de sermos felizes: menu (pronúncia leve, poética), nada de entonação exótica, portenha, latino-americanizada!, mas abrasileirada, doce como mangaba. Uma mangabinha caída do pé, no momento em que um pássaro a beliscou, e o ser humano, guloso, foi lá e a pegou do chão. Ali mesmo, foi devorada.

O termo comentado do anglicismo é ‘truísmo’, que preconiza ‘perfeita’ filosofia de vida. O truísta seria verdadeiro, lídimo representante de uma sociedade aristocrática, que trilha os caminhos tortuosos que nos cercam de maneira ultracorreta. Truísta é aquele que jamais mentiria e não pisaria fora de sua faceta retilínea: a verdade, sempre a verdade. O nosso cidadão dessa estirpe, o nordestino, homem de palavra, limpo, assim como a água pura da fonte, da cacimba onde um barro pegajoso esbranquiçado, tão hígido como as bênçãos de um Anjo Supremo, como o Arcanjo São Gabriel, medra entre os joios da Natureza local.

Por que não usar apenas ‘verdadeiro’? Melhor truísta, por não ser conhecido da plebe. (?)

Palavras do anglicismo, cuja maioria se refere a esportes, são incontáveis.

Anglicanismo, anglicano (referente à religião dos anglos), anglicida (aquele que mata um inglês), anglicista (versado em língua e literatura inglesas), anglicização, anglicizar (que chique! Anglicizou seus hábitos: é sempre pontual, como um relógio suíço), ânglico. Para essa relação, toma-se o radical ‘anglo’ (angli), que significa inglês, e formam-se vocábulos técnicos, ou quase isso.

Anglofobia, o ato de ter aversão aos ingleses; anglofilia, o de adorá-los. Anglômano, já seria o adepto dos costumes ingleses, fazendo-os de maneira exacerbada. Um anglomaníaco.

Na vida moderna, certamente, grande parte gosta de galicismar, em que fala expressão ou termo francês: Bonjour, mademoiselle! Ou sai em silêncio de reunião (calado, assim como entrou). Em outra visão, não seria um fujão, omitindo-se?

Relação de palavras do galicismo, lembrando que houve a Gália e ainda há a Galícia, e daí gálios, gálicos e gauleses. De qualquer forma, o galicismo, poderoso, vindo de um Francês gutural, de pronúncia ímpar, fora emprestado à Flor do Lácio.

Ei-la: abajur, Aidê, apartamento, assassinato, ateliê, batom, bidê, bijuteria (bijouteria), bicicleta, boate, bufê, cabina (cabine), chalé, canapé, champanha, chance, chantagem, chantili, chassi, charrete, chefe, chique, complô, crachá, creche, crepe, crepom, croqui, detalhe, dossiê, élan (élã?), elite, escargô, filé, frissom (aportuguesado), gafe, galicizar, galicista, garagem, garçom, glacê, guichê, guidom (guidão), greve, madame (madama), maiô, matinê, metrô, moda, nuance (nuança), omelete, patê, pierrô, pivô, purê, raquete, restaurante, revanche, reprise, réveillon (não-aportuguesada), silhueta, suflê, toalete, turnê, vernissage (vernissagem), vitrina.

Percebemos o uso dessas origens no dia a dia?

Anglicismos: bar, basquete, basquetebol, boxe, clube, dólar, esporte, estúdio, frízer, iate, lanche, linchamento, piquenique, pôquer, pudim, revólver, sanduíche, surfe, táxi, tênis, turfe (surfista, turfista), uísque, xampu, zíper.

Além de toda essa origem, a relação de derivados, dos dois idiomas, é longa: becape, beisebol, bicicleteiro, detalhista, elitista, elitismo, escâner, grevista; doleiro, esportista, desportista, desporto, surfar, tenista.

Há, em especial no Inglês, centenas de expressões e palavras não-aportuguesadas: anti-doping, bacon, best-seller, diet, doping, fast-food, jeans (vetusta, assim como o tecido),  laser, mouse, off-line, on-line, shopping center.

Seria bom ou não o uso de termos emprestados? O uso caracteriza a riqueza do vocabulário, mas o exagero não, e muito mais quando a expressão não está aportuguesada, tornando-se vício de linguagem, enfadonho e exibicionista.

Ficam claros os dois lados, a importância do intercâmbio com outros idiomas, mas o cuidado em usá-los, sem ultrapassar limites naturais e próprios de um Português escorreito.

Bom uso, camarada!

Para fechar, veio-me à telha a palavra taxidermia (de origem grega), cuja função foi exercida por profissionais pagos por entes públicos, o ato de empalhar animais. Exemplos aqui perto, são vistos em cidades capixabas (Linhares, Santa Teresa). Teria cabimento haver taxidermista na atualidade? É inteiramente desnecessário.

E quanto a animais, se não aceitamos que levem nossos espécimes, como a ararinha-azul, por que temos a mania de criar cacatuas, se são de origem australiana? Por que animais em circo? Simplesmente, são expostos ao ridículo. Tigres já mataram seus domadores, mas eles não têm culpa.

Espantoso: que ‘palmente’ é o habitante de Palmas (TO). Certamente, um lapso de redação; o palmense.

Fica dito isso. Obrigado.

 

João Carlos de Oliveira

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