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Não se assuste com estas variedades linguísticas, inclusive variantes gráficas; analise-as ‘devagarzinho’ e busque outros exemplos

‘Tem’ muito peixe no rio. O rio tem muito  peixe. Há muitos peixes no rio. Peixe no rio aqui é adoidado! Este rio é piscoso que só ele!

Há um ‘boraco’ no pé da ladeira. Há um buraco no sopé da ladeira. No pé da ladeira ‘tem’ um buraco. A ladeira tem buracos, inclusive um no ‘pé’ dela.

There are boys playing football now. Ther’are boys playing football now. Now, the boys are playing football. They are very quick.

A cotia, animal silvestre, costuma esconder os alimentos numa toca. A cutia, animal silvestre, costuma guardar os alimentos em uma toca.

Hei! Você mora em Bel’zonte? Ei! Você mora em Bel’ozonte? Hein! Você mora em Belo Horizonte?

Vem pra qui, cara! Venha para aqui, cara! P’raqui, cara, vem!

Há um fruto campestre, saboroso, chamado abiu. ‘Tem’ um fruto saboroso, campestre, chamado abio. O fruto do abieiro, abio ou abiu, é muito gostoso, e se origina do Peru. A madeira do abieiro se presta à fabricação de instrumentos musicais.

Oia! E’moro em Bel’zonte! Uai! Olha, eu moro em Belo Horizonte. O que há nisso? Eu’mor em Bel’zonte, e daí? Qual’é o pôblema?

Qui foi qui acunteceu aqui? Que foi que aconteceu aqui? O que é qui houve?

Ele é que é muito doido! Ele que é muito doido! Ele é muito doido, e fica ‘falano’ assim! ‘Num’ dá para entender. Ele que é o doido, e falando assim, não dá para entender! Pensa que ‘doido’ somos nós.

O homem mora em um barraco. O homem mora num barraco. O homem mora no barraco. O homem, que mora nesse barraco, é um ‘disconhecido’. O homem que mora no barraco não é um conhecido.

Vem comprar no Salobro e ganhe um ‘disconto’ off de 50% em todas as mercadorias. Venha comprar no Salobro e ganhe um desconto de 50% em todas as mercadorias.

(As variantes (gráficas) morfológicas ou fonológicas são divergentes na forma, mas têm o mesmo valor semântico.)

O assobio da criança é curioso: varia do agudo ao grave, e vice-versa, num segundo! O assovio da criança, num segundo, varia do grave ao agudo, e vice-versa.

O bêbado dormia na calçada bem tranquilo. O bêbedo dormia na calçada bem tranquilo. Bebeu um porre e, já tomado, caiu na calçada, bebum que só ele!

O médico, como a bula de um remédio, ao falar da função de órgãos intestinais, costuma usar ‘a bílis’, que contribui para a digestão de gorduras. Assim como a bula do remédio, o médico, falando da importância dos órgãos intestinais, tem o hábito de usar ‘a bílis’, mas na fala popular podemos ouvir ‘a bile’, também chamada ‘fel’.

Fazemos contas e pronunciamos ‘quatorze’, mas escrevemos ‘catorze’, ou 14. Ao fazermos contas, podemos pronunciar ‘catorze’ e escrevermos ‘quatorze’ ou 14. Interessante, não?!

O moderno pode querer a ‘coisa’, mas o antigo gosta mais é de ‘cousa’, como contar um ‘causo’ e não um ‘caso’. Causo pode ser uma história macabra, e caso, uma relação amorosa proibida, ou vice-versa. Como a palavra tem função múltipla, cada caso é um ‘causo’, e cada um usa como lhe der na telha.

E vamos longe!

A loira é estonteante. Aquela mulher loura tem olhos pretos. O papagaio é chamado de louro, mas sua cor é quase sempre verde, com um colorido forte, incluindo o vermelho e o amarelo. Dá o pé, meu louro!

No nosso cotidiano, quotidiano é mais bonito?, encontramos de tudo, ou melhor, de um tudo, que varia como da água para o vinho!

O léxico, como a Gramática Normativa, manda escrever, e falar, garagem, mas o comum no nosso habitual é ‘garage’, que fica mais fácil de falar. Por isso, ‘nóis usa’ drenage, bestage, bobage, sacanage, furelage, barrage, e tantos outros ‘age’, mesmo que sejam drenagem, bobagem, porque tudo isso é uma bestagem, além de haver uma barragem que impede as coisas, e na vida, muita ‘furelagem’ ou a verdadeira sacanagem. A fuselagem do supersônico, feita de alumínio especial, é uma verdadeira tatuagem.

A granfinagem, granfinage ou grã-finagem, conforme o gosto fonológico ou etimológico de quem mora naquela mansão, o casarão, faz barulho como se fosse um paredão a noite toda.

O trator, mesmo pequenino, fez a terraplenagem perfeita. A terraplanagem, feita por aquele pequeno trator, ficou perfeita. Mas foi a ‘mão’ do tratorista que executou toda a obra, além de sua cabeça ‘pensante’.

Você empresta um dinheirinho em que percentagem? Qual a porcentagem que você cobra para me emprestar ‘um real’ até amanhã?

O vizinho morreu de infarto. No hospital, o diagnóstico deu um enfarte fulminante. Ao final de tudo, foi mesmo um enfarto. O resultado é que acabou falecendo. Nós falecemos ou morremos? A expressão ‘morto’ no ano de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao se falar de famosos, em sua biografia, dá impressão que a morte não foi natural. Seria isso? Se falamos ‘foi morto’, por que não usamos ‘foi falecido’, se falecer e morrer são a mesma coisa?

Por que razão você não veio? Você não veio por quê? Você não veio. Por quê? Pela qual razão você não compareceu? Qual foi a razão de você não ter vindo? Não tem comparecido às reuniões, compadre! Qual a razão?

Qual o nome do pintinho? Toda vez que chovia, Relam piava. Toda vez que chovia, antes, relampeava, e relampejava. Num temporal, relampeia, relampeja, e Relam pia, e tudo é o mesmo mané-luís.

Relã piava, e a Natureza bela, relampeando e relampejando, ostenta a mesma bela poesia bucólica. A Natureza e os animais, porque a natureza deles é a de seguir as ‘ordens’ do tempo.

Fiquemos por aqui. Vou passar por aqui. ‘Puraqui’ não é melhor? Vamos ‘pôr’ isso aqui, viu!

Até  a próxima.

 

 

João Carlos de Oliveira

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