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Qual a grafia e pronúncia corretas: bifê ou bufê? E mais: o que são a Antologia, Entomologia e Ontologia?

Alguns teriam dúvida sobre a origem e significado dessa(s) palavra(s)?

Lá, escreve-se ‘buffet’, grafia em que a primeira vogal tem a leve entonação de um ‘i’, com a sequência de um som misto nasalizado e fricativo.

Lá ‘onde’? Na França, meu amigo!

Aliás, deixemos que um foneticista explique melhor, além de o próprio idioma, isto é, de sua teoria fonética, ser capaz de dizer o ‘rumo’ a ser tomado. Aqui no Brasil, já que o timbre de um difere do de outro, pronunciar ‘bifê’, que parece chique, ou ‘bufê’, varia de pessoa para pessoa.

Os doutos afeiçoados ao Francês, idioma de fonética forte, sons guturais e outros, com pronúncia marcante, dará o parecer justo, na exegese de que a linguística possa explicar, deixando o aprendiz boquiaberto. A pronúncia francesa é muito atraente, bonita, charmosa, e mais adjetivos que a possam destacar.

Aprendi pouco ‘meu’ Francês em nível ‘ginasial’, termo desusado, e o pouco que me marcou, na atualidade, já sumiu dos meus neurônios carcomidos pelo passar do tempo. O professor foi um padre, que seria de origem holandesa, muito educado com a meninada ‘alheia’ à importância do idioma em cidade pequena.

Ficou marcante falar ‘Merci beaucoup’, muito obrigado(a): ‘merci bocu’, uma pronúncia aproximada, pelo menos. Até a famigerada expressão ‘fermer la bouche’ seria destaque: fechar a boca (sua boca). Fechá-la para não se dizer asnice ou para conter um arroto desastroso. O equivalente em Inglês, ‘to shut your mouth’, seria alerta para não falar o indevido; não se trata de ‘fechar a boca para comer menos’; e dizem, esta seria uma expressão difícil e de uso restrito. O nosso brasileirismo é bem escrachado, com ironia ou sem, com ojeriza ou sem, mas sempre chamando a atenção: ‘cale a boca’, ou ‘feche essa caçapa (matraca!), que está incomodando’. Não fale o que não deve.

Calar a boca! Fermer la bouche! To shut up! (to shut jour mouth), qual a expressão mais enfática, e a pior?

‘Shut your mouth because you’re an idiot’, frase que não se deve dizer a ninguém. Se o falante precisa dizer algo que mereça essa visão (Feche a boca porque você é um imbecil!), melhor seria ficar calado e ir embora, sair do local de fininho (calado, à francesa) ou fazer ouvidos moucos para não ouvir impropérios.

Na feira-livre, a compradora pergunta que tipo de mandioca seria (macaxeira?), que nome tem? A feirante explicou que uma de cor branca seria a chamada ‘cacauzinha’. A compradora teria dito: ‘Não, essa é a ‘lisona’, que tem casca branca. A casca da cacauzinha é arroxeada’. A vendedora gritou: ‘Você quer saber mais que eu, que plantei?’

Shut up, my friend! I’m going to buy elsewhere!’ (‘Cale-se, minha amiga! Estou indo comprar em outro lugar’, em tradução livre).

‘Merci’ é termo universal: Obrigado, deles e de quem gosta de ser um galicista (ou francesista), e, se for de forma bem pessoal, um galicófilo (galófilo ou francófilo), termos pouco usuais, que estão nos dicionários, em especial, nos que tratam da etimologia diversa de nosso vocabulário.

Ao frigir dos ovos, pela norma gramatical, com base na escrita do vocábulo francês, nossa grafia pende para ‘bufê’, de forma mais espontânea. Seria isso. Só que há quem prefira aquele sotaque ‘espasmódico’, com certo rompante de intelectual desavisado: ‘bifê’. E já que haveria duas pronúncias, surge a dupla forma de escrita, ou variante gráfica.

Qual você prefere? Bufê estaria mais condizente; entretanto, em fôlderes, pode constar bifê.

E não se espante: outra grafia (desconhecida?) seria ‘bufete’, com três sílabas (bu-fe-te), cuja tônica é fechada (fê), mesmo que não seja acentuada graficamente. A tradição nossa é que o sufixo ‘ete’ tenha pronúncia fechada (certamente, com exceção): arcete, barrete, bracelete, cacete, canalete, escudete, farolete, foguete, fradete, jarrete, lembrete, malhete, milhete, morrete, palacete, porrete, reizete, rolete (^), mas periguete, corpete, assim como se fala o s. m. canivete e o s. f. enquete. Esta lista também cresce com carpete, cassete, cotonete, escrete, gilete, patinete, raquete, tablete, trompete, soquete, soviete, vedete. A pronúncia aberta destes vocábulos não indica que tenham sufixo, mas grafia própria de palavras vindas de outros idiomas.

Ficam o registro e o comentário.

Encantam-me vocábulos terminados em ‘logia’, elemento mórfico que indica estudo. Biologia, Radiologia, Sociologia.

Os escolhidos para a análise são Antologia, Entomologia, Ontologia.

Vamos tentar falar sobre eles?

Entre esses, pela ordem alfabética, o primeiro é conhecido literariamente.

O conjunto de obras de um autor ou autores. A antologia de Carlos Drummond de Andrade, a antologia de Cecília Meireles; a antologia da poesia modernista; a antologia dos poetas baianos. Assim por diante. Curioso seria analisar a antologia ‘vimarense’, a de Guimarães Rosa, ou, se quiser, roseana.

Admirável a antologia do Poeta dos Escravos. Castro Alves, mesmo que a extensão de sua produção não seja longa, tem antologia poética profunda. Sua obra emblemática tira o fôlego de quem repudia a escravidão. Ainda, não se sabe, além de Joaquim Nabuco e outros abolicionistas, se a sociedade aristocrática aplaudia suas metáforas e pedidos ao Onipotente, Onipresente e Onisciente, indiretamente, para acabar de vez com a Escravidão no Brasil, ato que dependeria dos mandatários e de quem os apoiava.

A Entomologia, parte da Zoologia, estuda os insetos e sua evolução, suas espécies e importância. O entomólogo, também chamado entomologista, aprofunda-se em informações sobre esses invertebrados nem sempre encontradas em livros.

A Ontologia, como parte da Filosofia, é o estudo do ser humano em relação às suas qualidades comportamentais e propriedades. O ser humano é um ser, cujas dimensões no meio em que vive, ultrapassam ‘o conhecimento do próprio homem’. Se alguém é marxista seria, por isso, um ateu? Um ateu poderia ser um filantropo? Os ancestrais humanos deixaram, pela via da Antropologia e suas vertentes, uma evolução social estupenda, estudada pelos grandes pensadores modernos. Conclui-se que o cidadão comum pouco sabe de si mesmo e a respeito de outrem.

Deixemos este artigo como está, meio destrambelhado. Falta-lhe algo?

Seria prudente acenar ao visitante que crie sua ‘estante’ cultural e pesquise sobre Citologia, Mastologia, Oncologia?

Um abraço e mais um convite a que nos venha visitar.

 

 

João Carlos de Oliveira

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