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É propaganda enganosa? Ou seria apenas ‘linguagem comercial’ para vender o produto?

A todo momento, vê-se em cartaz, em lojas diversas, as simples ou pequenas, maiores ou mais chiques, o valor de um produto a ser pago pelo cliente estampado em uma minidízima periódica: 9,99.

Por que não 10,00? Teriam o troco de um centavo para dar ao cliente?

O Código do Consumidor determina que o cliente deve ser bem atendido, e nunca enganado, que o troco faz parte da transação, sob pena de um direito estar sendo desrespeitado.

Em outro local: 19,99. Por quê? Não são 20,00? Têm o mesmo troco? Se o cartaz estampa 20,00, a mercadoria não seria vendida ou não seria aceita?

Pode-se encabeçar uma lista enorme desses exemplos de preços.

Um espanta: 99,99.

Outros se assemelham em mensagem ruim ou capciosa: 399,99. Por que não colocariam, de uma vez, 100,00 ou 400,00?

Se querem atrair o cliente, por que não usam ou usariam apenas 99,00? Dariam o troco de 1,00. Seriam 399,00, e dariam 1,00 de troco. Esse ‘miúdo’ seria um chamariz, e o empresário não teria prejuízo e não correria o risco de ser malinterpretado.

Pensa-se assim.

Outros dizem que essa linguagem comercial é adequada: para que o cliente tenha a sensação de que está comprando mais barato. Nesse caso, se há um erro, se a linguagem for chamada de ‘enganosa’, a culpa é do cliente? Esse hábito de expressar o valor é contumaz no setor varejista?

Ainda há quem diga que a Psicologia aprova esse procedimento. Será? Se a Psicologia o faz, outras Ciências não estariam incorrendo no mesmo erro de enganar? A Medicina? Que o paciente vai pagar um pouco menos, mas sem se saber a possibilidade de cura, e não haveria a possível melhora de quem procura tratamento médico?

Ainda há o fato de o consumidor comprar usando cartão, de crédito ou débito. Quando é crédito, pode haver, ou tem havido, certas complementaridades: que vai pagar mais 5 % sobre o valor das compras. Por quê? O Código não veda esse princípio? E se veda por que parte do comércio o usa?

Pode-se dizer que esse costume não tem respaldo na lei. Trata-se de um hábito ilegal.

Aprovada por uns ou desaprovada por outros, certamente, essa ‘linguagem comercial’ fica a desejar e precisa ser revista, modificada para seu trâmite regular, como linguagem apelativa.

Se certa por um instante, errada em muitos momentos.

Isso basta.

Lendo um artigo sobre o significado e origem de palavras, diz lá que ‘cafuné’ não teria respaldo em outros idiomas, que se trata de um termo definido apenas com uma expressão, que diz: “coçar levemente a cabeça de alguém para fazê-lo dormir” (sic).

Cafuné não teria sinônimo? Só pode ser definindo com um laudo de palavras? Talvez, não se veja assim, e o léxico diz isso?

A etimologia mostra outro ‘cafuné’: s.m (do quimb.). Fricção vagarosa no couro cabeludo de alguém, com o fim de acariciar, acalmar etc.

Já existe uma diferença: que o ato não é somente para dormir. Sabemos e vemos que em muitos momentos uma pessoa nervosa recebe o ‘carinho’ de outra que lhe passa a mão pela cabeça, levemente, para lhe dizer: Acalme-se, que tudo vai dar certo.

Isso é cafuné? Certamente, sim, observada toda a semântica do termo e da explanação.

Certo dicionário já diz ligeiramente diferente: sm (quimbundo kafundu) 1 Ato de coçar de leve a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para o adormentar. 2 Carícia.

O estalido não seria com a ponta dos dedos?

Mantém-se a ideia central de fazê-lo para alguém dormir, mas há outros aspectos semânticos.

Já temos um ‘sinônimo’ (carícia), e desse vamos a outros: carinho, afago, meiguice? Atenção, cuidado?

Cafuné é, tão-somente, um mimo.

O vocabulário virtual tem suas definições, e uma delas: ‘estalido produzido com as unhas na cabeça de outrem como quem cata piolho’.

Que se trata de um brasileirismo. Mas se o termo vem do Quimbundo, idioma de origem africana, como seria brasileirismo?

O brasileirismo é típico de costumes nossos, assim definido: característica do brasileiro e do Brasil. Expressão ou maneira de dizer peculiar aos brasileiros. Modismo próprio da linguagem dos brasileiros.

As definições podem-se contradizer: se é brasileirismo não seria do Quimbundo, e vice-versa.

Expressão própria do brasileiro, o brasileirismo tem milhares de exemplos, típicos de nossa linguagem coloquial, talvez vulgar, usada em larga escala na fala cotidiana: Vá pra merda! Vá cagar! Me deixa em paz! Me larga!

A lista vai longe.

Cada brasileiro pode citar o seu, e chegaríamos a mais de cem milhões de exemplos.

Podemos citar expressões e palavras que sejam ou seriam brasileirismos.

Chorar pitanga (chorar como criança), capim-açu, você é um abacaxi.

Chorar o leite derramado. Chorar lágrimas de sangue. Chorar lágrimas de crocodilo.

Os brasileirismos têm uma classificação, que não importa no momento.

Fonético (adevogado), morfológico, sintático (vamos na igreja), lexical etc.

Dizer que certo mosquito é o borrachudo, que houve na Nação o cangaço, e mais casos.

Uma frase me chama a atenção: “Por fora, muita farofa; por dentro, molambo só”. Se esta serve de exemplo, teríamos uma relação enorme.

Antes, foi uma uva; agora, um bagaço.

“Ovo e uva boa!”, grita o feirante.

“Oh! viúva boa!” (seria o entendimento).

‘Abaporu’ é brasileirismo? Tarsila do Amaral teria considerado assim seu quadro, que se tornou famoso?

Os brasileirismos sintáticos são expressões idiomáticas: gostoso pra chuchu, bom pra cachorro (legal), cara de tacho, filho de teia, filho de Satanás etc.

Brasileirismo do dia a dia: coitado, tartaruga, uma lesma, imprestável como borra de café. O pulo do gato. Pegou um pepino. Enrolado como gongo.

Um dia é da caça, outro do caçador.

Não meta o nariz onde não é chamado. (Meter o nariz por que seria o primeiro a chegar? Por que detecta mau cheiro?)

É preciso meter a cara no mundo para vencer na vida.

Os neologismos ‘aborrecente’, para designar adolescente, e ‘ficante’, alguém com o qual se tem relacionamento curto, temporário?, são brasileirismos?

Um dito popular o é? Macaco velho não mete a mão em cumbuca. Água mole em pedra dura bate tanto até que fura. Boa romaria faz quem em casa fica em paz.

Cagar na praia e limpar o cu com a saia.

Tomar no buraco de sua bunda.

Mas… o mais amplo, habitual e consuetudinário brasileirismo ético-profissional, que nos ronda desde os primórdios lusitanos, é a…

COR-RUP-ÇÃO.

Nada mais.

Um abraço fraterno.

 

João Carlos de Oliveira

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