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Eis a grafia da palavra ‘prefeito’ em seis idiomas, incluído o Latim, nestes tempos modernos

Continua o artigo anterior.

Após o registro da grafia do vocábulo prefeito, termo difundido em todo o Mundo, no seu respectivo idioma, já que toda cidade tem um cidadão com essa função, também chamado administrador municipal, sugerem-se as grafias dos vocábulos vereador, eleição e eleger, fechando a rodada.

Não se terá um artigo grandioso, tal qual faria um linguista ou etimologista, que cuida da origem de termos em vários idiomas, mas pode servir, mesmo capenga, sucinto (um artiguete, artiguelho?) por se tratar de informação, embora muito simples. Simplista.

Esta coluna cuida, comumente, dos aspectos (nova grafia: aspetos?) da nossa linguagem culta e popular, no dia a dia, como tem sido, e o visitante confirmaria com seu olhar de lince e debatedor dos assuntos linguísticos que nos envolvem neste ‘País Continental’. A nossa linguagem, falada e escrita, é tão diferenciada quanto as cores da Bandeira Nacional e a vida cultural de nossas regiões.

Hoje, dia pátrio de eleição para prefeitos e vereadores em nossos cantões, exceto em duas únicas cidades, chamadas distritos: Distrito Federal, a Capital Brasília, e Distrito Estadual, Fernando de Noronha (administrado pelo Estado de Pernambuco). As razões para a não-eleição são diversas, que não cabem aqui no momento, mas esses motivos constam de vários artigos disponíveis ao caçador de boas informações na Internet.

Como feito antes, aqui, as grafias estão nesta ordem: Latim, Inglês, Francês, Alemão, Italiano e Espanhol, deixados de fora o Árabe, o Russo e o Mandarim.

Prefeito: Praefectu (praefectus; pronúncia aproximada preféctus); (em alguns momentos, aparecem ‘maior‘ e ‘major‘, ambos com sua autêntica pronúncia latina, que não é a mesma em Português); Mayor; Maire (precedido do artigo le, indicando que, para os franceses, o vocábulo é masculino); Bürgermeister (termo composto, que, em tradução livre, seria Administrador da Cidade); Sindaco (ou Preffetto, Borgomastro); Alcade (Major).

Nota-se que a raiz latina, ‘maior‘ ou ‘major‘, aparece em Inglês e Espanhol, com ligeira alteração em Francês (Maire), o que prova a influência do Latim em idiomas modernos, inclusive o Inglês, apesar de seu aspecto anglo-saxônico.

Vereador: Veredus; Councilman (he), Councilwoman (she); Conseiller Municipal; Stadtrat; Consigliere Comunale; Edil (ou Regidor).

A etimologia vagueia quanto à origem do vocábulo vereador; livro há que diz ser grega, e outro, latina. A opção aqui, por ser idioma mais abrangente para a origem de nossos vocábulos, se deu pela forma latina (veredus), que está acima. Por outro lado, esse vocábulo tem muitos sinônimos, e, entre eles, o mais conhecido, edil (plural: edis, por ser vocábulo oxítona), termo que vem do Latim aedile, Magistrado Administrativo na Roma antiga; outros sinônimos que circulam em artigos e na linguagem culta: legislador municipal, membro da câmara municipal, camarista, parlamentar municipal, guia, mentor, conselheiro etc., e um meio desconhecido que também se edificou na nossa fala e escrita: paredro, espécie da manda-chuva político.

A forma regidor, em Espanhol, teria similar entre nós: regedor, ou regente, aquele que rege, e reger, do Latim regere, é o mesmo que administrar, comandar, dirigir. Reger um banco, reger uma escola, reger uma empresa, reger uma orquestra.

O vereador, se usarmos o verbo verear, da mesma família etimológica, vereia, isto é, cria projetos, sugere, indica, vigia o Executivo municipal, propõe, legisla o que seria de aprovação do Mandatário do Executivo. Vereador não vereia no que tange a projetos de executar uma obra por ele próprio, como alguns candidatos apregoam.

Segundo alguns estudiosos e articulistas, o Grego diz que ‘vereador’ significa aquele que segue um caminho, uma vereda, por isso, o nome, e daí verear, vereança etc.

Eleição: electio, election, élection (diferente pelo acento gráfico e pela pronúncia), Wahl (ou Wähl), elezione, elección.

Eleger: elegere, to elect, élire, wählen (com letra inicial minúscula por se tratar de verbo), eleggere, elegir.

Essas grafias servem, tão-somente, de complemento para realçar as anteriores, por isso, não há comentários.

Votar é um ato nobre, e melhor seria se o voto não fosse obrigatório, assim como se escolhe uma profissão, é decidido se conviver com alguém; no mesmo escopo, segue-se um caminho, faz-se uma viagem.

Foi esse o resumo.

Fechando a tela, como de costume, mais aspectos do nosso idioma, tão versátil quanto a maré, que vai e vem; o vaivém é diferenciado pelo vento, pela onda climática, pelo nível de água do mar e a influência da musa poética, a Lua, que em um dia vem cheia e em outro, minguante, tão minguada quanto nosso olhar que não dormiu bem, ofuscado pela idolatria, ideologia de que possuímos um sistema único de nossos saberes e nossas faculdades.

“Sei lá!”, diria um, e o outro, “Eu nasci predestinado, por isso, sei que um dia vou morrer” (sic).

O carro que ele estava, diz o texto. O carro em que ele estava. O carro que dirigia. A moto em que estava. A moto que pilotava.

A regência verbal pode exigir a preposição em: a casa em que moro, a loja em que trabalho, o lugar em que estou agora, o veículo em que a vítima estava.

A vítima sofreu ‘um mau súbito’. Essa grafia, não! Ela sofreu um mal súbito. O mau motorista. O mal que mata, a violência.

Chega a haver mal súbido, assim como já se encontrou. Ou ‘A súbita honra de receber Vossa Senhoria em minha residência’, registrou o documento.

Súbita honra não constitui erro de grafia, mas inviabilidade semântica. Não seria a honra de última hora, inesperada, mas uma elevada honra: Temos a subida honra de receber os jovens em nossa empresa.

Subida: elevada, digna.

Mal e mau continuam causando dúvidas. Mal, substantivo masculino. O mal maior, o mal da vida, o câncer é um mal. Mau, adjetivo. O mau motorista. Mau condutor. O cara é mau. Seu mal é ser um mau indivíduo. Ele é uma má pessoa. Chegou numa má hora. Nunca ‘mau hora’.

‘Sabe-se que foi usado um objeto ‘perfuro-cortante”, teria escrito o narrador. O objeto é assim classificado, mas a grafia do adjetivo composto tem dois caminhos: perfurocortante (primeiro adjetivo sem acento gráfico e sem o uso de hífen entre ambos); pérfuro-cortante (com acento gráfico no primeiro adjetivo e o uso do hífen entre ambos).

Um abraço. Até a próxima.

 

João Carlos de Oliveira

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